segunda-feira, janeiro 23, 2017

Poesia com flores e outras coisas que brilham




1.
Para ler poesia é preciso estar presente e saber que há um tempo de tudo, há um tempo de tomar café antes de ir trabalhar e há um tempo de abrir uma rosa. Quem lê poesia precisa do tempo da rosa. Os versos não são prosa, que, como o nome sugere, tem um tempo corrido de conversa. A poesia é lenta, ela não tem pressa. Respire e aproveite o seu momento de agora com o poema.

2.
Os silêncios fazem parte, encontre os silêncios nos versos, encontre a cadência na sua voz. As palavras têm som e o som é música. Leia, leia outra vez, leia em voz alta. E leia de novo depois, lembrando que não é um texto, talvez seja imagem e música. Às vezes é um quadro, uma cena, uma paisagem, uma passagem.


3.
Um verso muitas vezes depende da nossa experiência. Se eu falo de uma melancolia castanha, a Lara pode lembrar do moço bonito e triste que conheceu; e a Marina pode fazer a imagem da tristeza que passou naquele dia. Por isso é tão difícil um manual de como ler poesia, porque ela não é só técnica, é também o imaginativo, o afetivo. A obra poética sempre estará sujeita à inúmeros corações, inúmeras mentes, sendo assim, nunca será codificada – com um significado pronto para ser entregue em uma caixinha. É mais simples do que isso: sujeite o seu coração aos versos, ele é uma das tantas caixinhas.


4.
A poesia está para ser sentida. Ela não é feita para ser interpretada de acordo com as intenções do autor. Não. A poesia só existe com os sentimentos do um e do outro. A imagem do verso quem faz é quem lê. O sentido é construído nessa via de mão dupla entre quem escreve e quem lê. Como diz Dámaso Alonso, meu teórico estilístico preferido: “O escritor é um artista que expressa e o leitor é um artista que se impressiona."

5.
E se algumas vezes você encontrar um verso que te faz sentir algo inexplicável, que é impossível de ser interpretado com essas nossas tão recentes palavras, não se desespere, não procure decifrar. Isso foi porque a poesia te alcançou, ela te chamou pra passear nesse mistério infinito de atingir o não dito. Fique com a beleza do que não pode ser dito, isso também é descoberta.

O que a poesia faz é tentar encontrar os caminhos de volta pro que a gente quer.







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Adélia Prado dá corpo às ideias.

As flores já nem me lembro onde as vi -- mas achei-as lindas e resolvi trazê-las aqui para vos oferecer, meus Caros Leitores.

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NB: Não posso falar da entrevista do Marcelo porque, enquanto decorria a entrevista, os meninos falavam animadamente, fazíamos o jogo da forca (com a nossa menininha mais linda), um jogo agora em versão app, no telemóvel, que é coisa óptima para desenvolver a aprendizagem da escrita e da leitura, ou arranjava mais uma bolacha de sal e água com queijo para o mais pequeno que é um máquina devoradora. Antes tinham estado todos, estes que cá estão de pernoita e os seus animados e irrequietos primos, a fazer os seus belos festivais que implicam desarrumar a casa antes para criar o ambiente. Portanto, a situação não anda propícia à observação atenta a entrevistas nem a escritas muito longas.


Portanto, via que a conversa com o infatigável Marcelo devia decorrer animada mas não faço ideia do que falaram. É certo que devem, depois disso, ter repetido e comentado até à exaustão mas, já na sala, estivemos com a Anabela Mota Ribeiro, a Matilde Campilho, o Pedro Mexia e o Frederico Lourenço -- embora deva confessar que a atenção que lhes prestámos também não foi extraordinária. Por isso também não poderei falar sobre tais assuntos de cultura geral. Depois a conversa continuou e, agora que aqui estou a escrever, estou na 2 a ouvir não sei bem o quê, música africana, boa para dançar, mas não sei de onde. Cabo Verde, será? De resto, confesso que ando um pouco afastada. 


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