sexta-feira, novembro 10, 2017

Só estou para ver quando isto do assédio sexual chegar a Portugal...
Não vai haver uma única mulher que não tenha um marau para denunciar...
Cá para mim só vai escapar um homem... O Marcelo, pois claro!


Abro as revistas e os jornais online e não há cão nem gato que não tenha assediado mulher, homem, periquito ou whatever.

E que não se pense com isto que estou a desvalorizar. Não estou. Mas também vejo muita denúncia que a mim me apetece dizer que vou ali e já venho. Um piropo é assédio? Caneco. Só se for piropo badalhoco ou a despropósito. Uma atracçãozinha manifestada de forma menos disfarçada é assédio? Ora essa, não forçosamente.

Mas se isso é aceitável, razoável e, até, potencialmente apreciável já o que violente a dignidade ou vá contra a vontade do visado é intolerável e, relativamente a isso, concordo que a tolerância deve ser zero.

Aqui há dias, a propósito do Weinstein, contei aquilo de, há uns anos, me ter aparecido um big bear argelino no gabinete que me fez sentir em risco e que me incomodou demais. E agora que estou a escrever isto, lembrei-me de uma coisa que me aconteceu quando ainda era solteira. Estava muito engripada e achei que devia ir ao médico. Não sabia a que médico havia de ir. O meu namorado da altura perguntou aos pais e veio com a recomendação do médico que os acompanhava, médico prestigiado, considerado o melhor internista português. Eu novinha, novinha e ele com idade para ser meu avô. Simpático. Não disse quem me tinha recomendado. Portanto, para ele eu era apenas uma miúda que tinha aparecido no consultório. Auscultou-me. Depois quis ver-me ao RX (creio que era RX, sei que havia umas placas verticais onde eu me encostava, numa sala meio às escuras). Mandou-me pôr em tronco nu. E, juro que é verdade, começou a mexer-me nas mamas. Eu incomodada e ele a dizer que era para me encostar melhor, para se ver melhor. Tal como as técnicas de imagiologia que nos ajeitam as mamas quando fazemos mamografia, assim o estupor do velho ordinário.

Eu, sabendo-o o médico e amigo do que viria a ser meu sogro e com algum receio de que aquilo fosse mesmo assim, contive-me e não lhe preguei um par de estalos. Mas afastei-me, enojada.

Saí de lá a chispar. Mandou que lá voltasse uma semana depois. É o voltas...

Se fosse hoje teria saído dali para ir a uma esquadra denunciá-lo. Assim, engoli em seco e fiz de conta que não tinha acontecido.

Fui agora googlá-lo. Já morreu há uns anos, claro. Por isso não vou aqui dizer o nome do velho canastrão. Estou convencida que hoje já não há babacas descarados que se atrevam a fazer isto. Mas, se os houver, espera-se que recebam o devido troco e a merecida recompensa.

Mas, pelo que leio, as denúncias sucedem-se. Parece que não há actriz ou modelo que não tenha sido incomodada e que não há actor que não tenha pisado o risco. E todas elas virgens e altamente beatas e eles todos uns violadores em série. Parece que se está a passar da total permissividade para com os verdadeiros abusadores para um mundo governado por santinhas. É que são os exageros e o excesso de puritanismo que, a prazo, vão fazer com que se desvalorizem as denúncias sérias e se parodie tudo o que é queixa. Qualquer dia um olhar que faça corar uma senhora mais pudorenta já é crime, não?

Volto a dizer: não desvalorizo o (verdadeiro) assédio sexual. Apenas digo que há que distinguir o que é sério do que não é coisa alguma.

No outro dia, falei aqui incomodada com o sururu que estava a ser feito em torno de Kevin Spacey quando tudo não teria passado de uma tresloucadice de bêbado desencabrestado. Parece que afinal foi mais do que isso já que, daí para cá, não têm conta as calças masculinas que Kevin já penetrou para avaliar a genitália do respectivo dono. Toda a vida, diziam, a manter reservada a sua vida sentimental e sexual para agora esta desgraça, denúncias atrás de denúncias. Tenho pena. Só pode ser doença.



Enquanto estava a ler alguns destes artigos estava a ver, na televisão, o nosso ubíquo Marcelo a empolgar as massas no Web Summit. Depois, distraí-me e já andava ele na rua abraçado a miúdos e graúdos o maior forrobodó selfítico. Já está tão pro que ajeita o telemóvel, debruça a cabeça, abraça a preceito. Mas é tudo tão inocente que, apesar de abraçar e beijar meio mundo, ninguém vai ousar dizer que pisou o risco. E deve ser o único que está acima de qualquer suspeita. E isto, claro, porque está a caminho de alcançar o estatuto de santo em vida, tanto o conforto e qualidade de vida que distribui por via de todo este afecto que tem para dar.



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E queiram descer para assistirem à converseta entre duas brasas do mais feministas (no bom sentido) que há

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