quinta-feira, janeiro 29, 2015

Quantas mais cirurgias têm que continuar adiadas? Quantas mais mortes nas urgência têm que ocorrer? Quantos mais médicos têm que se demitir? Quantas mais pessoas têm que sofrer ou inquietar? - até que Paulo Macedo se vá embora e dê a vez a alguém que saiba ser Ministro da Saúde? E Cavaco Silva, uma vez mais, não vê que mais um pilar do Estado não está a funcionar como deve ser?


Os noticiários mostram doentes oncológicos que estão a ver as suas cirurgias adiadas. Uma senhora falava sem mostrar o rosto mas as mãos retorciam-se de ansiedade enquanto falava.

Os noticiários dão conta de médicos demissionários: já não aguentam mais. As urgências estão caóticas. 




Os jornais trazem testemunhos de doentes e médicos descrevendo o que se passa nos hospitais públicos, horas de espera, condições de terceiro mundo.



Transcrevo um excerto da crónica de José Gameiro, médico psiquiatra, no Expresso, a que deu o título 'Urgências e erros médicos' 


A política de contratação avulsa de médicos à hora, sem qualquer coesão de equipa, é desastrosa, podendo levar-nos a pensar que há uma intenção deliberada de privilegiar a ida aos serviços de saúde privados, naturalmente para os que podem pagar, libertando espaço nos públicospara os pobres e remediados. Pequeno pormenor: em Portugal, dois terços da população é pobre ou remediada.

(...) As equipas actuais de alguns serviços de urgência são uma soma de profissionais cansados, exaustos, desejosos de sair dali o mais depressa possível, numa relação tensa com os doentes, por vezes sujeitos à agressividade de quem esteve dez horas à espera com a expectativa que sejam empáticos, cuidadosos, eficientes, que falem com os doentes sem pressas e que não se enganem no diagnóstico e na terapêutica... Médicos que trabalham desenquadrados dos serviços para onde enviam os doentes a necessitar de internamento, que tomam decisões complexas no mais completo isolamento.

Quem organiza equipas de urgência desta forma é moralmente responsável pelos acidentes terapêuticos que ocorrerem. 


Pois.

Depois da Educação e da Justiça, agora a Saúde. Paulo Macedo foi emoldurado pelos spin doctors do Governo como um bom minsitro e os papagaios da comunicação social repetiram-no à saciedade. Mas como pelos frutos é que os conhecemos, pergunto: perante o caos instalado na Saúde Pública, perante o que os doentes se vêem forçados a passar, alguém de boa fé ainda pode dizer que Paulo Macedo é um bom ministro? 

Quantas desgraças terão ainda que acontecer, quantas mais horas de desconforto, incómodo e perigo terão os doentes que passar nas urgências, que quantidade mais de exaustão terão os médicos e enfermeiros ainda que sofrer para que alguém resolva deitar a mão a este problema chamado Paulo Macedo e Passos Coelho?

E só se fala destes ministérios porque lidam mais directamente com a população. Mas... e a Economia? Paralisada. E as Finanças...? A paralisar os restantes.


Mas todos continuam impunemente em funções. Passos Coelho, para além de ser malcriado - mesmo para outros primeiro-ministros - e ostentar o seu proverbial ressabiamento, nada mais faz. Paulo Portas há-de sair como entrou: sem ter feito nada a não ser números circenses.

E Cavaco Silva é outro que tal: de palpável a única coisa que se vê da sua parte é a pôr a mão por baixo do Governo.

Um país que merecia melhor do que estas fracas figuras que andam para aqui a fazer de conta que governam, é o que é este meu pobre Portugal.



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