terça-feira, fevereiro 20, 2018

Logo hoje havia de acontecer isto. Caneco!



Por razões que não vêm ao caso, estou num local onde não consigo escrever livremente e em condições. Praticamente nem luz nem rede tenho. E juro que estou a falar a sério. Caraças, estou mesmo. Os deuses resolveram conspirar contra mim. Só pode. Ou não. Às tantas é uma medida prudencial. Na volta é isso... Sabendo-me danadinha por uma boa brincadeirinha, devem ter resolvido impedir-me de me manifestar até ter tempo de contar até dez triliões. E eu já estou a fazer de conta que conto: um, dois, três, quatro, cinco... mil, mil e um... dez mil, dez mil e um, dez mil e vinte... (estou a saltar umas casas a ver se chego lá mais depressa). 

Não dá. Logo hoje.

Cá para mim isto que me aconteceu é aquilo de deus pôr a mão por baixo dos marroezinhos e dos burrinhos. Os santinhos zeladores devem ter achado que eu estava naqueles meus dias de me atirar à jugular dos incautos que se me atravessassem pela frente (sem ser por mal, claro, just for the fun of it) e, não fosse fazer para aí alguma vítima, arranjaram maneira de me pôr encostada às boxes, apeada, sem meios.

Entretanto, vou fazer de conta que já vou no milhão e um, milhão e trinta e cinco, dois biliões e quarenta e nove... para ver se os deuses que estão ali na moita a conspirar acham que já estou suficientemente zen para não sair por aí a dar cabo de algum indefeso burrinho. 

Ah, espera lá, aquilo do ditado não é com burrinhos, é mesmo é com deus pôr a mão por baixo das crianças ou dos borrachos. Lá está. Deus deve estar com medo do que eu possa fazer a algum rapazola que por aí ande tentando armar desacato. Engano. Engano dos deuses. Qual mal... eu? Eu não. Eu sou pacífica, light, very light, e estou sempre cá na minha, uma miradinha ao espelho de vez em quando a ver se a maquilhagem está no ponto, uma receita de culinária de quando em vez, umas larachazitas inócuas a propósito de uns eruditozitos que por aí andam pavoneando o rabiosque, uma desanda aqui e ali num Láparo, num Valtinho, num ou outro cagãozito de meia tigela. De resto, qual quê? Zen, tranquilinha, toda dada a cortar mato e a podar árvores, musiquinhas celestes, coisinhas assim.

Vá lá, Santa Susana, Santa Cecília, Santa Copélia, Santa Doménica... liberem-me, deixem-me escrever. Preciso de luz, preciso de rede em condições. É que, aqui, nem velas tenho para chamar todos os anjinhos a ver se me deixam ter condições para brincar como me apetece. Caneco. Até parece que vim parar a um eremitágio. Não dá para acreditar. Só visto. É o que dá eu ser uma pecadora. 

Mas pronto. Vá, confesso. Confesso tudo. E estou arrependida. E prometo passar a trabalhar, a estudar, a só voltar aqui quando for para mostrar muito estudo, muito trabalho, muita citação, muita cultura da pesada. E a bater a bolinha baixo. E a nunca mais me meter com os delicocoisos de pacotilha. Vá, confesso, prometo. Vá...

Dois biliões trezentos e cinquenta e sete mil e um, dois biliões trezentos e cinquenta e sete mil e catorze...


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NB 1: Se eu tivesse um fio de luz que não apenas o que provém do ecrã desta coisa, uma rede que não fosse mais do que a pedal e tivesse condições para escrever com um mínimo de condições, explicava a que propósito vem isto já que a maioria dos meus Leitores não deve ser como eu que perco tempo a ler toda a espécie de  infantilidades. Assim, limitada como estou, poupo a pouca energia desta gaita apenas para me lamentar de não ter condições para o fazer em grande estilo. Se é que o grande estilo neste caso não seria mal empregado... Mas, enfim, noblesse oblige. É que, de vez em quando, parecendo que não, a nossa alma caridosa sente-se confortada por atirar uma ou outra perolazita.

NB 2: Claro que isto não é nenhuma resposta. Caso alguém ache que o carapuço lhe serve e se apresente com ele enfiado, só faz é bem pois ficará, certamente, mais composto.

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Aquela lá em cima, no meio de espelhos -- que se vê a milhas que é uma exibicionista e uma narcisista com um insuportável ar de chata -- não sou eu, é a Kate Moss. Lamento. 

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