segunda-feira, outubro 09, 2017

Era eu e a gaivota


Portanto, não tendo coragem para me adentrar por ele, deixei-me estar na observação. Gosto de me pôr a ver. Do meu posto de observação, com a minha lente, eu sou a invisível, a que tudo vê sem ser vista. 

Até que, oh sensação mais curiosa, me sinto observada. Outra ainda mais indiscreta que eu. Eu ainda tento disfarçar. Agora esta nem isso. A olhar-me fixamente. Mesmo ao pé de mim. Penso que, se lhe aponto a objectiva, ainda foge para os ares. Deixo-me estar, eu a olhar para ela, ela a olhar para mim.

Mas ela não se intimidou. Só lhe faltou dizer cheeeese. Fotografei-a nas calminhas. A minha esperança era que, se ficasse assustadiça com algum movimento meu, abrisse as asas e eu, mais rápida do que ela, a apanhasse em pleno movimento de elevação. Mas não se assustou.


Simplesmente, depois de ver o que queria ver, virou as costas e foi pôr-se a olhar o mar. E assim ficámos, eu e ela, as duas a vermos o mar. Estava bravo. Lindo e bravo.

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E podem continuar a descer para se certificarem que a maré estava mesmo viva.

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