terça-feira, setembro 29, 2015

Sou das excêntricas. Negar para quê? Sou excêntrica mesmo.


Hoje ao almoço, junto a nós, numas mesas unidas, estava um grupo de raparigas. Talvez tivessem uns 16 ou 17 anos, ou mesmo 18. Por aí. Talvez fossem 8 ou 10, não as contei, mas, revendo a cena, penso que também seria por aí.

Pois, durante toda uma hora, aquelas santas moças, munidas de um pau de selfie onde se encavalitava um telemóvel, se auto-fotografaram. Segurava uma naquilo e todas as outras se ajeitavam, cabeças encostadas umas às outras, sorrindo, a fazerem poses; depois era outra e todas as demais se reajeitavam, se punham outra vez a rir para o telemóvel. Quando o pau de selfie mudava de mãos, invariavelmente, a que o segurava, enquanto as outras se realinhavam, punha-se a auto-fotografar-se, pescoço no ar, a rir para o telemóvel lá em cima, encarrapitado no dito apetrecho, abrindo a boca, pondo a cabeça de lado - uma coisa do além.

Às tantas, o telemóvel deve ter empancado porque nunca mais disparava e elas, enquanto protestavam, mantinham o sorriso. Uma cena surreal. Ia a dizer deprimente mas não consigo já, sequer, ajuizar sobre estes comportamentos que são cada vez mais frequentes.

Um grupo de bacanos a gozar com as selfies das mulheres


No sábado, enquanto passeávamos passando por esplanadas, talvez metade das pessoas estava na mesma, a tirar selfies.

O meu marido no domingo à tarde, enquanto estava lá no meio de um bosque cerrado na Gulbenkian, a evitar que os pimentolas (que estão a ficar uns reguilas) trepassem às árvores ou se escapulissem pelo meio dos canaviais, diz que deu com um casal em que o homem queria tirar uma fotografia. Pois bem, respondeu-lhe a mulher: 'Para quê? Tu nem as queres pôr no Face..'.

Selfies não para consumo próprio mas para serem partilhadas em tempo real nas redes sociais.

Instagram, facebook, twitter, linkedin... é como se o mundo já só exista se passar por aqui.

É certo que tenho isto dos blogs mas, para mim que sempre gostei de escrever, isto é, sobretudo, um sítio onde o posso fazer. Em vez de escrever em word, nuns ficheiros que ficavam só para mim, escrevo aqui e quem gostar, gosta, quem não gostar, não gosta. Não faço nada para agradar porque este, para mim, é um espaço de liberdade e não de auto-promoção. Mas, enfim, cada um é como é. Agora o que ainda não consegui perceber é a ânsia de as pessoas se mostrarem ao mundo, enquanto comem (até já há a selfie spoon, valham-me todas as santinhas!), enquanto estão à mesa, enquanto estão a apanhar banhos de sol, enquanto estão a ver as vistas. É que isto já nem me parece ser apenas narcisismo, já me parece doença. 

A nível profissional, todos os dias recebo mails para me juntar ao linkedin, para conhecer este aquele e o outro. Pois não quero, quero conhecer quem eu quiser conhecer e não quem se quer dar a conhecer. Se preciso de escolher alguém para trabalhar comigo, quero ver um CV normal e quero conhecer as pessoas ao vivo. E, se me aparece alguém muito auto-convencido, cheio de respostas na ponta da língua, com sorrisinho de selfie, e, pior ainda, se começar a tratar-me directamente pelo meu nome próprio na maior das intimidades, pois é mais que certo que vai de carrinho. 

Também ainda não me rendi aos e-books. Nem sou do género de ir para reuniões toda agarrada, a mandar mails, a consultar tudo a toda a hora.

