Durante o bocado em que tivemos a televisão ligada nas estações portuguesas, não há explicação para a quantidade de gente que pelos balcões dos canais já passou a esventrar os discursos do Marcelo e a dissertar sobre as reacções deste, daquele e do outro. Não consigo perceber esta moda. Será que ganham audiências? Alguém tem interesse em saber o que é que o Ricardo Costa acha do discurso do Marcelo? Não deveria ele limitar-se às funções que desempenha? O que mais se pode esperar dos jornalistas é que saibam relatar os acontecimentos com imparcialidade. Mas não: parece que agora os jornalistas, especialmente os que ocupam ou ocuparam lugares de direcção, acham que devem fazer presenças como comentadores. Com as raivinhas e os ódios e paixões de estimação que acabamos por lhes conhecer, conseguem que passemos a ter muitas dúvidas quanto à sua capacidade de fazer alinhamentos noticiosos imparciais.
Ou é futebol a torto e a direito, comentários futebolísticos e parafutebolísticos a cargo de trogloditas, gente bizarra, intelectuais frustrados ou gente que vai para ali destilar taras e frustrações, ou é isto. Jornalistas, directores de canais de TV, rádios ou jornais, deputados, ex-ministros e o que venha à rede a comentar tudo o que mexe.
Esvaziam a cabeça dos telespectadores, cansam, enjoam, enfadam. Nunca soube que as overdoses fizessem bem a alguém mas, por algum motivo que me escapa, as televisões portuguesas apostam nisso.
Eu, pela parte que me toca, agora estou a ver o Colbert.
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1 comentário:
De facto já não há paciência para tantos comentadores desde os criminais, politicos ou futeboleiros e quando penso no que ganham para "encherem chouriços" durante horas fico a pensar naquele desperdício.
De todos os discursos de hoje na AR, e ouvi-os todos na Antena 1, companheira de viagem, o único que me prendeu e emocionou foi o de Joana Mortágua.
Uns já eram de prever, outros revoltaram pela lata com que se falou como se não tivessem feito parte do anterior governo.
Fico sempre surpreendida quando oiço gente da minha idade, 65 anos, e até mais velhos dizerem-se indiferentes à data. Será memoria curta?
Por tudo o que nos trouxe, para mim, o 25 de Abril será sempre uma data a festejar.
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