quarta-feira, junho 01, 2016

Casais


A labuta que tem sido isto para conseguir fazer alguma coisa na porcaria do computador... não dá para acreditar. Num mundo ideal eu seria como a Carolina Patrocínio, aquela jovem que tem um corpinho de atleta e uma empregada para lhe tirar os caroços das cerejas e as grainhas das uvas. Eu disso não precisava, nem do corpinho de atleta (já me habituei à minha generosa carnadura) nem que me tirem os caroços, que disso dou eu bem conta. Mas precisava que alguém me passasse as fotografias para o computador, as seleccionasse, organizasse, limpasse a lixarada que se acumula no disco e impede o computador de se mexer, fizesse cópias de segurança do blog, me servisse de chauffeur, me lavasse o carro, coisas assim. Caraças que não tenho mesmo paciência para coisas dessas.

Bem. Adiante que não é Carolina Patrocínio quem quer mas quem pode.

A ver, então, se finalmente mostro os pares que, mesmo de costas ou nos seus pequenos gestos, a gente vê que são casais.





Embora a grande maioria das fotografias que tiro não se refiram a pessoas
(é aquela minha velha dúvida do que é ou não é legítimo fazer: se peço autorização, o mais certo é as pessoas mandarem-me dar uma grande curva ou, mesmo não mandando, perder-se-ia a espontaneidade; se não peço, não quero que as pessoas sejam facilmente identificáveis pois podem não querer ver-se expostas; de qualquer forma, se as 'apanho', não as 'apanho' em situações desagradáveis mas, ainda assim, prefiro ter cuidado) 
a verdade é que o que eu gosto mesmo, mesmo, é de fotografar são pessoas. Se eu soubesse que daí não vinha mal ao mundo, passava a vida a fotografar gente.

Desta vez, apeteceu-me comprovar que os membros de um casal, ao fim de algum tempo, adquirem uma qualquer parecença ou afinidade de gostos e gestos, que, mesmo de costas, a gente percebe que são duas metades de um casal que ali vão.

Claro que, ao pensar nisto, penso em mim.
De mim e do meu marido, alguém que fizesse a mesma análise, o que diria? Geralmente vou eu, com a minha câmara, olhando para o mar, para os veleiros, para as gaivotas, para as pessoas, fotografando, tentando não molengar muito mas, ainda assim, é um pára-arranca; e, lá bem à frente, em passo regular e estugado, vai ele. A espaços vira-se, abre os braços, e eu sei que ele está a dizer para me despachar. Quando vai distante, volta para trás, vem até mim, pede que deixe de tirar fotografias a tudo o que mexe e não mexe e, dado o sermão, segue viagem e, passado um bocado, já lá vai outra vez à frente. 
Por isso, não sei que conclusão alguém que observasse retiraria deste casal meio atípico. Mas se calhar é sempre assim quando um dos membros do casal gosta de andar com a cabeça na lua e o outro prefere andar com os pés na terra.

Bom, mas então, deixem-me lá mostrar alguns dos casais que fotografei a ver se não concordam comigo.

1
Um pico no pé (fatos de banho no mesmo tom)

Assunto resolvido
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2
Beautiful conchinhas (fatos de banho da mesma cor e tipo)

E siga viagem
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3
O mesmo género de roupa, o mesmo tipo de andar
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4
As havaianas na mão, o mesmo tipo de marcha e cores do mesmo tipo
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5
Roupa idêntica, sapatos na mão, andar idêntico
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6
Sincronizados, mãos atrás das costas, olhar baixo
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7
Com alguma dificuldade de locomoção mas muito bem dispostos, sintonizados
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8
Os mesmos tons, simétricos, sincronizados
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9
As mesmas cores, chapéus idênticos, conjugados no andar, nas expressões 
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10
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I carry your heart de E E Cummings lido por Tom O'Bedlam

(...)
here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life;which grows
higher than soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart

i carry your heart(i carry it in my heart)


Lá em cima Norah Jones interpreta Come Away With Me

...

1 comentário:

Rosa Pinto disse...

Um bimbo!

Eu não quero uma bimby. Eu quero um bimbo.
Que me faça o jantar, que vá às compras, que trate do carro e já agora que me ature!!!!!