sexta-feira, julho 03, 2015

"PORTUGAL É UMA BOMBA-RELÓGIO “À ESPERA DE REBENTAR”", diz Matthew Lynn no WSJ Market Watch. O José Manuel Fernandes é bem capaz de achar que esse fulano é um pessimista. [E, ainda: Quem somos? - pergunta Viriato Soromenho Marques, a propósito de uma Europa que se destrói a si própria]



BITCH BETTER HAVE MY MONEY



Lisbon’s debts are high, and foreigners own most of it

Portugal has a high debt-to-GDP ratio, and it owes most of its government debt to foreigners.


Soube desse artigo ao ouvir Marisa Matias num debate sobre a Grécia na RTP 1 com Braga de Macedo, Paulo Trigo de Morais e José Manuel de Fernandes num debate na RTP sobre a Grécia.
(Só vi um bocado mas fiquei a tentar adivinhar o critério para escolher as pessoas que levam à televisão. Será que querem respeitar umas quotas? Por exemplo: uma mulher de esquerda tida por conhecer o Syriza, um tido por muito inteligente e próximo do PSD, um tido por moderado, justo e próximo do PS e, por fim, um tido por muito limitado? Talvez seja. Uma coisa equilibrada, portanto).

O que os ouvi dizer estava em linha com eles próprios. Braga de Macedo disse que a saída precipitada da Grécia da zona euro seria uma bagunça, o Paulo Trigo de Morais disse coisas acertadas, que a crise da Grécia afecta a todos, etc e tal,  Marisa Matias no fim, para rematar, referiu o que mais abaixo transcrevo, e o outro não disse uma que merecesse registo. Nunca diz. Mas convidam-no para todo o lado. Deve ser por aquilo do equilíbrio, só pode.

Bem.

Para aligeirar o texto que se segue, que entre o momento musical. E este é dos bons.
Leitor a quem agradeço enviou-me um vídeo já com uns meses e que acho que até já aqui divulguei mas, porque tem piada e continua actual, aqui o coloco de novo. 

V for Varoufakis


NEO MAGAZIN ROYALE mit Jan Böhmermann 




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Ora bem. Que entre, então, o artigo que é um baldinho de água fria na cabeça do láparo.


ESQUEÇAM A GRÉCIA. PORTUGAL É UMA BOMBA-RELÓGIO “À ESPERA DE REBENTAR”



Entre avanços e recuos, a crise na Grécia poderá estar em vias de se resolver – pelo menos por mais uns meses. Mas um conceituado analista financeiro acredita que a verdadeira crise na Europa poderá estar muito longe da Grécia, mais concretamente num país que é uma bomba-relógio à espera de explodir: Portugal.

O analista britânico Matthew Lynn afirma esta quarta-feira na sua coluna de opinião no WSJ Market Watch que o nível de dívida pública portuguesa, acima dos 130%, poderá ser já “insustentável”.

No artigo em causa, “Forget Greece, Portugal is the eurozone’s next crisis“, Lynn salienta que Portugal tem o maior índice de dívida publica em percentagem de PIB na zona Euro, e que a maior parte da dívida é detida por estrangeiros.


Segundo o financeiro, a economia portuguesa não se encontra no estado de permanente crise da economia grega, que “está nos cuidados intensivos”, mas não parece capaz de conseguir uma recuperação sustentada.

Portugal, diz Lynn, “ainda está em sarilhos“, e poderá ter que enfrentar uma situação de incumprimento. Lynn antecipa mesmo que as eleições legislativas de Outubro poderão despoletar uma segunda crise em Portugal.

“À superfície, Portugal parece estar muito melhor do que há três anos, depois de ter saído com êxito do programa de assistência da troika“, continua o analista, “e a economia parece estar a crescer”.

Se, depois da Irlanda, também Portugal conseguir efectivamente recuperar da crise, “será uma vitória estrondosa para a União Europeia e para o FMI”, cuja receita baseada em austeridade se revelou “uma catástrofe” na Grécia.

O problema, diz Lynn, é que Portugal poderá afinal não estar salvo.


Segundo o analista, a evolução positiva de alguns dos principais indicadores económicos – consumo, desemprego, exportações, investimento – parecem não ser sustentadas.

Mas o verdadeiro problema, defende o cronista, é mesmo a dívida.

Portugal tem uma dívida pública de 130% do PIB, e 70% dela é detida por estrangeiros.


Até há países, como a Finlândia ou a Letónia, com maior percentagem de dívida detida por estrangeiros. Mas têm muito pouco endividamento. Itália, por outro lado, tem uma enorme dívida pública – mas quase toda contraída internamente.


