segunda-feira, fevereiro 27, 2017

Pontos de fuga





Ainda há sinais de obras aqui e ali, não digo que não, nem digo que, durante a semana, volta e meia, uma pessoa não se veja engarrafada sem conseguir esgueirar-se por lado nenhum porque os gargalos estão todos entupidos -- mas, fazendo um balanço honesto, vale a pena. Vale muito a pena. A cidade está outra. As mudanças urbanística que Manuel Salgado vem introduzindo em Lisboa, desde quando António Costa estava na Câmara até agora com Fernando Medina, produzem um efeito na vivência da cidade que é difícil de explicar por palavras ou através destas minhas fracas fotografias.


Salvo os momentos que acima referi, a verdade é que os carros começam a circular com normalidade e o que se vê é que a reconfiguração dos percursos, o alargamento dos passeios e os espaços para convívio ou descanso e contemplação, trazem as pessoas para a beira do rio.

Há muitas pessoas por aqui, portugueses e estrangeiros. Caminham, andam de bicicleta, vagareiam, recebem o sol, olham a paisagem. 

E eu, que por aqui ando como se estivesse a desbravar primeiros caminhos, encantada com tudo, deixo que o meu olhar encontre pontos de fuga. Só para mim, enquanto espreito pela lente, componho simetrias, percorro rectas, umas vezes evito intersecções, outras procuro-as -- mas que sejam elegantes --, aguardo que as cores encontrem subtis equilíbrios.

Andar em Lisboa encanta-me. Um veleiro que se faz ao mar, uma mulher que lê um livro, um homem que lê uma oração, um edificio que se banha numa folha de água: há aqui qualquer coisa de reencontro. 

(Ou, então, sou eu que ainda estou sob influência do encontro entre Diana e o Lobo e vejo encontros e reencontros em tudo).







_____


___

Sem comentários: