sábado, maio 07, 2016

Alexandra Leitão, Secretária de Estado Adjunta e da Educação --
a new star is born
(Tem killing instinct e não será apenas nesta guerra ensino público/ensino privado comparticipado, que aquela big girl ali tem ar de não ter medo de dar e levar)


Depois de ter contrariado as minhas piedosas mãos ao pôr-me a escrever sobre a esponjosa alforreca com cara de cherne que por aí anda de braço dado com o padrinho Balsemão e o mano Costa, fiquei com vontade de deixar os dedos passearem-se pela poesia ou irem à procura de música. Logo lá, derivei para o Picasso -- mas não foi fácil já que a rapaziada do Circo Voador se intrometeu e deu cabo da volta de bicicleta, introduzindo os Panama Papers avant la lettre.


Mas estava eu a capinar sentada, passeando os olhos pelos meus santos livros e ouvindo música celestial quando, na televisão de novo ligada, vejo uma brava mulher, bonita, farta carnadura, uma beleza lavada, e toda ela mandando brasa, verbo escorreito, olhar a direito, cabelo alargado de mulher do povo, e, fosse qual fosse a pergunta, zás pás trás, nem rodriguinhos nem palalés, nem frufrus nem deixa-cá-ver como hei-de pôr isto de uma maneira redonda onde ninguém embique com as esquinas. Nada. Poderia ser uma padeira de aljubarrrota, uma peixeira do bolhão, uma varina da nazaré, uma ceifeira no alentejo, uma cigana com uma dúzia de filhos, uma temível advogada na barra, uma jornalista de verdade, uma voluntária em cenário de guerra. Uma mulher assim não é frequente nos ecrãs de televisão. Muito menos no papel de Secretária de Estado.

Alexandra Leitão

Ouvi-a com atenção. Do princípio ao fim, admirei-lhe a inteligência, a frontalidade, a segurança. Não domino as matérias do ensino para poder ajuizar sobre tudo o que ela disse mas, em geral, gostei. Concordo que a prioridade é financiar o ensino público, dotá-lo de qualidade e sustentabilidade, tornar a escola um lugar em que alunos, professores e demais trabalhadores se sintam bem e em que as famílias sintam que podem confiar. 

Fui aluna do ensino público, a minha mãe foi professora do ensino público e os meus filhos apenas frequentaram o ensino privado quando não tiveram alternativa pois, no resto do tempo, foram também alunos do ensino público. Eu própria, durante dois anos e picos, fui professora do ensino público. Os meus quatro netos frequentam o ensino privado porque não têm alternativa mas, para o próximo ano lectivo, se tudo correr como previsto, uma vai já para o público.

Acho que todas as melhorias que se façam na escola pública serão poucas. Por aí passará muito do que será o desenvolvimento do país. 

Não consigo perceber a lógica de financiar o ensino privado em lugares em que existe oferta de ensino público. Por isso, sem conhecer em pormenor as medidas agora em discussão, o que posso dizer é que, em abstracto, concordo plenamente que, tanto quanto possível, se afectem todos os recursos possíveis à escola pública, se necessário deslocando para aí recursos financeiros até agora alocados a estabelecimentos de ensino privado cuja justificação seja duvidosa.

E, não apenas porque o tema do ensino público me é caro mas porque gostei de ver a fibra daquela mulher, aqui vos digo: cuidado com ela. Deixem-na trabalhar. Há ali uma verdadeira mulher de trabalho.

Alexandra Leitão nasceu em Lisboa em 1973. Licenciada, Mestre e Doutora em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

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[E agora permitam que volte a derivar. É fim-de-semana, preciso de desopilar e, independentemente disso, gosto de misturar alhos com bugalhos desde que isso não baralhe a capacidade de entendimento de quem me ouve ou lê, o que, dada a vossa superior inteligência, acho que é o caso]
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É que, a quem olhe para a fotografia de Alexandra Leitão e torça o nariz: hummm... gordinha..., eu digo que saiba que a anorexia já não é fashion, agora são as mulheres big size  que estão na moda -- que o digam Adele, a sexy Christina Hendricks ou a top model Candice Huffine.

Adele


Christina Hendricks

E, abaixo, Candice Huffine, a Miss Abril no Calendário Pirelli 2015

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E que entre a música que as big girls querem dançar.
Bora aí, Mika.



Big girls you are beautiful.
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E, aos meus Leitores que têm gostos estranhos, recomendo a descida ao mundo dos amigos e protegidos de Balsemão, nomeadamente ao entrevistado Durão Barroso e ao entrevistador Ricardo Costa, cada qual melhor que o outro. Salvam-se aí, vá lá, os Monty Phyton que notoriamente inspiraram o Expresso na divulgação dos Panama Tretas. É ver para crer.



6 comentários:

luis disse...

o Passos como bom subsidio dependente acha que e um direito ,
Politico da treta ,que não ,o estado não presta,não sabe administrar ,que se entregue aos
privados,que depois querem ser subsidiados pelo mesmo Estado,arranjem outra coisa que a teta esta seca!