[Texto obtido aqui]

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Belo trabalhinho que o Láparo e Companhia têm andado a fazer, belo trabalhinho, sim senhor.

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A fotografia lá em cima mostra Rihanna no seu novo vídeo mas é tão tétrico e nonsense que não o mostro. Só a ela, de pistola em punho ao pé de outra amordaçada, junto à desgraça da dívida portuguesa. Afinal isto anda tudo ligado.

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Mudando de assunto: está na hora de reflectir -- mas vamos com boa música.

A lua sobre o rio, aqui na minha janela


Dustin O'Halloran com We Move Lightly



Deixem, então, que partilhe convosco mais uma grande crónica de um dos homens inteligentes deste País

Quem somos?


por VIRIATO SOROMENHO-MARQUES (no DN)


Muitas vezes, quando se compara a tendência crónica para a Europa entrar em convulsão política, com a capacidade dos EUA para navegarem as borrascas da história, sem perderem o rumo da lei e da ordem garantido pelo seu federalismo constitucional (como se viu agora com o histórico acórdão do Supremo Tribunal que fez recuar a homofobia em toda a União), ouve-se dizer: "para chegar ao federalismo os EUA tiveram de passar por uma guerra civil". Trata-se de uma afirmação vazia de sentido. Ortega y Gasset deu talvez a melhor explicação. Para ele, há muitos séculos que a Europa constitui uma "sociedade", alimentada pelos laços históricos e materiais tecidos pelos seus povos. Contudo, é uma sociedade sem um sistema de governação funcional. Para Ortega, as guerras europeias (incluindo as duas mundiais) são formas brutais de "governo europeu". O holocausto de pessoas e de bens faz parte da crónica incapacidade de os europeus construírem um regime comum baseado na lei e na liberdade. O grande sonho da União Europeia residiu na esperança de que, depois de tantas guerras civis, também nós europeus percebêssemos que só é possível vivermos em conjunto respeitando a dignidade dos cidadãos e a igualdade dos Estados. Em 2010, a grandeza deu lugar à cruel realidade de uma zona euro, que em vez de defender os povos contra os riscos da globalização os imolava numa folha de Excel destinada a saldar os danos da ganância de um sistema financeiro, que a venalidade política deixou sem regulação nem limites. Veremos se a Grécia regressa, depois de jugulada a rebeldia, ao redil hegemónico de Berlim-Frankfurt-Bruxelas. À rédea curta de uma Europa, sem alma nem rumo, que confunde cansaço com anuência e medo com lealdade. Contudo, uma Europa assim nem precisa de inimigos. Derrota-se a si própria.

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E, assim sendo e nada mais tendo a acrescentar, despeço-me porque tenho que ir ver que roupa hei-de vestir e que maquilhagem hei-de pôr para fazer pendant com a toilette -- coisas interessantes que me desviam o pensamento das maçadas que acima divulguei.


Mais do que a maquilhagem ou a roupa, é tudo uma questão de atitude


Yves Saint Laurent - rímel Babydoll com Cara Delevingne



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Tenham, meus Caros Leitores, uma bela sexta-feira. Gozem-na bem, está bem?

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1 comentário:

Anónimo disse...

Ouvi ontem esse tal programa que refere, creio que o apanhei quase do princípio. E gostei bastante de ouvir Marisa Matias, uma mulher bem articulada e de fibra. E bonita. Paulo Trigo Pereira esteve bem, também. E consegue-se escutar Braga de Macedo. JMFernandes é o asco que já se sabia. Não surpreendeu, o que é mérito – dele, claro. Se calhar os critérios de escolha terão sido esses, que refere, meio a brincar meio a serio, quem sabe! Gosto de Viriato Soromenho-Marques, embora discorde da ideia que ele defende sobre o Federalismo Europeu. O último livro dele, que lhe referi, é excelente – "Portugal na queda da Europa" – e merece leitura atenta. Esta informação que aqui nos deixa, sobre Portugal ser uma bomba relógio, ainda vai fazer rir os Gregos, depois de tão criticados por estes patetas que nos governam hoje (vou divulgá-la junto de amigos). Mas, é muito preocupante. Embora até nem surpreenda. Uma dívida pública de 130% do PIB é obra! Esta cambada, sempre pronta a criticar o governo anterior que lhes deixou apesar de tudo um patamar de 89%,daqueles valores, “fez bom trabalho. Esmeraram-se!”.
Bom fim-de-semana! Lá partirei mais daqui a pouco para o Alentejo.
P.Rufino