domingo, outubro 15, 2017

Breve apontamento sobre isto





Longe vão os tempos em que eu via crescer, um a um, o número de leitores do meu blog e ficava intrigada: quem serão? como deram comigo? Tinha, então, a vontade de atingir o número simbólico e que me parecia quase inatingível das 100 visitas por dia.

Uma vez li no Vida Breve um agradecimento por ter recebido, na véspera, 400 visitas. Nessa altura eu acompanhava uma meia dúzia de blogs e desconhecia, mesmo de nome, os mais visitados da blogosfera portuguesa. 400 visitas parecia-me uma coisa espantosa, um objectivo que nunca estaria ao meu alcance. Atribuí-o ao mérito do seu autor e à qualidade que eu lhe reconhecia, apesar de tantas vezes discordar do que ali lia.

Enquanto isso, aos poucos, as visitas ao Um Jeito Manso iam crescendo. Até que um ano e oito meses depois de ter criado o blog, o impossível aconteceu e atingi o surpreendente número de 100.000 visitas. Fiquei tão contente, tão agradecida. Nunca tinha imaginado tal feito.


O tempo tem passado. Há sete anos que já por aqui ando. Quando comecei esta aventura, havia um pimentinha, ainda pequenino. Depois dele mais quatro chegaram. Os leitores também foram chegando e ficando. Os números foram crescendo. Nunca deixei de me surpreender nem de me sentir agradecida mas agora já não reparo quando passo por números redondos. Contudo, hoje vi que já tinha ultrapassado 2.300.000 visitas e voltei a ficar admirada. Em Abril tinha chegado aos dois milhões e, agora, em cerca de seis meses, já se somaram mais 300.000. Provavelmente não é nada de mais e o que não faltarão serão blogs que recebem mais do que isto por mês ou por dia. Não sei, não faço ideia. Mas eu tenho consciência das minhas limitações e, por isso, é sempre com alguma estupefacção (e contentamento) que vejo que as minhas palavras despertam algum interesse. No outro dia, um Leitor, por mail, referiu que o que o tinha feito permanecer era também o que eu juntava aos textos, nomeadamente os vídeos. Cada Leitor terá as suas razões.



E talvez, de vez em quando, eu desiluda alguns. É impossível agradar sempre, é impossível agradar a toda a gente. Mas pode ser-se sempre verdadeira. Tento ser sempre verdadeira.

O tempo passa e nós talvez nos vamos modificando. Talvez eu hoje seja diferente de quando aqui me estreei. E há dias e dias. Tantas vezes, enquanto aqui se está, escrevendo palavras cheias de despreocupação e riso, num corredor subterrâneo dentro de nós, caminham as nossas preocupações, as nossas mazelas. 

Mas quem aqui está é uma pessoa tão pessoa quanto quem nos está a ler. Contradições, fraquezas, paixões, desilusões, esperanças, prazeres, tristezas. De uma forma explícita ou implícita, tudo por aqui tem passado.

E as minhas causas. A defesa dos mais indefesos, a defesa da política inteligente e humanista, a defesa do conhecimento e da ética, o fascínio pelas artes, pelas palavras. A necessidade de afecto, de beleza e de elegância -- em tudo.


Hoje trago aqui o vídeo que fala da luta pela dignidade das meninas. Está lá em cima, para acompanhar a leitura deste texto.
This new film from director MJ Delaney featuring ‘Freedom’ by Beyoncé, calls for action on some of the biggest challenges girls face like access to education, child marriage and the threat of violence´
Já o confessei algumas vezes: tem acontecido pensar se me apetece por aqui continuar. Isto absorve-me o pouco tempo livre de que disponho e impede-me de me dedicar a outras aventuras ou a velhos prazeres. Mas depois há isto: o ter onde escrever e saber que alguém me lerá, o poder partilhar vídeos que me agradam, o poder abordar temas que me são caros, o poder mostrar fotografias que faço (como estas que fiz este sábado, in heaven) ou que vejo. No fundo, o poder ter este espaço de liberdade e partilha. O poder chegar até vós, o poder sentir-vos aí desse lado.

............................


Muito obrigada.

........................................

E queiram continuar a descer. Aí a seguir fala-se de mulheres.

.........................................