terça-feira, dezembro 09, 2014

O Pai Natal chegou e a autora de Um Jeito Manso recebeu o seu primeiro presente. Aqui deixo o meu agradecimento, que nunca será suficiente, ao Leitor que tão amavelmente me ofereceu um livro seu, Quadras Impopulares, com dedicatória e tudo.


No post abaixo falo dos Métiers d'Art, reportando-me também aos meus dotes manufactureiros e às minhas dúvidas sobre como ocuparei o meu tempo um dia que me reforme. Mas tanto tempo ainda falta que nem vale a pena estar já a especular sobre isso.

Por isso, adiante.

Meu amigo está longe



Foi com emoção que li o mail de um Leitor que me informava ter-me deixado um presente num esconderijo, cuja localização referenciava - aliás, à semelhança do que já tinha acontecido o ano passado.

Já lhe contei a ele, por mail, mas aqui fica descrito. Não descansei enquanto não fui lá. A minha locomoção está ainda um bocado limitada mas, com o carro perto, e o meu marido esperando pacientemente pela minha lenta passada, fomos até ao local.

E lá estava estava ele, bem escondido, embrulhadinho, protegido. E então, trazendo-o comigo, toda contente, logo ali o fotografei junto ao rio, numa tarde fria e luminosa, o Tejo muito azul, cheiroso.


Quadras Impopulares de Joaquim Castilho,
(ainda hermeticamente fechado dentro do saco de plástico).

Um livro com dedicatória. As palavras de um amigo que me agradece como se não fosse que eu que tivesse razões para agradecer tudo, as palavras gentis, a presença, o incentivo, a estima tantas vezes manifestada - e aqui permito-me estender as minhas palavras de agradecimento, que vão em primeiro lugar para Joaquim Castilho, a todos os Leitores que me acompanham de uma forma tão calorosa e afável.


Nestas alturas sou como uma menina que recebe um presente e está desejando de o ver, de o ter consigo. Soltei-o do seu invólucro, e enquanto andava, logo ali o vim lendo, neste lugar tão especial.

Com humor, diz Joaquim Castilho no cartão que acompanha o livro que, numa tentativa de se enquadrar, inventou umas quadras de pé quebradíssimo para manjericos de Santo António ou fadunchos esfarrapados.

Pois que seja; e eu, por ele pedir fados, escolhi Gisela João e a sua forma autêntica de os sentir para nos acompanhar. E escolhi algumas das suas quadras soltas, aquelas para as quais encontrei fotografia minha que me parecesse acasalar com as palavras.



Casa morta, ruína, sombra que voou
Destroços de vidas que terminaram
Um grito surdo que encontraram
Enterrado num tempo, que se acabou.



Eras como um rio lento
Sem ouvir a cor do mar
Meandros mágicos do vento
Histórias, lendas de encantar.



Num mar de longos abraços
Onde um rio se desfaz
Ora vento ora sargaços
Sombras de memória e paz.



Pássaro jovem que voa
Sem nunca aprender a voar
Razão que sempre entoa
Do rio jovem sem ter mar.




Num poema ou fotografia
Uma sombra iluminada
Em tudo ou num quase nada
Um brilho profundo acontecia.



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Todas as fotografias foram feitas no sítio mágico do Ginjal.

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Muito obrigada, Joaquim! O meu Natal já está a ser muito bom.


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