quarta-feira, fevereiro 25, 2015

Sexo a três à beira da piscina. No hotel. À noite. Com máscaras.


No post abaixo falei da comédia com que Portas presenteou os assistentes da conferência Lisbon summit 2015 que, como o próprio nome indica, decorreu em Cascais. Não fora o aprumado fatinho, quase diria que ele se imaginou a encenar uma rejubilante padeira de aljubarrota, largando espadeiradas verbais nos gregos, afirmando-se orgulhosamente português, muito melhor do que qualquer zorba pé de chinelo. And pay attention!

Mas, enfim, esse número é já a seguir e até mete um senhor que tira um peixinho dourado da boca.

Aqui, agora, a conversa é outra. Muito outra. Com vossa licença.






Ainda não vos contei. Uns dias estava cansada, noutros meteram-se assuntos de que me apeteceu falar, depois parecia que já não vinha a propósito. Foi passando. Mas ando com esta atravessada e acho que vou mesmo contar. Como aqui vos disse, estive de férias. Férias chamo-lhes eu mas incluiram o fim-de-semana e o feriado e pouco mais sobrou; mas tudo o que vá para além dos dois dias de fim-de-semana para mim já é uma festa.

Estávamos a precisar de descansar. De véspera ainda fomos para o campo, estar a ler à beira do calor aconchegante da salamandra é um daqueles suplementos de alma por que anseio quando estou com os pés na cidade e a cabeça in heaven. Depois, seguimos de lá para o Porto. Gosto de hotéis no inverno. Penso sempre que talvez fosse bom estar uns dias, talvez um mês inteiro num hotel junto ao mar, só a ler, a escrevinhar e a nadar na piscina aquecida. 

Será que as pessoas que se dedicam à escrita conseguem ter tempo para ler ou, se o fizerem, depois não conseguem agarrar o seu fio de escrita? Tenho essa dúvida.  
Talvez eu, se pudesse ter essas férias de sonho, fizesse o seguinte horário: acordava lá para as 9 e meia, pequeno almoço até às 10, caminhada na praia até às 11, leitura até às 13. Depois almoço e sesta com leitura pelo meio até às 16. Depois lanche na varanda e mais leitura. A seguir, então, tentativa de escrita. Provavelmente não me apeteceria e iria dar um passeio até às 19. Arranjava-me para o jantar. Chegava ao quarto lá para as 22. Começaria então a escrever e escreveria até à 1 da manhã. Ou seja, mesmo estando de férias, dificilmente conseguiria disciplinar-me para escrever de dia e dormir de noite.
Adiante. Quando eu começo a divergir e a enfiar outros assuntos na conversa é porque estou a enrolar. Hesito em prosseguir, é o que é.
Mas vá lá.

Na tarde do primeiro dia passeámos - mostrei-vos as fotografias. Era carnaval mas praticamente nenhuns sinais na rua. Uma ou outra criança fantasiada e pouco mais. A excepção foi um casal de mascarados venezianos que acenavam na montra de uma ourivesaria.

Estávamos a pensar jantar no hotel mas havia jantar temático, concurso de máscaras, e esse não é bem o nosso registo. Resolvemos então ir jantar no centro, uma coisa ligeira. Ainda passeámos a pé e depois regressámos ao hotel. Confettis, serpentinas na entrada, a festa já tinha começado. Cruzámo-nos com um casal, ele acho que sem nada, não me lembro, ela com uma mascarilha e qualquer coisa na cabeça, um penacho, talvez. Fui espreitar de longe o restaurante, vinha de lá música, risos. Seguimos para o quarto. Já tarde lembrei-me, e se fossemos até à piscina? O meu marido que não, que já devia estar fechada e que não sabia se já teríamos feito a digestão. Mas claro que sim, o jantar tinha sido leve, depois tínhamos andado a pé, e já tinha passado tempo mais que suficiente.

Vestimos o fato de banho, uma roupa confortável por cima e lá fomos. Adoro nadar. A piscina sem ninguém, as luzes quase apagadas. Melhor seria difícil. Mergulhei na água escura, deixei-me flutuar, deslizei, a água morna, suave.

Depois fomos até ao jaccuzzi. Pusemo-lo em baixa pressão, apenas para se sentir a água borbulhante na pele, uma quente carícia. Encostei a cabeça pata trás, fechei os olhos. O meu marido chamou-me, vê lá se te deixas dormir.

Mas, então, eis que ouvimos risos abafados vindos da porta. Para nosso espanto, três vultos requintadamente mascarados entravam no recinto da piscina. Devem ter-se escapado do concurso de máscaras mas a verdade é que pareciam saídos de um palácio veneziano. Não nos viram, estava escuro, o jacuzzi estava afastado e nós estávamos lá dentro.

Pensando que estavam sozinhos, falavam e riam com à vontade. 

Não conseguimos perceber qual a sua nacionalidade, pareciam falar uma língua que nos era estranha (mas talvez fosse o som que não chegasse bem até nós). Eram duas mulheres, cortesãs, e um homem com cabeça de leão. Calados, assistíamos àquilo sem saber o que fazer: ou mantermo-nos calados e o mais possível enfiados na água ou falarmos alto para que percebessem a nossa presença. A verdade é que, talvez por termos sido apanhados de surpresa, talvez por estarmos expectantes, deixámo-nos ficar em silêncio.