ECD disse...

Viva a Escola Publica. Se não houvessem outras razões bem mais importantes.... porque os contribuintes não têm de pagar duas vezes pela mesma coisa.
[Contribuinte. De vez em quando dá prazer usar palavras dos neo-liberais para lhes ir ao focinho. Sim porque para esta matula cidadão é coisa de outro tempo. O "Zé" é em primeiríssimo lugar consumidor e depois, antes do que quer que mais seja e desde que dê jeito, contribuinte!]

P. disse...

Este seu Post é oportuno. Quanto à S.E, é competente e corajosa. Gosto da frontalidade dela e das posições que defende. E, ao contrário do que uma chusma de Direita vomita, acho que o M.E está bem entregue nas mãos quer do Ministro, quer desta S.E. São pessoas como eles que estão a fazer alguma revolução em muito no que respeita ao Ensino. A Constituição é aliás clara quanto a esta questão: em nenhum momento refere o dever, ou obrigação do Estado em apoiar, ou subsidiar o Ensino Privado – como procurou fazer, por opção política neo-liberal, esse traste do Crato. Vejamos. “No Artº 75ª refere - Ensino público, particular e cooperativo: 1 - O Estado criará uma rede de estabelecimentos públicos de ensino que cubra as necessidades de toda a população. 2 - O Estado reconhece e fiscaliza o ensino particular e cooperativo, nos termos da lei.” Nada diz sobre qualquer obrigatoriedade de o Estado (e os contribuintes, por arrasto) deverem apoiar, supletivamente, o sector privado do Ensino, quer ele seja cooperativo, ou outro. No Articulado anterior, 74ª, refere, entre outros aspectos, o seguinte: “1 - Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar; 2 - Na realização da política de ensino incumbe ao Estado: a) Assegurar o ensino básico universal, obrigatório e gratuito; e) Estabelecer progressivamente a gratuitidade de todos os graus de ensino; etc.” Pessoalmente sou – totalmente – contra qualquer apoio do Estado ao Ensino Privado. Uma Escola, ou Universidade Privada, numa economia de mercado, deve ser tratada como qualquer outra empresa privada, venda ela sapatos, pneus de automóveis, preservativos, etc. O Estado, em circunstância alguma, deve desviar verbas do Ensino Público para o Privado. A obrigação do Estado é melhorar a Escola Pública, nos termos na Constituição, dar-lhe dignidade, qualidade, capacidade, meios, professores qualificados, cantinas, espaços gimnodesportivos e proporcionar o melhor ensino e instrução possíveis. Todos os recursos do Estado para a Educação devem ser canalizads para esse objectivo, a melhoria da qualidade do Ensino Público. Se, a par disso, abrem Escolas e Universidades Privadas, tudo bem, mas é lá com elas, da sua inteira responsabilidade e risco. O dinheiro dos contribuintes não deve ser para apoio a privados, sejam eles Bancos, Ensino Privado/Cooperativo, Saúde, etc. Cada macaco no seu galho. Ao Estado o que é do Estado, ao Privado o que é do Privado. Total liberdade de actuação para o sector privado, protecção e qualidade para o público e nunca cair no erro de se canalizarem apoios do Estado para o privado. É assim que deve ser. E no fim de contas, qualquer mentecapto neo-liberal deveria aceitar este princípio e não querer vir mamar na teta do Estado, para conseguir subsistir. É desonesto e é uma fraude ao sistema de mercado em vigor, para além de injusto para com os contribuintes. Todavia, tal como as coisas estão, sobretudo após o descalabro do ex-ME/Castro, que tudo fez para desqualificar a Escola Pública e favorecer a Privada, estas coisas levarão algum tempo, como se depreende das palavras dos responsáveis pela Educação no actual Governo. Só espero que um dia e para relativamente breve, nem mais um tostão dos contribuintes venha parar aos bolsos do Ensino Privado. Que se amanhem! Tentem sobreviver na tal economia de mercado que tanto defendem. Em jovem frequentei ambos os sectores e devo dizer que o público era mais exigente (talvez por não estar dependente de resultados para sobreviver).
P.Rufino

Um Jeito Manso disse...

Caro Luís,

Concordo. O Passos Coelho é um caso perdido. Nada a fazer.

Um Jeito Manso disse...

Olá ECD, boa noite,

Concordo o mais possível, em tudo.

E tem ouvido? Os argumentos que se têm ouvido para defender que se subsidiem colégios particulares mesmo onde há oferta pública são de uma pobreza argumentativa que dá dó.

A questão é que os PàFs-de-má-memória se habituarem a usar e abusar dos impostos e não se ensaiariam nada de continuar a vir buscar mais, ou, não sendo tal possível, pois que se dane o ensino público (ou a saúde pública, ou as pensões de reforma ou os subsídios de desemprego...).

Um abraço, ECD.

Um Jeito Manso disse...

Olá P. Rufino,

Muito de acordo com o que tão bem explicita. Toda a razão. Tomara que os Leitores aqui venham para o ler.

Muito obrigada, P. Rufino.

um bom domingo.