Mas eu sei, o problema está em mim. Sou antiga, pré-histórica. Sou vintage. Sou uma excêntrica, é o que é.
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O excêntrico - Porta dos Fundos


Existem certas pessoas com hábitos muito particulares as quais chamamos de excêntricas. Elas andam por aí, com suas características bizarras intrigando a todos que encontram. É muito fácil encontrar um: eles geralmente carregam um Nextel, assistem programas com horário marcado na TV, mandam SMS e perguntam pelo orelhão mais próximo. Vai entender...


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5 comentários:

Anónimo disse...

bem vinda ao clube, Jeitinho :)

https://www.facebook.com/wirsindwiederhierinunseremrevier/videos/853050204791898/?pnref=story

Bjs

GG

Um Jeito Manso disse...

Olá GG! Boa noite!

Não consigo abrir. Não me diga que tenho que me inscrever antes de conseguir ver... :(

Bjs GG!

Anónimo disse...

UJM,
Não, você não é nem antiga, nem pré-histórica, nem excêntrica. Tão só, uma pessoa normal. Portanto, o problema não é seu, mas de muita gente que constitui esta imbecil Sociedade, global, em que vivemos. E o Video está excelente.
Também tenho, e não faço intenções de deixar de ter, um telefone fixo, daqueles que são mesmo “fixos”, ou seja, nada daquelas porcarias de andar pela casa fora (para isso então há o TLM). O telefone toca, levanto-me (desde que não seja ás horas de almoço ou jantar, que nunca atendo, deixo tocar – considero uma falta de educação telefonar a essas horas ou depois das 11 da noite) e vou lá ter à sala onde se encontra e atendo – sem saber quem me liga (é assim que eu gosto), pois o nosso fixo fui eu que o adquiri e impus aos patetas dos telefones que me vinham com umas porras ultra-modernas para aqui me colocarem, que os mandei deitar no lixo. Não tenho, recuso-me, voice-mail. Quem me quer ligar e não consegue, volta a ligar. TLM desligo uma vez em casa. Querem falar connosco? Fixo!
Quanto ao que diz, dos selfies e outras tontarias estou igualmente de acordo consigo. As pessoas estão cada vez mais a ficar imbecis, dependentes desta trafulhice tecnológica. Tudo isto me meto nojo. Tenho um TLM razoavelmente antigo, nada de passar com o dedo, etc. Já se “fanou” umas 2 vezes. Fui ás phone-house e as tipinhas, com aqueles cerebros de areia disseram-me logo, com um sorriso entre o estupido e o espantado que tinha era de comprar outro. Mandei-as para o Diabo que as carregue e fui a um paquistanês. Dá cá 15 euros e concerto-te o TLM. Ficou fino! Mais tarde o mesmo. Cá continua. Não tenho nada dessas tretas que hoje veem nos TLM. E acho absolutamento obceno que alguém gaste uns 100 euros num TLM. Ou pior, se gastam muito mais do que isso, 500, 700 etc. Inacreditável! Sobretudo quando se fazem contas, por exxemplo, ao que isso corresponde ao salário que eles/elas auferem. Em casos que conheço, chega a ser 1/3 ! Mas, as pessoas, na sua maioria, não resistem a estas merdas tecnológicas. Imbecilizaram. E não é uma questão de idade. Meus filhos e alguns amigos deles recusam-se terminantemente a irem além de um TLM que só recebe e envia SMS e recebe e faz chamadas. E estão satifeitos. Não tiram fotos do que comem, não tiram selfies, não têm Facebook, etc, etc. E não sentem a falta disso. Nem eu. Um tipo tem de controlar estas coisas e não se deixar embarcar nestas porcarias, caso contrário fica um zombie estúpido igual à maioria da malta.
P.Rufino

Maria disse...

Tente vê-lo aqui :)

http://sdcfgrtyufbfghyui.blogspot.pt/2015/09/functiond-s-id-var-js-fjs-d.html

Bjs

Rosa Pinto disse...

eu não tiro as tais selfies ou quando tiro apago..hum...fico tão mal.. jasus