quarta-feira, março 09, 2016

Sai Aníbal, entra Marcelo.
Le Roi est mort, vive le Roi!


Ali mais para baixo, já desfalei do Henrique Raposo (e da maltinha que o Expresso tem ajudado a medrar sem se aperceber que está a chocar o ovo da serpente que o irá devorar) bem como desfalei do Dia da Mulher e de quem acha que isto das mulheres é ciência oculta ou que há mãozinha da teoria da conspiração; e, portanto, tendo já escrito dois posts aqui (e mais um no Ginjal), tento explicar-me que está na hora de me levantar da mesa. Mas eu não sou fácil de levar e, portanto, desobedecendo-me, ainda aqui vou tecer mais duas ou três lérias à toa.

Com vossa licença, então.



A questão é que, enquanto escrevo, estou a ver televisão e já me ri com o nome que deram ao processo de investigação sobre o encobrimento da dívida da Madeira, envolvendo o bom do Alberto João: Cuba Livre. Nem mais. Aqueles procuradores-investigadores são uns bacanos no que toca a escolher nomes para os processos. Sentido de humor não lhes falta, essa é que essa. E já me apetecia ir por aí, relembrando outros nomes cheios de humor e picante -- mas o tempo urge.



E também já me ri com as investigações à Câmara de Gaia. Ui. Onde eles estão a começar a mexer. As pulgas vão começar a saltar e alguns desses amiguinhos a que já nos começámos a habituar a ver por aí, incluindo na televisão, vão tender a rarear. 
Como é sabido, na televisão gostam de ter a coisa por quotas: os comentadores palradores e enxundiosos, os comentadores papagaios e maçadores, os comentadores levemente gagos, os comentadores pseudo-engraçados, os comentadores pseudo-intelectuais e, lá está, os comentadores de tipo cão com pulgas.

E, tendo ouvido falar naquelas cenas que andam a investigar lá por Gaia, até se me ocorreu aquela tal Cristina Ferreira que, sendo homónima da outra, parece ter também o toque de Midas. Ui que até queima.

Mas já não dá, é tarde, tenho que ir pregar para outra freguesia que o dia vai ser longo. De qualquer modo não me quero ir sem uma palavra para as solenidades do dia.


Pela porta baixa, debaixo de uma onda de lenços brancos, vai-te embora ó Cavaco, bye bye, vai e não voltes, sai o que terá sido o presidente mais desajeitado, mais fora do tempo, mais desalinhado do povo do seu país, de que há memória.

Com a popularidade em níveis dramaticamente rasteiros, alvo de uma rejeição que até dói, sai, pois, sem honra, Cavaco e sua senhora, D. Maria Cavaco. Diz que vai escrever as memórias, ele. Triste. Ninguém quer saber das memórias dele e ele ainda não o percebeu. Paciência. A história julgará o que foi uma das nefastas figuras do pós 25 de Abril. E não sou eu que vou bater mais no ceguinho.


E se ele, Cavaco, o Mal-Amado, sai em baixa, por outro lado, entra, em alta e em festa, o seu sucessor, Marcelo, o Bem-Amado (bem amado desde os tempos das charlas televisivas dominicais, diga-se).


Em tempos de campanha manifestei-me contra a eleição de Marcelo Rebelo de Sousa. Mas foi eleito. É a partir deste dia 9 de março o Presidente da República de Portugal. E, em presença dos factos, o que eu sinceramente lhe desejo é que tenha saúde, sorte, serenidade e que, enquanto estiver em funções, saiba interpretar o sentir do povo e faça da intransigente defesa da dignidade dos portugueses e da soberania e da afirmação de Portugal o seu principal desígnio.

Para já, tenho ficado surpreendida e agradada com a escolha dos seus colaboradores e com a proximidade que tem querido mostrar para com as pessoas anónimas com que se vai cruzando. Vamos ver se consegue controlar os seus ímpetos e agir sempre com maturidade, criatividade e inteligência especialmente em momentos de crise que possam, porventura, acontecer.

E que contribua para que os portugueses tenham razão para rir mais e para acreditar no futuro do seu país.

Se Marcelo conseguir isso, será bom sinal, será sinal que os portugueses começam finalmente a tirar o pé da lama -- e cá estarei eu para o elogiar e para lhe agradecer.

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Não me apeteceu ter aqui fotografias ou cartoons humorísticos do Cavaco e, não o tendo a ele, parecia-me até deselegante ter apenas o Marcelo. Por isso optei por outra cena. Portanto, as fantásticas recriações de obras de arte da pintura com figuras políticas da actualidade não têm nada a ver com a matéria plasmada na tela. Mas não faz mal. São obra das gentes da DesignCrowd e, digo eu, podia ser engraçado se um dia destes tivéssemos uma com o inimitável Prof. Marcelo.

Lá em cima Anne Gastinel e Roger Muraro interpretam a Sonata para violoncelo e piano Op.40 IV.mov de Shostakovich.

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E agora tenho mesmo que ir que o dia que tenho pela frente se antevê longo. 

E, já sabem: não se esqueçam que, por aí abaixo, há conversa anti-mariazinhas e, a seguir, anti-Raposo.

E, querendo vaguear pela beira do rio pela mão da Alice Vieira que fala destas imperfeitas madrugadas em que as línguas dos homens e dos anjos se confundem. é só dar um salto até ao meu Ginjal.


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