O meu querido algoritmo da Google* -- que tal como o algoritmo do Facebook também é cheio de inteligência e subtilezas - hoje tinha um belo ovo da páscoa para me presentear: Sergei in blue.
Sei que, para os católicos, a Páscoa é o momento mais significativo do ano religioso. Mas, para mim que não sou de práticas religiosas ou de me encaixar em preceitos que atentam contra a minha racionalidade, a Páscoa nunca teve significado.
Que aqueles que amamos para sempre viverão em nós, na nossa memória, isso é para mim uma verdade que me é cara. Não tem a ver com ressurreição ou com fenómenos paranormais. Tem a ver com a força do amor que supera as leis da vida.
Na minha família também nunca se ligou à Páscoa. Não sei porquê, quando me baptizaram, os pais convidaram a minha avó paterna para minha madrinha e o irmão do meu pai para meu padrinho. Por isso, ainda hoje o trato por padrinho. E à mulher dela trato por madrinha. Mas essa minha avó, pela Páscoa, lembrava-me que era minha madrinha e dava-me dinheiro (chamava-lhe 'as amêndoas') e um ovo de chocolate e um folar. Nunca consegui comer aquele bolo maçaroco com ovos cozidos lá dentro. A minha mãe é que gostava, comia-o como se fosse pão, às fatias, e acho que até punha manteiga. Aqui há agum tempo, provei e até gostei, sabia a erva doce ou lá o que era. Mas naquela altura, pela Páscoa, acontecia essa bizarria da minha avó vir com aquilo de me lembrar que a madrinha era ela e não a mulher do meu tio, e me aparecer com um envelope com notas, com um bolo incomestível e, vá lá, com um ovo de chocolate com amêndoas às cores lá dentro.
Mas, enfim, isto não vem ao caso. O que vem ao caso é que o algoritmo me apareceu hoje a dizer que me recomendava um novo vídeo com o belo e ultra talentoso Sergei -- e eu fiquei feliz como se ele viesse dentro de um guloso ovo de chocolate.flo
..............................................................................................................................
* Isto dos algoritmos e das plataformas de partilha de informação tem que se lhe diga. Se a Google também não fica muito atrás do Facebook no que se refere a ter um poder social astronómico face ao valioso manacial de informação personalizada de cada um de nós -- e isto num mundo desregulado em que tudo, nestes domínios, é possível -- a verdade é que, na avaliação que faço, o Facebook supera a Google no nível de perigosidade pois o modelo de funcionamento, mais imediato, mais propenso à propagação exponencial, torna-o uma arma muito, mas mesmo muito, arriscada.
............................................