Estive a ver a entrevista: Sócrates no seu melhor. Dele e da entrevista já falo. Mas agora quero mostrar o meu espanto. Várias vezes já aqui o referi: não consigo perceber qual o critério que preside à escolha dos comentadores que são levados às televisões.
Imagino que lhes saia mais barato, em vez de terem pessoal próprio, com vínculo laboral -- em relação aos quais teriam responsabilidades de diversa ordem -- prescindirem de ter um corpo de jornalistas competentes e recorrerem, pagando à peça, a tudo o que é cão e gato que goste de palco e que não tenha tento na língua nem parafusos na cabeça. Repito-me mas volto a dizer: admito que alguma da gentinha que por ali desfila até pague para aparecer.
Imagino que lhes saia mais barato, em vez de terem pessoal próprio, com vínculo laboral -- em relação aos quais teriam responsabilidades de diversa ordem -- prescindirem de ter um corpo de jornalistas competentes e recorrerem, pagando à peça, a tudo o que é cão e gato que goste de palco e que não tenha tento na língua nem parafusos na cabeça. Repito-me mas volto a dizer: admito que alguma da gentinha que por ali desfila até pague para aparecer.
Por inércia, ficou a televisão onde estava: na TVI 24. Tendo o José Alberto Carvalho por pessoa com alguma sobriedade e respeito pela sua profissão e pelos seus telespectadores, não me passaria pela cabeça vê-lo ali, a ouvir a opinião de duas que pareciam completamente descompensadas. É certo que me pareceu vê-lo aflito para controlar o cacarejar frenético delas mas quem o mandou enfiar-se na capoeira? Aturar a tal Sofia, que faz um ar de quem se acha esperta, e a outra, Raquel, com ar de quem se acha superior, é coisa para tirar qualquer um do sério. Umas criaturas cheias de ódio, ódio a Sócrates, mas nem sei se é ódio se aquilo é apenas parvoíce, estupidez natural. Não as conheço de lado nenhum para poder formar opinião mas uma coisa posso dizer: não têm maneiras, não têm decoro, não têm elevação, não têm mundo, não podem conhecer a vida para opinarem da forma leviana como opinaram. E é que nem têm sequer timbre de voz que se aguente. Que coisa mais horrível.
Estava lá o Paulo Campos mas já não o ouvimos pois tivemos, por higiene e bom senso, que correr com aquelas duas da nossa sala.
Não sei quais os critérios de escolha já o disse. Mas há uma outra coisa que sei: quem gere uma empresa, seja ela qual for, pode recorrer a fancaria, a produto de saldo, a produtos indiferenciados. Talvez, num primeiro momento, consiga algum algum mercado mas isso não é sustentável pois há sempre quem consiga vender um produto mais ordinário, a preço da uva mijona, que não cumpra com os regulamentos. E rapidamente vai à falência. É também isto que está a acontecer aos jornais que começaram por recorrer a gente sem qualidade, acabaram a despedir jornalistas, e, naturalmente, vão tender para zero, vão fechar.
Portanto, com aqueles dois produtos de resto de colecção ali no balcão da TVI 24, a dita Sofia e a dita Raquel, fugimos a sete pés da TVI. Acredito que, como eu, toda a gente que assistiu aos guinchos raivosos daquelas desvairadas terá feito o mesmo -- talvez apenas os surdos se tenham deixado ficar.
Face a esta experiência traumática e ao que sistematicamente se passa, pergunto: quando é que os jornalistas começam a lutar pela honra da sua profissão? Ou quando é que aparece um novo órgão de comunicação social que prime pela inteligência, isenção, qualidade, arrojo, dignidade e que saiba exercer a sua função primeira que é comunicar?
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PS: Se alguém me souber dizer o apelido da dita Sofia, agradeço, para ver se descubro de onde apareceu aquilo, que CV tem e o que é que a torna habilitada a ali figurar.
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Cá está ela: Sofia Vala Rocha.
Agradeço ao Leitor Humberto Barbosa que, em comentário abaixo, me deixou o link para eu poder ver a identidade da insuportável criatura a que acima me referi. E já verifiquei no dito link que, sim, conforme diz o Leitor Senhor dos Trópicos, a dita pessoa já passou mesmo pela Barca dos Infernos. E eu, lendo isto, ainda mais pasmo: se ela antes já era como eu hoje a vi, como é que ainda a contratam? Ou será que lhe deu alguma coisinha má e hoje aquilo foi um epifenómeno? Que cena aquela...
E acabei de receber por mail a entrevista na qual a dita comentadeira diz de si própria:
Disparo primeiro, pergunto depois. Não gosto de admitir que errei. Nem de dar o braço a torcer. Não costumo dar uma segunda oportunidade.
