Ando pelos campos. Ando devagar. Aspiro o ar lavado, sinto o perfume da terra e das árvores e talvez dos animais que aqui habitam.
Sinto o solo macio -- as folhas secas e as que nascem misturam-se -- as cores misturam-se também, as brumas envolvem os troncos, as rochas graníticas cobrem-se de um verde macio. Poderia aparecer aqui uma fada, anjos voando por entre as árvores, veados saltando entre as rochas, duendes maliciosos, mulheres nuas de longos cabelos ruivos ondulando pelas costas -- e eu acharia natural.
Será loucura minha ficar assim, sempre tão maravilhada? Ou será que às outras pessoas não é dada a possibilidade de visitarem estes territórios abençoados?
Penso que gostava de andar por aqui muitas vezes, tornar-me amiga de raposas, cúmplice de lobos. Perguntei: onde posso ver cavalos selvagens? Respondem: ah, eles andam por aí, por vezes vão para as estradas, nunca se sabe quando vão aparecer.
Depois vi-os. Quando me aproximei para os fotografar, tinham desaparecido. Se calhar eram imaginários, cavalos inventados, silenciosos, pensativos, passeando entre os troncos suaves das elegantes árvores.
Como será uma pessoa perder-se num lugar assim?
E aqui ficar a viver para sempre, como um bicho inocente e feliz?
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