quinta-feira, março 19, 2015

A tristeza dos hologramas


No post abaixo mostrei seis cenas apagadas da série O Sexo e a Cidade - e rever o que nunca se viu é gostinho de que não devemos privar-nos.

E, mais abaixo, falei de sininhos, campainhas, sirenes, mails e sms, um folguedo misterioso que parece que se desencadeia quando algum funcionário mais zeloso espreita por debaixo das saias de alguma maria amélia arraçada de VIP para lhe ver o underware fiscal.

Mas isso é a seguir, se faz favor. Aqui, para terminar a minha jornada, quero dizer-vos que hoje percebi o que se passa comigo enquanto aqui estou: viro um holograma, deixo de ser gente.




Se eu não estivesse já tão cheia de sono procuraria um enquadramento melhor para holograma, qualquer coisa de mais filosófico, tal como que os hologramas vêem através dos homens como os deuses, mas, assim, com vossa licença, limito-me a transcrever da wikipedia:

Os hologramas possuem uma característica única: cada parte deles possui a informação do todo. Assim, um pequeno pedaço de um holograma tem informações da imagem do mesmo holograma completo. Ela poderá ser vista na íntegra, mas a partir de um ângulo restrito. Uma comparação simplista pode ser feita com uma janela: se a cobrirmos, deixando um pequeno buraco na cobertura, permitiremos a um espectador continuar a observar a paisagem do outro lado, porém, por conta do buraco, de um ângulo muito restrito; mas ainda se conseguirá ver a paisagem.
Desta forma, a holografia não deve ser considerada simplesmente como mais uma forma de visualização de imagens em três dimensões, mas sim como um processo de se codificar uma informação visual e depois (através do laser) descodificá-la, recriando "integralmente" esta mesma informação.

Há quase dez anos o fabuloso Alexander McQueen concebeu um holograma de Kate Moss. Num desfile, do nada, a imagem dela começou a formar-se, a rodopiar, presente, quase gente, e, de seguida, quando todos os que assistiam viam com fascínio a imagem daquela mulher que assim tinha nascido da luz, logo ela começou a desaparecer, imaterial, intangível, até ser nada, uns pontos de luz perdidos e, depois, a escuridão.




Dime por favor donde no estás 
en qué lugar puedo no ser tu ausencia 
dónde puedo vivir sin recordarte, 
y dónde recordar, sin que me duela. 

Dime por favor en que vacío, 
no está tu sombra llenando los centros; 
dónde mi soledad es ella misma, 
y no el sentir que tú te encuentras lejos. 

Dime por favor por qué camino, 
podré yo caminar, sin ser tu huella; 
dónde podré correr no por buscarte, 
y dónde descanzar de mi tristeza. 

Dime por favor cuál es la noche, 
que no tiene el color de tu mirada; 
cuál es el sol, que tiene luz tan solo, 
y no la sensación de que me llamas. 

Dime por favor donde hay un mar, 
que no susurre a mis oídos tus palabras. 

Dime por favor en qué rincón, 
nadie podrá ver mi tristeza; 
dime cuál es el hueco de mi almohada, 
que no tiene apoyada tu cabeza. 

Dime por favor cuál es la noche, 
en que vendrás, para velar tu sueño; 
que no puedo vivir, porque te extraño; 
y que no puedo morir, porque te quiero.


Gustavo Alejandro Castiñeiras




E agora vou desaparecer, perder-me na noite, sair voando, desfazer-me na escuridão, deixar de parecer gente, deixar de ver a vossa alma através dos computadores, deixar de ouvir o bater do vosso coração através da noite.

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O poema, lindo e triste, é de Gustavo Alejandro Castiñeiras.

A exposição Savage Beauty com obras de Alexander McQueenque pode ser vista (desde 14 de Março) até de 2 de Agosto no Victoria and Albert Museum.

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Permitam que relembre que a seguir há mais dois posts, um para os que gostam da Carrie Bradshaw ou do Mr. Big, e outro para os que gostam das brincadeirolas do Núncio das campainhas VIP.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa quinta-feira.

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