No post abaixo falei de três professoras por recordá-las como jovens ou sem idade, em contraponto com as outras que recordo antiquadas, quando não velhas. E, a propósito de viver de acordo com a idade que se sente e não com a que o Cartão de Cidadão indica, mostrei um filme com piada.
Aqui, agora, continuo numa boa.
Comecei as minhas férias e estou confiante de que vou conseguir ter, de facto, uns dias de descanso. A nível familiar (e, em particular, a nível clínico) tudo parece estar agora relativamente tranquilo e, até à próxima consulta, que é no início da próxima semana, conto ter um período de acalmia, isenta de compromissos, afazeres, combinações. Cheguei a esta altura do ano a precisar mesmo de desligar, de dormir. E se tenho dormido... Hoje estou in heaven e, para começar, já deitei mão ao que se impunha: limpezas a preceito. Varrer, lavar, arrumar, limpar, regar. Amanhã a empreitada continuará porque isto estava mesmo a precisar de uma barrela valente. Curiosamente, este trabalho não me cansa. Pelo contrário, gosto imenso de deitar mão a estes trabalhos braçais. Levantei-me tarde e passei o dia nisto e, pelo meio, estive a ler, deitada, a luz coada a entrar pela sala.
Para onde quer que olhe, vejo coisas que precisam de arrumação ou reorganização. Por exemplo, os livros aqui na sala em que escrevo estão sem rei nem roque. Nas estantes do corredor, umas que tenho embutidas no meio da parede, os livros estão por autores ou por colecções. Mas estes aqui são os que vou trazendo para o fim de semana ou para as férias e que, por aqui, vão ficando. Estava a limpar o chão e olhei para eles, sem saber o que lhes fazer. Ou os levo de volta para a outra casa, para ficarem junto dos respectivos pares, ou tento encontrar uma ordem lógica para os ter aqui. Assim, parecem-me a prova provada do caos que é o meu gosto literário.
A ver se amanhã me inspiro e vejo se dou um jeito nesta anarquia. Entretanto, para estes dias em que andarei entre cá e lá, mas tentando arranjar um tempo para ler em sossego, trouxe mais uns quantos. Tenho esta coisa de ler de forma picada, de ler um bocado de um, saltar para outro, encantar-me com a surpresa da linguagem, voltar onde me maravilhei, reler uma passagem, e partir para nova busca.
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Everywhere we go
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Hoje estive com Os Cães de Tessalónica que trouxe mas, pelo meio, com La Cabana de Heidegger, un espacio para pensar, que encontrei caído atrás de um sofá e de que já uma vez aqui tinha falado.
(A Cabana de Heidegger em cima de uns tapetes que tinha estado a sacudir) |
Como me identifico com a forte ligação entre o nosso eu mais profundo e um lugar de que se fala neste livrinho tão interessante... Também eu ando pelo meio das árvores a ver como o sol as deixa brilhantes e macias sob a luz dourada, também eu olho o vento nas ramagens, também eu afago com o olhar as suaves montanhas ao longe.
E vejo os traços do tempo nas paredes e, em vez de ter vontade de as pintar, vou é a correr buscar a máquina para as fotografar. Acho-as lindas, a sua beleza evoluindo com o passar do tempo, desenhos de cor que os líquenes inscrevem nos rastos da água da chuva que escorre das telhas. E as folhas caídas, e as sombras das árvores sobre os bancos, sobre os muros, tudo , tudo me encanta.
Transcrevo alguns excertos do que ele escreveu sobre o lugar que amava de uma forma intensa e que, de certa forma, influenciou a sua obra e intercalo com fotografias feitas hoje, in heaven.
Cuando la luz de la aurora crece en silencio sobre las montañas...
Cuando al comenzar el verano se abre una solitaria flor de narciso en la pradera y una rosa de las rocas brilla bajo el arce...
Cuando el viento, al cambiar de repente, murmura en las vigas de la cabaña y el tiempo amenaza con volverse desagradable...
Cuando en un dia de verano la mariposa se posa en una flor y, con las alas cerradas, se balancea con ella en la brisa...
Cuando la luz de la tarde, inclinándose en algún lugar del bosque, baña de oro los troncos de los árboles.
Cuando el arroyo de montaña en el silencio de la noche cuenta su caída sobre las piedras...
Uma lua transparente que apareceu no meu céu para me fazer sonhar |
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E, caso vos apeteça ver um vídeo muito bem disposto e ler alguma coisa sobre a memória que guardo de três das minhas professoras, queira, por favor, deslizar até ao post seguinte.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta-feira.
Muitas felicidades a todos.
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4 comentários:
Como também me debato com esse dilema deixo-lhe aqui algumas sugestões engraçadas :)
este já fiz aproveitando os rodizios de uma velha torre de computador e a almofada não ficou presa sendo uma daquelas banais e baratas que se compram nas grandes superfícies, a
http://revistadonna.clicrbs.com.br/porai/wp-content/uploads/sites/5/2014/07/banco_revisteiro_roca_vermelho_3.jpg
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tenho alguma da minha poesia disposta assim e por cima pus uma velha balança, igual à que tem onde se colocam as chaves, as moedas, e mais tralha que transportamos nos bolsos...
noutro monte está uma velha bandeja vinda de marrocos servindo como mesa de apoio aos sofás para colocar aquelas coisas que sempre se perdem, como o comando, carregadores dos tm mas também as chávenas e afins
http://www.lojaskd.com.br/blog/wp-content/uploads/2013/04/04-decoracao-com-livros.jpg
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esta acho-a originalissima. não para os nossos livros mas para os da criançada. basta arranjar um tronco ou cana dos muitos que de certeza por ai encontrará
https://wishable.files.wordpress.com/2012/09/2o32.jpg
pesquise na net e vai ver que encontra muitas ideias que reproduzimos ou adaptamos
boas férias
beijos
GG
Adoro ver fotos. Então se forem antigas de pessoas, lugares, festas... é o máximo.
Olá minha amiga, espero e desejo que tudo esteja a correr pelo melhor para si e família. Que a rápida recuperação do seu familiar seja uma realidade e que Deus a ajude a continuar sempre com a força e garra que lhe são habituais.
Deve lembrar-se do que lhe contei em tempos do que se passou comigo em 2011 e é preciso não desanimarmos porque é o que mais nos ajuda a seguir em frente.
Bom descanso, muita saúde para si e respire bem fundo nesse seu heaven que lhe dá vida, ânimo e felicidade.
Um abração
Olá Teté,
Claro que me lembro e claro que penso em si e em todas as pessoas que deixaram para trás uma situação que, enquanto dura, nos enche de medo e angústia.
Penso que o optimismo, a alegria que felizmente sempre enche as nossas vidas (muito também por causa das crianças que, onde chegam, enchem o espaço de risos e brincadeiras) ajudam muito na recuperação. Parece que não há espaço para o desânimo pois, a todo o momento, há carinho e alegria. Talvez por isso a recuperação esteja, até agora, a ser tão boa. Estou optimista. Haveremos de ir vencendo, uma a uma, as batalhas que vamos tendo pela frente.
Obrigada pelo seu exemplo, Teté.
Um big abraço também para si, Teté das boas acções (a história das rolas é deliciosa...)!
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