segunda-feira, janeiro 05, 2015

José Sócrates e as respostas que deu à TVI: desobediência ao Super-Alex e ao Rosarinho?, tentativa de influenciar a opinião pública e, dessa forma, a justiça? Têm razão o catraio Marques Mendes e o grande artista de televisão Marcelo Rebelo de Sousa quando dizem o que dizem?


Pois bem. Estou-me nas tintas para o catraio Marques Mendes que usa a televisão para se limpar de cada insinuação que é publicada a propósito do seu envolvimento aqui, ali e acolá, nomeadamente no silenciado escândalo dos Vistos Gold e que gosta de se armar em cartomante ao serviço do governo. 


Tal como me estou nas tintas para o tacticista partidário Marcelo que diz o que lhe parecer conveniente dizer, sem uma linha de rumo mental mas arranjando sempre maneira de louvar o PSD (mesmo que encapsuladamente), num oportunismo mediático que já enjoa, não medindo os meios para atingir os fins - nomeadamente não se ensaiando nada para se arrogar o direito de tecer juízos morais sobre a vida das pessoas como se fosse um deus, acima de tudo e de todos, que tudo soubesse e a quem todos os juízos de valor, fundamentados ou não, fossem permitidos. Um traste disfarçado de doutor comentador.


Penso por mim e não pela cabeça destes oráculos já puídos de tanto lustro que andam há séculos a puxar ao que lhes interessa, nomeadamente a si próprios. 

Acho muito bem que Sócrates use todos os meios para se defender já que a acusação usa de todos os meios para o acusar na praça pública.

E só tenho pena que tudo isto se passe num país que deveria ser democrático e respeitador dos direitos das pessoas. Prender uma pessoa sem lhe dizer factualmente de que é acusada e permitir que a comunicação social se entretenha a difamar essa pessoa como estando a divulgar peças do processo é uma infâmia que não consigo admitir.

Por isso, só espero que Sócrates não se deixe vencer e mantenha bem viva dentro de si a convicção de que um ser só deixa de ser livre quando deixa de querer lutar pela sua liberdade - tal como espero que, se houver provas sólidas, o acusem e, se não houver, que o deixem em paz. De vez.


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As imagens provêm do blogue We Have Kaos in the Garden.
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No post abaixo podem ver o retrato de um Homem sem Qualidades. Digno de ser visto.

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2 comentários:

Fernando Ribeiro disse...

Para desenjoar do pequenino (em todos os sentidos) Mendes e do inventor de "factos políticos" Marcelo, experimente ouvir o Pacheco Pereira na SIC Notícias, aos domingos, pouco depois das 20 horas (mais ou menos por volta das 20 horas e 3 minutos), se o futebol não atrasar o programa, o que acontece com muita frequência. O programa dele dura cerca de um quarto de hora e chama-se "Ponto contra Ponto". Aborda diversos temas, com destaque para a política no seu significado nobre e não para a politiquice. É uma lufada de ar fresco. Este domingo, depois de ter falado, de forma nada laudatória, do 150º aniversário do Diário de Notícias, o Pacheco Pereira abordou, de forma extremamente crítica, os comentários ofensivos e caluniadores que se encontram nos sites e páginas no Facebook de diversos jornais, terminando o programa com o chamado "jornalismo do cidadão" feito na Internet. Deu um exemplo real, passado nos Estados Unidos, sobre a difamação de pessoas famosas. Isto dito assim não tem graça nenhuma. Era preciso assistir ao programa. "Ponto contra Ponto" é, em geral, um programa a não perder.

Anónimo disse...

Estou de acordo consigo, quanto a estas duas personagens. O pequeno Mendes usa a TV para limpar as nódoas que lhe caiem em cima e opina de cátedra sobre vários temas, como foi o caso agora de Sócrates. Mas é pouco relevante e mais inofensivo. Marcello é pior, pois tem popularidade – vá lá saber-se porquê! É um embuste, um manipulador, falso, sem um pingo de idoneidade como comentador. E, como Conselheiro de Cavaco, naturalmente não o pode criticar abertamente, mas também não o faria, pois pensa como ele. Ainda ontem me contorci todo, cheio de ganas de lhe dar uns piparotes, quando limpou e embelezou o provocativo discurso de Ano Novo da múmia de Belém. A Múmia é desonesta e fez um discurso nessa linha de profunda desonestidade. Falou em promessas que se fazem e que depois se não cumprem, a pensar no PS e nas próximas eleições, esquecendo, deliberadamente, que Passos fez imensas (não faria cortes na Função Pública, nas Pensões, nas Reformas, etc, etc.) e depois foi o que se viu. Falou na “queda” do desemprego, quando sabe bem que os desempregados deixam de o ser, pouco tempo depois de estarem a receber o subsídio de desemprego, pois passam para uns “cursos de formação”, a receberem uma miséria, onde ainda descontam e depois rua, embora deixem de estar nas estatísticas dos desempregados. Ora, este “ovo de Colombo maléfico”, inventado por este governo, deveria ter sido desmascarado pelo PR. Mas não foi.
Quanto à entrevista de Sócrates, aquilo que me preocupou foi o que ele ali diz, sobre não saber as acusações de que é alvo! É gravíssimo tal procedimento, embora, lamentavelmente, a Lei o permita. Num Estado de Direito, todo o indiciado tem obrigação de saber de que é suspeito, com vista à sua defesa. Não é o caso da nossa Justiça. Sócrates rebate algumas acusações de que é alvo – na Comunicação Social, pasme-se! – o que significa que, a existirem, ele teria de as conhecer. O que não lhe foi, pelos vistos, facultado! Coloca-se agora a hipótese de ele ser acusado de violação do segredo de justiça. Pergunto e aquilo que tem sido enviado a conta-gotas, quase diariamente, para a imprensa sobre o que hipoteticamente recai sobre ele? São informações falsas? Se são, porque se encontra ele preso? Se são verdadeiras, porque se escondem dele, para melhor se defender, visto o direito à defesa é uma das pedras basilares de qualquer Código Penal e Processual Penal democráticos?
E, entretanto, a Direita alvar que corrói o tecido social e económico do país, por lá continua com o seu plano de destruição nacional.
P.Rufino