segunda-feira, fevereiro 16, 2015

O que é o amor?


Gala por Dali



De que coisa é feita o amor? Que mistério é esse que aproxima quem antes se ignorava? Com que invisíveis laços se unem pessoas que antes nem se pressentiam? 

Pode amar-se alguém cujo olhar nunca se tocou? Podem as mãos não se tocar e os corações já se sentirem próximos?

Não sei. 

Nem sei em que momento se pode usar a palavra. Pode ser apenas uma curiosidade, uma vontade de descoberta, a intuição de um afecto que se esboça, uma aproximação de interesses, pode ser só isso, nada de mais. Pode nem ser amor. Ou pode até nem ser importante saber qual a palavra a usar. Talvez a palavra só sirva para atrapalhar, ser como que um compromisso desnecessário, ou uma ameaça. Pode ser até mais cómodo fazer de conta que nem se suspeita disso.


L'amoureuse de Paul Éluard - Nena Venetsanou



Olho os retratos de Gala e tantos são eles e não a acho atraente. E, no entanto, que paixões despertou. 

Do que sei (ou julgo saber), o que faz com que dois seres se sintam próximos de uma forma especial e queiram manter-se assim e cada vez mais e cada vez mais, não é algum aspecto físico em particular, não é a voz, não é o olhar, não é a inteligência, não é a sensualidade, não é a generosidade, não é o apelo da sedução, não são ss afinidades: é a mistura harmoniosa de todos estes factores e de outros e é a forma como um completa o outro, como um consegue aproximar-se do outro, como um consegue tocar o outro, como um se deixa invadir pelo outro.

Talvez tenha sido isto que Gala conseguia junto dos homens que a amaram. 


Max Ernst, Gala Dali e Paul Éluard



Elle est debout sur mes paupières
Et ses cheveux sont dans les miens,
Elle a la forme de mes mains,
Elle a la couleur de mes yeux,
Elle s'engloutit dans mon ombre
Comme une pierre sur le ciel.

Elle a toujours les yeux ouverts
Et ne me laisse pas dormir.
Ses rêves en pleine lumière
Font s'évaporer les soleils,
Me font rire, pleurer et rire,
Parler sans avoir rien à dire.


 
poema dito por Gilles-Claude Thériault


Éluard et Gala casaram-se em 21 de Janeiro 1917


Un poème, comme une tentative de surmonter un amour agonisant : l'infidélité de son égérie russe, de sa muse Gala avec le peintre allemand dadaïste Max Ernst, sorte de 'ménage à trois', et son départ avec Salvador Dali.

« Ta chevelure glisse dans l'abîme
qui justifie notre éloignement. »

Entre un passé heureux et quelques souvenirs, la brisure du lien amoureux.


Gala e Dali - até que a morte os separou

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1 comentário:

Rosa Pinto disse...

Amor é: partilha.

Beijinho