quinta-feira, dezembro 03, 2015

Livros, amores meus


No post abaixo divulguei um vídeo no qual Fran Lewobitz fala da sua solução para o problema dos sem-abrigo e dos imigrantes e que passa pelos luxuosos apartamentos devolutos da sua cidade. Pode ou não concordar-se mas ouvi-la é um exercício interessante.

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, volto a um tema que sempre me apaixona: os livros.

Desenhos de Bocage - Pomar




Agora, volto a um tema que sempre me apaixona: os livros. Ontem falei na Folio Society que os tem em edições especiais, ilustradas com cuidado e gosto e fiquei a pensar nisso. Hoje, quando cheguei a casa fui à procura de um livro de que gosto muito e que me foi oferecido por um namorado que tinha (e tem) amor de verdade pelos livros, tendo, inclusivamente, já recebido alguns prémios pela sua actividade nesta matéria. O livro é A Selva de Ferreira de Castro, um livro de grande dimensão, com encadernação em pele e com ilustrações de Júlio Pomar. Pois já corri tudo e não o encontro. Sempre tive dificuldade em arrumá-lo e, pelos vistos, arranjei um lugar tão disparatado que agora não o encontro. Estou a tentar afastar de mim alguma preocupação que aqui tenho a inquietar-me pois um livro destes não se perde. Mas, enfim, agora não faço ideia de onde hei-de procurá-lo mais.

Na minha busca, dei com outros em edições engraçadas e, se me permitem, vou aqui mostrar quatro deles.

O livro lá em cima é também de grandes (enormes!) dimensões, uma edição do Metropolitano de Lisboa, de 1993, com coordenação  de Margarida Botelho e Pina Cabral e contém Desenhos de Pomar, muitos, fantásticos.

O que mostro aqui em baixo é também muito bonito e, igualmente difícil de arrumar porque é também muito grande. É o Diário Náutico do Yacht "Amélia" - Campanha oceanográfica realizada em 1897, 'um documento escrito pela mão de D. Carlos e ilustrado pelo próprio rei com magníficas aguarelas' e editado pela Marinha em 1978, com um texto à laia de introdução de Mário Ruivo e um outro de Maria de Lourdes Bartholo .

Dia 28 de Maio de 1897

Este agora a seguir é Lisboa, Livro de Bordo (vozes, olhares, memorações) de José Cardoso Pires, uma edição das Publicações Dom Quixote para a Expo 98 com design do Atelier Henrique Cayatte, saído em 1997.

À direita: 'No terraço do café' de António Soares
À esquerda: texto do qual transcrevo um pouco aqui abaixo

Alain Tanner serviu-se dele n'A Cidade Branca, a curraleira que ele traduziu por Lisboa depois de a pintar toda de sujo num filme de cais da insónia um mau olhado mourisco. Muito provavelmente viu o relógio do British Bar como uma metáfora do saudosismo lusitano, os franceses culturais são muito capazes disso e os portugas a la page ainda lhes ficam agradecidos. Tempo a contar para trás, nostalgias, exotismos: esses efeitos nunca falham quando olhados com complacência pelos da arte civilizada.
José Cardoso Pires 

Finalmente o último: A Tragédia da Rua das Flores de Eça de Queiroz, uma Edição Ilustrada das Edições Branco e negro de 1980. No final do livro há fotografias dos locais descritos no livro, a Lisboa Queiroseana em 1980 (ou o que resta do cenário da 'Tragédia')

O Palma Gordo, com as mãos nos bolsos, arregaçando o jaquetão que lhe descobria as formas atoucinhadas das suas ancas gordas.

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Da The Folio Society aproveito para mostrar um vídeo encantador onde se vê a produção artesanal de papel 'de mármore' usado na encadernação. 

Como gosto imenso de trabalhos manuais, vejo isto e fico logo tentada a experimentar fazer o mesmo. Há profissões felizes e esta que aqui se mostra é, com certeza, uma delas.


The Art of Marbling | Crafting a beautiful book



(Jemma Lewis talked to us about the process of hand marbling paper for our Letterpress Shakespeare series.)

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A música lá em cima é Stella Splendens - "Llibre Vermell de Montserrat" (Século XIV)

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E, se me permitem, deslizem até à Fran Lebowitz que é uma boa companhia.

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