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Em lado nenhum se fala do efeito da incidência dos raios solares (“nas margaridas”) ou da formação espontânea de chamas. Ou seja, em 40% dos incêndios houve alguém que quis provocar tragédias intencionalmente e conseguiu, e os 40% restantes foram reacendimentos dos primeiros 40% intencionais, depois de terem sido dados como extintos. Podemos, assim, afirmar que 80% dos incêndios foram propositados, se incluirmos os que foram consequência dos ateamentos iniciais. (...)
Que a floresta estava seca e a esmagadora maioria das matas (mas nem todas) por limpar é uma verdade incontestável. E que esse facto, aliado aos fenómenos meteorológicos extremos, facilitou a propagação das chamas e a dificuldade em apagá-las também não suscita dúvidas a ninguém. Assim como o dever permanente e eterno de melhorar a coordenação, a organização e o emprego dos meios de combate para estancar a devastação. Mas também é verdade que a intenção de provocar danos – materiais e/ou políticos – não pode estar ausente dos discursos nem do apuramento de responsabilidades. Este crime não pode ser “normalizado” nem esquecido como se fosse uma inevitabilidade.
As palavras acima são um excerto. Contudo, permito-me recomendar a leitura integral de Na prática, 80% dos incêndios de Outubro tiveram causas intencionais no qual, uma vez mais, com uma escrita certeira e inequívoca, a Penélope diz o que há a dizer.
As fotografias são estas apenas porque sim, porque gosto delas, e provêm do The Guardian.