Eu não sei qual o caminho para o amor. Nem sei ensinar ninguém sobre nada. Nem sei qual o maior ou o melhor amor, para falar sobre ele. Conheço muitos amores e todos são grandes, bons.
Nunca procurei o amor, nunca inventei caminhos para lá chegar. Os caminhos vieram até mim ou nasceram de mim. Por isso, não sei ensinar a procurar ou a persistir nos caminhos do amor. Falta-me muita experiência na vida (mas de alguma passo bem sem ela).
O que sei, e é certamente curto este meu saber, é que a vida é boa se vivida com amores ou memórias de amores ou sonhos de amores.
Há a realização profissional, há a plenitude que vem com o sucesso político, há a satisfação intelectual, há o prazer estético. E haverá mais. Certamente, muito mais. E são importantes, sei que são.
Mas, e agora falo por mim, nada tem sentido se vivermos esses momentos de motivação ou realização com o coração seco. Nem sempre a vida abençoará toda a gente mas a ausência de emoção e sentimento é sempre temporária e, se o coração ainda bate, haverá a recordação ou o desejo dos ternos momentos de partilha e amor e isso é também boa companhia.
E depois. E depois há o que vive apenas dentro de nós. Por exemplo. Um momento na vida de uma pessoa, um único momento, pode ser uma tão luminosa e fértil semente que alimente de amor o resto da sua vida. E pode ser que essa semente seja, a um tempo, a fonte de uma inesgotável e doce memória e também a fonte de mil esperanças, de loucos e ardentes sonhos.
Sei pouco e o que sei é coisa cá minha. Sobre a mesma coisa podem os outros ter entendimento diferente e não discuto qual o mais certo. Posso apenas dar o meu testemunho.
E o meu testemunho é este: agarro, com alegria e agradecimento, o que de bom a vida me dá. Conheço quem queira sempre mais e queira sempre diferente, assim passando a vida numa demanda pelo que não têm. Eu não. Eu vejo o lado bom e festejo-o. E se a vida me dá coisa que me inquiete ou desagrade, eu tento superar e tento encontrar uma explicação fácil, que me sirva de consolo, e arranjar força para seguir em frente.
Este domingo estive com o meu pai, tão, tão débil, tão ausente.
Estive com a minha mãe, forte, lutadora, frágil, alegre, jovem.
Estive com os meus queridos e tão amados filhos, sempre de coração aberto, sempre bem dispostos, um sorriso feliz na maneira de ser. Estive com aqueles que os seus corações escolheram.
Estive com os meus cinco pimentinhas, amores redobrados e totalmente incondicionais, sempre tão alegres, eles, ruidosos, irrequietos, brincalhões.
E estive com aquele que o meu coração ama. E com aqueles que recordo com amor e que sempre me acompanharão.
Estive com a minha mãe, forte, lutadora, frágil, alegre, jovem.
Estive com os meus queridos e tão amados filhos, sempre de coração aberto, sempre bem dispostos, um sorriso feliz na maneira de ser. Estive com aqueles que os seus corações escolheram.
Estive com os meus cinco pimentinhas, amores redobrados e totalmente incondicionais, sempre tão alegres, eles, ruidosos, irrequietos, brincalhões.
E estive com aquele que o meu coração ama. E com aqueles que recordo com amor e que sempre me acompanharão.
Não sei tecer mais considerações ou dar lições. Sei só o que sinto e que os meus caminhos e os daqueles que amo estão entrelaçados com leveza, com inteireza, sem grandes palavras, sem grandes explicações.
E o meu coração sente-se agradecido.
E o meu coração sente-se agradecido.
Julia Prinsep Jackson, mais tarde Julia Stephen, sobrinha e modelo preferida de Cameron (e mãe de Virginia Woolf) |
_____________________________________
As fotografias são da autoria de uma mulher fotógrafa, Julia Margaret Cameron (1815 - 1879)
Lá em cima Marlon Williams interpreta Make Way For Love
____________________________________________________