Uma das mulheres começou a correr em redor do homem e ele, brincalhão, ameaçava atirá-la à água. Ela ria, fingia que o queria empurrar a ele, ele puxava-a e ameaçava pegá-la ao colo, ela dava gritinhos e corria. O meu marido disse: ainda vão os dois à água. A outra, mais alta, limitava-se a olhar.

Às tantas, essa que estava sossegada sentou-se numa espreguiçadeira e logo a outra, afoita, gaiata, lhe saltou para o colo, sentando-se sobre ela, de pernas abertas. Depois abraçou a outra, pareceu que a ia beijar mas acho que não, apenas se deixaram ficar rosto contra rosto. E logo a primeira se atirou para trás, deitando-se na espreguiçadeira e puxando para si e abraçando a que antes andava a brincar e que agora ali estava tão sossegada.

O homem, com ar de provocadora brincadeira, fez de conta que também se ia deitar por cima delas mas, pelo tom, percebemos que elas o rejeitavam. Lamentei ser míope. Não queria pôr-me de cabeça espetada e olhos franzidos tentando focar a cena mas, assim, vendo de raspão, não conseguia perceber os pormenores. O meu marido sorria com ar malicioso. Isto ainda vai dar molho, sussurrou.

Para nosso espanto, a mais alta, que estava por baixo, deu meia volta agarrando a outra e, quase caindo ambas da espreguiçadeira, no meio de gargalhadas da mais baixa, rodou e pôs-se por cima desta. O homem ria e, aos poucos, foi-se aproximando, até que se baixou e enfiou uma das mãos por baixo das saias da que estava por cima. E ela deixou.

Então o homem pôs um joelho em terra e esticou um braço para levantar a saia dessa grandona (a pequena estava por baixo, mal se via sob a saia rodada da que estava por cima) e aí eu e o meu marido começámos a ficar atrapalhados, a brincadeira parecia estar a evoluir mais rapidamente do que teria sido suposto e o ficarmos ali começava a tornar-se comprometedor. Deslizei dentro do jaccuzzi e pus-me de costas para eles e assim fez o meu marido.

Os sons que vinham do lado deles foram-se progressivamente tornando abafados, um ou outro riso entrecortado e cavo, depois já não se riam, apenas se ouvia arfar, suspiros. Passado um bocado voltámos a ouvir vozes e o ruído das saias e percebemos que se estavam a levantar para sair. Virei-me ao de leve. Estavam sem máscaras. Para meu espanto, a mais alta era, afinal, um homem. Eram, de facto, dois homens e uma mulher. Levavam as máscaras na mão. 

Acredito que eu estivesse de boca aberta, admirada, a tentar perceber o que se teria passado. O meu marido continuava de costas e disse-me em voz baixa: Vira-teNão olhes. 

Assim o quis fazer mas o estado de atordoamento não me permitiu a rapidez necessária. Então, para meu sobressalto, quando estavam perto da porta, o homem que estava vestido de mulher virou-se, pareceu que me piscava o olho e depois, rindo-se, fez-me adeus.


...   ...


Acho que ainda não me refiz completamente. Mas, antes de vos contar isto, e apesar da hesitação, estive a procurar máscaras para mim e para o meu marido, para o ano que vem. Quando formos para a piscina, talvez possamos ir mascarados. Nunca se sabe.

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A canção é "The Last Waltz" dos A JIGSAW, a  fantástica banda blues-folk portuguesa, sobre uma montagem de Filipe Lopes.


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Interrogação: o que acabei de escrever não é um conteúdo sexualmente explícito, pois não? É que se os malucos do blogger acharem que é corro o risco de, a partir de 23 de Março, o vedarem ao público conforme anúncio pespegado em todos os blogues. Isto está a ficar lindo.


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Relembro que isto não é nada quando comparado com a orgia palavrosa (e em inglês do mais aristocrático que há) de Paulo Portas. Sobre esse belo momento de comédia poderão ler o post já a seguir.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta-feira. 
E divirtam-se à brava, é o que vos sugiro.

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5 comentários:

Rosa Pinto disse...

Amor E Sexo
Rita Lee


Amor é um livro
Sexo é esporte
Sexo é escolha
Amor é sorte

Amor é pensamento
Teorema
Amor é novela
Sexo é cinema

Sexo é imaginação
Fantasia
Amor é prosa
Sexo é poesia

O amor nos torna
Patéticos
Sexo é uma selva
De epiléticos

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão

Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Oh! Oh! Uh!

Amor é para sempre
Sexo também
Sexo é do bom
Amor é do bem

Amor sem sexo
É amizade
Sexo sem amor
É vontade

Amor é um
Sexo é dois
Sexo antes
Amor depois

Sexo vem dos outros
E vai embora
Amor vem de nós
E demora

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão

Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Oh! Oh! Oh!

Amor é isso
Sexo é aquilo
E coisa e tal
E tal e coisa
Uh! Uh! Uh!
Ai o amor
Hum! O sexo


Boa noite!!! Acho que passa - na censura!

Anónimo disse...

Bom, essa história é incrível e bem divertida! (tenho uma, um pouco diferente, mas curiosa...sobre uns 50 euros, no trajecto de Cais do Sodré Cascais!!! Inacreditável!)E gostei do poema de Rosa Pinto.
P.Rufino

Rosa Pinto disse...

Assim não vale! As histórias são para contar..

Anónimo disse...

A história verdadeira dos 50 euros "explica-se", talvez, por causa da crise e de muito atrevimento. Fica para uma próxima.
P.Rufino

Unknown disse...

Eu quero funde