Portanto, estamos conversados. Menina atinada para ali estar a opinar perante o País. A equipa de gestão da TVI que não mude de agulha, não. Quando deram por eles, foi-se a share, foi-se a publicidade, foi-se tudo. Contratar disto não é uma boa opção, não é não. O barato às vezes sai caro.
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Convido-vos ainda a visitarem o meu outro blog, o Ginjal e Lisboa, onde hoje vou pela mão de Casimiro de Brito.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta-feira.
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9 comentários:
Boa noite caríssima UMJ
Aqui vai um link sobre a tal e insuportável Sofia, que está em tudo quanto é festa PàF
http://caras.sapo.pt/famosos/2015-09-26-Sofia-Vala-Rocha-Medo--Nao-tenho-medo-de-nada
Uma boa noite e tudo de bom
HB
Sem ter visto nadinha, aposto q era a q aparecia no programa barca do inferno! Tb nao me recordo do nome.
Sofia vala rocha. Atenção, trata se de um feeling meu.
Aquilo daquelas duas e o Paulo Campos foi mauzote. Sobretudo, ficaram mal na fotografia, lamento dizê-lo, as duas senhoras. Pedia-se-lhes calma e seriedade no debate. E, acima de tudo, objectividade! Mas, infelizmente, não foi isso que sucedeu. Muita berraria, pouca distância, muito estado de alma, pouca serenidade, enfim, foi triste. A par disso, desse tipo de compostura, registei duas observações erróneas. Uma, vinda da tal Sofia Vala Rocha, surpreendeu-me, sendo jurista – mas que afinal veio a revelar ser incapaz de uma análise imparcial e objectiva, ao dizer, “Sócrates é acusado de vários crimes”! Um tipo ouve e espanta-se, sobretudo se possuir igualmente conhecimentos jurídicos. Sócrates é, tão só, “suspeito”. Não foi ainda indiciado oficialmente da prática de nenhum crime. A dita jurista Sofia “Valha-me Deus”, na ânsia de o destruir ali esqueceu-se deste importante “pormenor”. O outro erro foi cometido por Raquel Varela quando referiu que Sócrates era arguido. Na verdade, José Sócrates ainda não foi formalmente constituído arguido, pela simples razão de que o ministério Público ainda não lhe deduziu qualquer acusação. E depois, que diferença para o outro debate, com três excelentes advogados e juristas, que muito respeito: Magalhães Silva, Paulo Sá e Cunha e António Jaime Martins, a representar a Ordem dos Advogados. Este foi um debate civilizado, clarificador, objectivo, que discutiu aquilo que interessa, ou seja, a questão jurídica do caso Sócrates, sem estados de alma e politizações abstractas e patetas, embora, paralelamente, se abordassem alguns aspectos da nossa Legislação Penal e Processual Penal, o que é útil saber, sobretudo quando não se conhecem estes meandros judiciais. Julgo que muito telespectador terá aprendido ali alguma coisa de interesse. Enfim, um debate equilibrado, esclarecedor e civilizado, aquele com os 3 ilustres homens da barra.
P.Rufino
Não leve a mal o comentador anterior, mas terei de fazer uma correcção relativamente à qualidade de arguido, que JS efectivamente tem. É que se tiver de ser (ou não tiver de ser, mas for...) aplicada uma medida de coacção a alguém (mesmo que só TIR) é obrigatório que esse alguém seja constituído arguido. Tal constitui por si um labéu, face às conotações atribuídas á palavra por jornalistas mal informados e vozes-do-dono manipuladoras. A intenção da lei, no entanto, até é boa, é a de proteger - p. ex. uma vez constituída arguida uma pessoa pode recusar-se a responder a perguntas acerca dos factos que lhe são imputados (consequência do princípio tantas vezes esquecido que é à acusação que cabe provar todos os elementos do tipo ou tipos de crime).
MPDAguiar
De forma nenhuma, caro MPDAguiar! É uma observação pertinente a sua. Ao referir o que referi tinha em mente tão só e apenas o que estabelece o Art.º 57º do CPP, ou seja, no seu aspecto mais formal, relativamente à constituição de arguido - após a dedução de uma acusação. Mas, fez bem em mencionar o que estabelece o artigo seguinte do CPP (58º), assim deixando uma ideia mais clara da figura do arguido (e da sua constituição).
Cordialidade,
P.Rufino
Quando li isto lembrei-me deste post.
http://estatuadesal.com/2015/12/16/socrates-e-a-entrevista/
Olá Unknown,
Bem... que post fantástico, esse. Muito bem escrito, muito bem articulado. É uma coisa ao estilo 'pega de caras' -- um forcado que se faz ao touro mesmo vindo ele a correr do lado de lá da praça. Grande texto. Obrigada por tê-lo referido aqui.
Gostei igualmente de ler o tal Post, no Blogue Estátua de Sal, aqui sugerido. Um bom Blogue e um Post e tanto!
P.Rufino
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