sexta-feira, abril 13, 2018

Ideias criativas para fotografias de casamentos




Casei-me com vinte anos e convidei para fotógrafo um colega de curso que gostava de fotografar e a quem eu tinha cedido quando, algumas vezes lá na faculdade, me quis fotografar. Lembro-me de algumas fotografias na cantina universitária. Dava-me a luz de uma maneira que ele gostava e eu deixava-me fotografar. Outra vez fui eu que lhe pedi que me fotografasse, a mim e ao então meu namorado, num certo jardim de boa memória. Pareceu-me, pois, natural que fosse ele o meu fotógrafo do casamento.


Foi tudo muito ingénuo e espontâneo. Lembro-me de, antes do noivo chegar, o meu colega sugerir aquelas fotografias típicas: a noiva ao espelho do quarto ou coisas do género. E até há uma ou duas do género. Mas a minha vestimenta, a minha tenra idade e a meu ar de brincadeira tiraram qalquer pose às imagens. E as outras são muito naturais e, tantos anos depois, parecem-me actuais: nós muito miúdos, informais e felizes e tudo muito descontraído, bonito e moderno.


As fotografias dos casamentos dos meus filhos já foram mais a preceito. Lá escolheram quem lhes pareceu melhor e há fotografias muito bonitas desses dias tão especiais para eles. Também não há ali poses tradicionais. As da minha filha tão cheias de contentamento: preparou o dia ao milímetro, correu tudo muito bem e, pelos jardins do palácio, toda a beautiful people que compareceu parecia ter saído de um filme que ilustrasse na perfeição o que é o charme discreto da burguesia e da aristocracia. E as fotografias em que ela dança, elegante, radiante, o vestido lindíssimo, os convidados em volta apreciando a forma feliz como ela rodopiava, tudo aquilo é memorável. O do meu filho foi outra onda. Com uma percentagem esmagadora de gente muito jovem, com gente ligada às artes, à dança e ao teatro, houve ali festa rija e animação até às tantas. Acresce o carinho transbordante do casal, ela muito grávida, com o seu branco e bonito vestido de noiva, o meu filho emocionado vendo a noiva transportando uma menina que nasceria dentro de poucos meses. 


Também me lembro das fotografias do casamento do meu cunhado que se casou quando os meus filhos eram miúdos, quatro o meu filho, sete a minha filha. Decorreu num impensável palácio num local da serra que só quem lá vai deliberadamente o consegue descobrir. Todo aquele espaço era do além, inesperado, grandioso, integrado na natureza -- e uma escadaria imponente, uns enormes vasos de pedra com arbustos, uns óleos gigantes. E os vários irmãos daquela minha cunhada com as respectivas namoradas mais as muitas primas, tudo gente ali pelos vinte e tais, trinta e poucos, tudo muito alto, elegante, bonito, vestidos como se saídos de uma campanha Dolce & Gabanna, elas todas de vestidos curtos, sensuais, de luvas altas, chapéus criativos e modernos. Vê-se aquelas fotografias e parece que estávamos no meio de um filme. Até o meu filho se encantou com uma menina que lá andava e aparece nas fotografias com um braço sobre os ombros dela, muito namoradeiro, a camisa a sair dos calções, os calções todos descaídos. A minha filha, em contrapartida, sempre aprumada, o vestidinho rodado, num piqué branco, rosa e azul claro, um grande laço cor de rosa e um laço de tule no cabelo, igualmente cor-de-rosa. Tão bonitos.


E agora estou a lembrar-me de um outro casamento especial. Em Seteais, ao cair do dia, com uma harpista a encantar aquele espaço maravilhoso. Entre os convidados, muitos empresários, ministros, ex-ministros, secretários de estado, muita riqueza e muito poder ali reunido. As senhoras impecavelmente vestidas, os cavalheiros muito formais, tudo muito superlativo e, aqui e ali, levemente blasé. Até os noivos encaixavam, na perfeição, no ambiente: sóbrios, elegantes, tudo muito by the book. E eu, que para esse dia tinha equacionado levar uma toilette couture em fúcsia e lilás, vestido e capa, acabei por desistir e levei um tailleur de calças largas, que ondulavam ao andar, e blaser com apontamentos em transparência, num tecido escuro com um cair leve e elegante; por baixo, uma blusinha de tipo top, sem mangas, decotada, em azul alfazema e com uma echarpe transparente, num tom mais claro do que o top. Nesse casamento não houve lugar ao improviso. As fotografias cumpriram-se com rigor e os noivos sorriam ao de leve. Ao contrário do que acontece em todos os casamentos, neste ninguém bebeu para além da conta. Ou, se bebeu, soube disfarçá-lo.


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As fotografias que acima se mostram são de casamentos russos. Pelo que vejo no Bored Panda, aquela malta salta mesmo para fora da caixa. Não são de funfuns nem gaitinhas: aquilo ali é mesmo para rebentar. De cada vez que virem as fotos do grande dia, devem rebolar-se a rir. Digo eu.




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