Um a um, todos vão ao beija-mão aos esquerdistas radicais que tanto encanitam o láparo (a ponto de se tornar inconveniente) e que despertam no Ricardo Costa o grande educador da classe política que há dentro dele (a ponto de já estar a dar palpites e a antever desgraças).
Eu cá, por mim, não sei o que vai acontecer na Grécia mas, seja o que for, é de certeza melhor do que a indignidade a que têm estado a ser sujeitos e, mesmo que venham a sofrer alguns sobressaltos, eles serão menos graves do que o verem-se despidos de soberania e esperança, como aconteceu até aqui. A expectativa que agora atravessam vale bem um ou outro susto; e, de resto, só se deixa ficar de gatas com medo do bicho mau quem é um grandesíssimo cobarde ou uma sensível princesinha.
Velhinhas e mariquinhas assustadiços que ao mínimo sopro vão logo a correr tirar o dinheiro dos bancos nacionais para os irem depositar nos bancos alemães ou suíços há em todo o lado. Não sei quantos milhões voaram de lá mas hão-de voltar e as velhinhas e os mariquinhas hão-de voltar a ficar sossegados.
O que eu vejo é que, aos poucos, o paradigma está a mudar e o mundo parece respirar de alívio por alguém ter ousado avançar noutra direcção.
Esta austeridade cega que afunda os países no lodo onde só se sentem bem láparos, ratos e um ou outro verme, já mostrou ao mundo que este não é o caminho para controlar a dívida nem para nenhuma coisa decente.
Contudo ninguém sabia bem o que fazer, como fazer. Agora, se estes malucos dos gregos não se importam de partir a loiça e, afoitos, não se importam de avançar às cegas, o mundo agradece e vai dar uma ajuda, nem que seja à socapa.
Esta austeridade cega que afunda os países no lodo onde só se sentem bem láparos, ratos e um ou outro verme, já mostrou ao mundo que este não é o caminho para controlar a dívida nem para nenhuma coisa decente.
Contudo ninguém sabia bem o que fazer, como fazer. Agora, se estes malucos dos gregos não se importam de partir a loiça e, afoitos, não se importam de avançar às cegas, o mundo agradece e vai dar uma ajuda, nem que seja à socapa.
No meio disto quem é que vai ficar isolado? O láparo e os seus apaniguados. Até a Merkel teve a decência de lhes desejar força e felicidades. Só o láparo, o de lima, o camelo e um ou outro papagaio que ainda não virou o bico ao prego é que ainda não perceberam que um sopro de mudança começou a varrer a Europa.
Transcrevo do Expresso:
"Tive uma discussão construtiva e aberta" com o novo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, disse em Atenas Martin Schulz, presidente do Parlamento Europeu, depois da reunião que ocorreu entre ambos esta quinta-feira. Schulz é o primeiro alto responsável europeu a reunir com o novo governo helénico saído das eleições de domingo, ganhas pelo Syriza, o partido liderado pelo atual primeiro-ministro.
Schulz deu uma tónica otimista e procurou reduzir a crispação que surgiu nos últimos três dias e que influenciou negativamente os mercados financeiros . "Há a impressão dentro da Europa que o novo governo grego irá seguir um caminho separado. Mas descobri hoje que esse não é o caso", disse o presidente do Parlamento Europeu, segundo o diário "Kathimerini".
O político alemão adiantou, ainda, que houve acordo em muitos pontos, "enquanto outros necessitam de mais discussão". O jornal grego sublinha que houve concordância em dois temas: no combate à evasão fiscal e na avaliação da austeridade que "não consegue fazer emergir a Europa da sua crise". Schulz terá concordado na ideia que o programa de investimento público grego deverá ser excluído dos cálculos do défice orçamental.
O jornal grego, com base em fontes, adianta que o presidente do Parlamento Europeu terá pressionado Tsipras para que obtenha uma extensão do programa de resgate e que apresente exemplos concretos de medidas que criem receitas, antes de pressionar para o alívio da dívida.
