quarta-feira, fevereiro 18, 2015

Monte Faro, um monte maravilhoso - [3º de 4 percursos no Minho]


Vindos da Praia de Moledo, conforme contei no post abaixo, o destino era o Monte Faro. Se há restaurante que justifica uma viagem do outro lado do mundo, é o Restaurante de Monte Faro. Estava a apetecer-me um assado no forno ou umas vieiras a saber a mar. Para lá nos dirigimos, pois: à saída de Valença, vira-se à direita e começa a subir-se, monte acima. 

Uma vez lá chegados, logo percebemos que estava fechado. Claro que se fossemos previdentes, teríamos telefonado antes mas, estando em férias, toda a previdência nos abandona, vamos indo ao sabor do que nos vai ocorrendo.

Mas o local em si é de tal beleza que não era o desapontamento pelo restaurante fechado que iria abalar a minha boa disposição.







Isabel Silvestre  canta"Carinhosa" com as Vozes de Manhouce





A rocha é omnipresente, e é tão bela quando em estado original ou quando trabalhada. Os musgos, os líquenes e o sol dão-lhe um tom quase dourado que se mistura com a cor macia da rocha.

Como sempre, quando andamos nestes lugares mágicos, não encontramos vivalma. Andamos pelas rochas, vamos até aos miradouros, subimos aos socalcos de pedra, acercamo-nos das quedas de água e ninguém. Por vezes o meu marido diz que não nos devemos afastar muito, que estamos ali completamente sozinhos. Mas não sinto medo, sinto-me, isso sim, quase em êxtase.

Depois vimos um cão deitado na estrada. Era de uma casa lá para cima, acho que era um abrigo para os romeiros. O meu marido agarrou num pau. Mas o cão nem nos deve ter visto, o nosso percurso levou-nos em sentido oposto, lá para o interior do bosque.

Há lá uma capela, da Senhora do Faro, mas também estava fechada. Costumam fazer romarias até lá. Mas há figuras religiosas nas pequenas fontes de onde jorram fios de água que enchem de música todo o espaço.




Gostei particularmente desta. A simplicidade e beleza da pequena figura. Santa Tereza. Santa Tereza cheia de graça.




Santa Tereza, 1707. 




E depois vimos que não estávamos sozinhos. Um animal lustroso e de olhar complacente percorria a estrada com vagar. Temi: e se se atira a nós? Mas o meu marido disse que não, o boi tinha as patas da frente presas, andava devagar. Para não fugir, para não se perder. Por isso, o seu olhar era tão expectante, talvez temesse que lhe fizéssemos mal e não conseguisse fugir. Tive vontade de lhe fazer uma festa, de conversar, mas receei que se assustasse e temi que pensasse que a sua condição de algemado o diminuía ao ponto de já nem impor respeito.




Por isso, seguimos para Valença, deixando para trás a beleza de Monte Faro e a solidão de um animal que talvez se pense aprisionado mas que é mais livre do que a maior parte das pessoas.

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