segunda-feira, janeiro 29, 2018

Centeno e os dois bilhetes da bola.
Nuno Artur Silva e as incompatibilidades televisivas.
[E, quanto a submarinos ou Tecnoforma (ou mesmo violência doméstica), nada a declarar...?]


A verdade é que quase nada tenho a dizer sobre isto. Há alturas em que o ridículo cobre como sarna quem toma decisões que são tão estúpidas que custa a acreditar a quem as ouve.

Não sei quem é que teve a brilhante ideia no primeiro caso. Talvez tenha sido mais uma das ideias avançadas da Santa Mana Joana, essa sumidade de rigor, isenção e boa gestão. Se foi, é mais uma medalhinha que poderá ostentar na lapela, a juntar a todas as outras relativas a fiascos, passos em falso e palermices que apadrinhou.
Buscas no Ministério das Finanças, uma farronca justiceira e esdrúxula que não lembra ao diabo: como se ali alguém tivesse roubado alguma coisa, como se Centeno ou a sua equipa fossem vulgares meliantes. E os jornais, as rádios e as televisões, tudo na brocanlhice, a notiviar a baderna. Se o ridículo matasse, a Santa Mana já se tinha finado há que tempos.

A propósito da ida de Centeno à bola com o filho o que posso dizer é que não conheço os contornos já que foi tema que nunca me interessou -- mas, caraças, nem preciso de conhecê-los. Algum animal pensante acredita que Centeno se deixou corromper com dois bilhetes de futebol? Tenho cá para mim que só um néscio muito néscio acredita numa dessas. Estou em crer que nem a Santa Mana Joana ou o Super-Judge Alex acreditam em tal (e isto só para evocar duas sumidades na arte de bem avaliar situações). 

Ainda a semana passada, numa reunião, estive com uns colegas que foram a uns dados jogos a convite de uma certa empresa. Não fui porque ir ao futebol é coisa que não me assiste. Mas se fosse um concerto dos bons e estivesse para aí virada, era bem capaz de ir. E estaria eu a ser favorecida, corrompida ou comprada ou whatever por aceitar um bilhete...? Se alguém achar isso o melhor é que vá dar banho ao cão e, de caminho, se encha do mesmo shampoo e se enfie no mesmo alguidar a ver se a estupidez e as pulgas lhe saem de cima. 
Acredito que quem não costuma receber coisas destas ache muito mal e acredite que é favor que acabará por, de uma maneira ou de outra, ser pago. Pois façam fé no que vos digo: nem pensar. Quem se corrompe a sério, vende-se por muito mais do que uns bilhetes para a bola. Por muito mais, meus Caros. E fará as coisas bem feitas. Ninguém saberá de nada, não existirão provas. 

Agora ir à bola e estar ali à frente de todos? Isso é corrupção...? Caraças é que é. Por muito injusto que possa ser para quem tem menos rendimentos e nunca recebe facilidades ou prebendas que tais, a vida é mesmo assim, carregadinha de injustiças.

Convites para isto, aquilo e o outro...? A toda a hora. Read my lips: a toda a hora.

Já o expliquei e explico outra vez: há uma coisa que são os patrocínios. Quem patrocima um evento ou um clube tem direito a bilhetes. Melhor: muitas vezes o patrocínio traduz-me justamente em comprar antecipadamente parte dos bilhetes daquilo que patrocina. Depois obviamente não ficam com eles na gaveta. Distribuem-nos por amigos, clientes, etc. Imagine se um cliente, ao receber um convite para um espectáculo, reage: 'Não aceito. Sou um puro. Não quero ser corrompido'. Era a gargalhada geral no mundo do trabalho. Quem pensa assim, que vá para um convento ou que ponha a cabeça de molho.

Já o disse anteriormente: convites para cenas dessas, para viagens, almoços, pequenos-almoços executivos, conferências e o que quiserem recebo dia sim, dia sim. Geralmente nunca aceito. Aliás: raramente aceito (e ponham raramente nisso). Mas não é para não ser corrompida porque não sou de me corromper. Acredito que um dia ficarei muito rica -- mas será porque me há-de sair um jackpot chorudo no euromilhões. Não é, pois, por receio de ceder à tentação e vir a favorecer de alguma forma o ofertante: é simplesmente porque gosto de ser eu a escolher as minhas companhias e os meus programas e nas minhas horas vagas prefiro larear a pevide e não ter que fazer sala ou conversa de circunstância ou simplesmente dar de caras com colegas ou conhecidos do mundo profissional.

Quanto a terem despachado o Nuno Artur Silva depois do que ele fez na RTP e com o pretexto esfarrapado que usaram só tenho a dizer que decisões dessas são próprias de gente cobarde. De gente assim sempe ouvi dizer que não valem um caracol furado, que é como quem diz que dos pequeninos e cobardolas não se faz a história. 


Não vou dizer mais nada mas recomendo a leitura do artigo de Pedro Marques Lopes: O Nuno Artur, o CGI e a vitória da calúnia e do nojo



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Não gosto de viver numa sociedade em que se governa ou decide em função da vox populi da carneiragem ou em que se governa ou decide em função do medo da opinião das lavadeiras de roupa suja, das alcoviteiras de serviço os das virgens ofendidas que pululam nas redes sociais. Não gosto mesmo nada.
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Vou mas é escrever mais um post para a minha fofa mais doce. Quero mostrar-lhe uma coisa. Se não conseguir acabar agora de noite (estou com muito sono), tentarei acabá-lo de manhã.

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