Esta sexta-feira é esperado em Atenas o ministro das Finanças holandês, Jeroen Dijsselboem, presidente do Eurogrupo (reunião dos ministros das Finanças da zona euro), que reunirá com Yanis Varoufakis, o novo ministro das Finanças grego, que afirmou esta quinta-feira que o encontro servirá para iniciar as negociações com os parceiros europeus. "As negociações com os nossos parceiros europeus começam com esta visita, que conduzirá a um acordo viável e compreensível", disse Varoufakis.
O ministro das Finanças não vai parar a partir de domingo. Pegará na mala para reunir no domingo com o homólogo inglês George Osborne, aproveitando para se encontrar em Londres com investidores. Na segunda-feira voará para Paris, onde se reunirá com Michel Sapin, ministro das Finanças, e com Emmanuel Macron, ministro da Economia. Finalmente, na terça-feira deslocar-se-á a Itália, onde reunirá com o ministro das Finanças Pier Carlo Padoan.
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O rumor do estio atormenta a solidão de Electra
O sol espetou a sua lança nas planícies sem água
Ela solta os seus cabelos como um pranto
E o seu grito ecoa nos pátios sucessivos
Onde em colunas verticais o calor treme
O seu grito atravessa o canto das cigarras
E perturba no céu o silêncio de bronze
Das águias que devagar cruzam seu voo
O seu grito persegue a matilha das fúrias
Que em vão tentam adormecer no fundo dos sepulcros
Ou nos cantos esquecidos do palácio
Porque o grito de Electra é a insónia das coisas
A lamentação arrancada ao interior dos sonhos dos remorsos e dos crimes
E a invocação exposta
Na claridade frontal do exterior
No duro sol dos pátios
Para que a justiça dos deuses seja convocada
[Electra, de Sophia de Mello Breyner Andresen, enviada pelo Leitor HB, a quem muito agradeço, num comentário aqui abaixo]
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E, com os meus agradecimentos ao Carlos que ma deu a conhecer,
E, com os meus agradecimentos ao Carlos que ma deu a conhecer,
Agnes Baltsa - Áspri méra ke ya mas (There will be better days, even for us)
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3 comentários:
Electra, de Sophia de Mello Breyner Andresen
O rumor do estio atormenta a solidão de Electra
O sol espetou a sua lança nas planícies sem água
Ela solta os seus cabelos como um pranto
E o seu grito ecoa nos pátios sucessivos
Onde em colunas verticais o calor treme
O seu grito atravessa o canto das cigarras
E perturba no céu o silêncio de bronze
Das águias que devagar cruzam seu voo
O seu grito persegue a matilha das fúrias
Que em vão tentam adormecer no fundo dos sepulcros
Ou nos cantos esquecidos do palácio
Porque o grito de Electra é a insónia das coisas
A lamentação arrancada ao interior dos sonhos dos remorsos e dos crimes
E a invocação exposta
Na claridade frontal do exterior
No duro sol dos pátios
Para que a justiça dos deuses seja convocada
Desejo-lhe uma óptima noite e um óptimo dia
Um abraço
HB
Olá Humberto, boa noite,
Belíssimo poema e que oportuno. Já o coloquei lá em cima, no post.
Muito obrigada!
Um abraço, Humberto.
A Europa e o Mundo, ou pelo menos alguns dos seus mais destacados dirigentes, começam a perceber o que se passou na Grécia e porque é que os gregos se decidiram por aquela mudança. Li também um comentário de Paul Krugman, muito interessante e sensato, objectivo, sobre a situação grega. O novo governo grego merece respeito e não duvido que irá restaurar o prestígio e dignidade do seu povo. É constituído por gente competente e com visão política, que põe os interesses do país à frente dos interesses e traficâncias privadas. Tsipras vai, estou em crer, acabar por fazer História, nesta Europa esgotada, sem projectos e refém dos EUA. Apoio igualmente, sem hesitação, a sua nova posição, mais pragmática, relativamente à Rússia.
O contraste com a esperança que dali vem, com a mediocridade servil e boçal com o que aqui nos deparamos é abissal! Aqui afundamo-nos todos os dias. Na Saúde, no Ensino, na Justiça, na Economia, na Solidariedade Social, etc.
P.Rufino
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