segunda-feira, junho 08, 2015

Volvo Ocean Race: bye bye Lisbon-la-belle


Almoço em família ao ar livre, um déjeuner sur l'herbe, tal e qual excepto no que se refere ao dress code. Estendemos toalhas na relva, sob a copa das árvores: toalhas lilases onde se dispõe a comida, colchas e toalhas de pano florido para nos sentarmos ou deitarmos todos em volta. É muito bom isto: a simplicidade da partilha dos alimentos, dos sorrisos, conversas tranquilas, os cheiros bons e o verde da natureza. Depois os meninos brincaram e nós ficámos a descansar. Ela trazia uma caixa de maquilhagem que uns amigos do pai ontem lhe ofereceram e maquilhou-me a mim, à mãe, à tia. Depois escreveu palavras num livro que eu lhe levei. Já conhece o alfabeto todo, já escreve palavras letra a letra que lhe ditam e já sabe, por si, algumas palavras. Gosta muito de escrever. Os rapazes jogaram à bola, treparam a uma árvore, correram. E o bebé, que tem uma dicção perfeita e um vocabulário incrivelmente vasto, fazendo jus à sua fama de macaquinho de gibraltar, entreteve-se a assaltar carteiras: sacou óculos, caixas de pastilhas, porta-moedas, telemóveis, etc. 

Mas depois, a meio da tarde, veio aquele momento especial. A Volvo Ocean Race despedia-se de Lisboa e despedia-se em beleza. Uma regata frente à baixa da cidade e depois, num imponente deslizar, os belos e enormes veleiros escoltados por muitos outros de dimensão normal, todos deixando um rasgo de espuma nas águas ou o reflexo das suas cores, afastaram-se em direcção ao horizonte. Depois destes dias em Lisboa, a bela, eis que os impressionantes veleiros partiam para se fazerem ao mar.

Não vou escrever mais e vou pedir-vos desculpa por aqui colocar tantas fotografias, ainda por cima sabendo que as fotografias não conseguem transmitir a beleza assombrosa que o olhar, ali, teve a possibilidade de testemunhar.

Poderão reparar pela sequência das fotografias que o tempo, entretanto, começou a virar. Aos poucos o céu toldou-se, o ar começou a ficar abafado - e, de facto, um pouco depois dos veleiros se afastarem, levantou-se uma ventania, começou por haver uma chuva de folhas douradas e, pouco depois, começou a pingar - e regressámos a casa.







Esta fotografia panorâmica não é de minha autoria:
é da G. a quem agradeço que ma tenha enviado e permitido que a aqui a partilhe convosco










































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Acabado de receber de Leitor a quem muito agradeço, um vídeo sobre o Volvo Ocean Race em Lisboa:



Live recording: Leg 8 start - Lisbon - Lorient (gravado no dia 7 de Junho de 2015)


(... para quem tenha tempo...)


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Lá em cima a música é Mischa Maisky interpretando Rachmaninoff - Vocalise

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2 comentários:

Anónimo disse...

E ainda passaram ali perto, esta tarde, pelo Cabo Raso, para quem pôde observar.
Pela Net pode ver-se o mapa da passagem e o comentário tecnico da travessia.
Oxalá Lisboa ganhe a aposta de 2017, batendo Valência! Faço votos!
Gente animada e cheia de alegria de viver, estes/as velejadores/as!
P.Rufino

Anónimo disse...

Victorine Meurent foi a modelo de Edouard Manet, na rapariga nua do quadro "Dejeuner sur l’Herbe" e em várias das suas obras. Ao que parece, o quadro, depois de rejeitado pelo Salon terá sido exibido no outro Salon, o “des Refusés”, embora, num livro que possuo em casa, seja dito o contrário ou seja, que Napoleão III (que Victor Hugo desdenhava, apelidando-o de “Napoléon le Petit”), que gostava de ser visto como protector das artes e tinha criado o Salon des Refusés, com vista a possibilitar a exibição de quadros de artistas que eram recusados no Salon, também não teria aceite que aquele quadro de Manet ali viesse a ser exposto, considerando-o indecente. Não sei se essa versão será realmente assim. Nessa obra, a figura à esquerda é o irmão de Manet, Eugéne, embora haja outra opinião (a a combinação dos seus 2 irmãos). Manet ter-se-á inspirado no quadro de Ticiano, o “Concerto Pastoral”. Manet conheceu Victorine quando ela tinha apenas 16 anos, através do seu mestre, Thomas Couture, tendo ficado enamorado da sua beleza (com os cabelos ruivos e um olhar que ele achava “provocador”). Victorine Meurent serviu também de modelo a Manet noutro quadro que causou polémica, o seu “Olímpia”, inspirado, ao que se diz, no “Vénus” de Ticiano. Baudelaire costumava comentar sobre estas hipócritas atitudes moralistas que eles lhe faziam lembrar uma prostituta barata, que ele conheceu, Louise Villedieu, que um dia que o acompanhou ao Louvre e exclamou “como era possível exporem semelhantes indecências em público”, como se ela estivesse em posição de fazer aquele tipo de reparos!
P.Rufino