terça-feira, agosto 01, 2017

A amante perfeita




Há mulheres que transportam em si o perfume do pecado. Será a forma como olham, como sorriem, como deslizam, como se negam sem se negarem, como se oferecem sem se oferecerem, será qualquer coisa de indizível mas que olhos atentos facilmente reconhecem.


Algumas acrescentam uma outra camada, mostrando que são detentoras de uma densidade pouco usual. Ao que se vê, acrescentam o que nelas se pressente. E o que se pressente é que há nelas, algures -- e não se sabe se é no coração, se na mente, se em todo o corpo -- a tentação pelo abismo, a capacidade da paixão transcendente, a inocência irresistível, a loucura que enleia, o riso que seduz, a irreprimível liberdade que prende de forma irreversível.

E, outras, raras, somam a isso ainda o dom do uso inteligente da palavra. É sabido que as palavras viciam e que, se nascidas de uma mulher bela e sedutora, podem ser verdadeiramente afrodisíacas.


O que dizem mulheres assim enquanto olham, enquanto o corpo se entrega a quem as olha, torna-as um permanente motivo de fascínio e atracção. Podem os anos passar, pode o corpo envelhecer que, nelas, a graça e o encanto permanecem. Intactos, requintados, cativantes.

Estou a lembrar-me de algumas. Poucas. Muitos quererão tê-la como amante. Apenas alguns terão a sorte de ser escolhidos.

Jeanne Moreau foi seguramente uma destas mulheres.
Disse um dia: "Oui, j’ai vécu comme un garçon”
Mas, mais tarde, viria a arrepender-se de o ter dito daquela forma. Confessou que preferia ter dito : "J’ai vécu comme une femme libre. Mais cela veut dire que j’ai eu des aventures, des amants, que je peux partir quand j’en ai envie..."


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Sobre imagens de Les Amants (1958), realizado por Louis Malle, o sexteto de cordas de Brahms com Pablo Casals e Isaac Stern


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Jeanne Moreau diz "Cet amour" de Jacques Prévert


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E, por favor, tenham em atenção que o post abaixo trata de gente pouco recomendável, embora muito divertida. Perigosamente divertida. Ou talvez, antes, divertidamente perigosos, nem sei.

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