Os noticiários mostram doentes oncológicos que estão a ver as suas cirurgias adiadas. Uma senhora falava sem mostrar o rosto mas as mãos retorciam-se de ansiedade enquanto falava.
Os noticiários dão conta de médicos demissionários: já não aguentam mais. As urgências estão caóticas.
Os noticiários dão conta de médicos demissionários: já não aguentam mais. As urgências estão caóticas.
Os jornais trazem testemunhos de doentes e médicos descrevendo o que se passa nos hospitais públicos, horas de espera, condições de terceiro mundo.
Transcrevo um excerto da crónica de José Gameiro, médico psiquiatra, no Expresso, a que deu o título 'Urgências e erros médicos'
A política de contratação avulsa de médicos à hora, sem qualquer coesão de equipa, é desastrosa, podendo levar-nos a pensar que há uma intenção deliberada de privilegiar a ida aos serviços de saúde privados, naturalmente para os que podem pagar, libertando espaço nos públicospara os pobres e remediados. Pequeno pormenor: em Portugal, dois terços da população é pobre ou remediada.
(...) As equipas actuais de alguns serviços de urgência são uma soma de profissionais cansados, exaustos, desejosos de sair dali o mais depressa possível, numa relação tensa com os doentes, por vezes sujeitos à agressividade de quem esteve dez horas à espera com a expectativa que sejam empáticos, cuidadosos, eficientes, que falem com os doentes sem pressas e que não se enganem no diagnóstico e na terapêutica... Médicos que trabalham desenquadrados dos serviços para onde enviam os doentes a necessitar de internamento, que tomam decisões complexas no mais completo isolamento.
Quem organiza equipas de urgência desta forma é moralmente responsável pelos acidentes terapêuticos que ocorrerem.
Pois.
Depois da Educação e da Justiça, agora a Saúde. Paulo Macedo foi emoldurado pelos spin doctors do Governo como um bom minsitro e os papagaios da comunicação social repetiram-no à saciedade. Mas como pelos frutos é que os conhecemos, pergunto: perante o caos instalado na Saúde Pública, perante o que os doentes se vêem forçados a passar, alguém de boa fé ainda pode dizer que Paulo Macedo é um bom ministro?
Quantas desgraças terão ainda que acontecer, quantas mais horas de desconforto, incómodo e perigo terão os doentes que passar nas urgências, que quantidade mais de exaustão terão os médicos e enfermeiros ainda que sofrer para que alguém resolva deitar a mão a este problema chamado Paulo Macedo e Passos Coelho?
E só se fala destes ministérios porque lidam mais directamente com a população. Mas... e a Economia? Paralisada. E as Finanças...? A paralisar os restantes.
Mas todos continuam impunemente em funções. Passos Coelho, para além de ser malcriado - mesmo para outros primeiro-ministros - e ostentar o seu proverbial ressabiamento, nada mais faz. Paulo Portas há-de sair como entrou: sem ter feito nada a não ser números circenses.
E Cavaco Silva é outro que tal: de palpável a única coisa que se vê da sua parte é a pôr a mão por baixo do Governo.
Um país que merecia melhor do que estas fracas figuras que andam para aqui a fazer de conta que governam, é o que é este meu pobre Portugal.
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