segunda-feira, novembro 03, 2014

Miguel Veiga a Clara Ferreira Alves no Expresso: "Este PSD entristece-me e revolta-me". Bela entrevista (com Charlotte Rampling, Benjamin Britten, Sylvia Plath, Paula Rego, Graça Morais, Júlio Pomar e Mário Eloy - aqui por perto).


No post a seguir a este enviei à Margarida palavras escritas para um poeta, jardins, bichos, flores à beira rio. Tudo para ver se consigo mostrar como gostei do chapéu de rosas que no outro dia me enviou.

Mais abaixo ainda tenho uma história sobre juízes num motel, uma cena no futebol que mete um tal de Macedo e, ainda, uma colagem da Lovely Lídia sobre os banqueiros portugueses.

Mas tudo isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra.









O que é este PSD, o de Passos Coelho? Não é o teu.

Não! Não é o PSD, mas talvez possa voltar a ser o que foi, se mudarem os órgãos dirigentes. É difícil, porque os que lá estão agarram-se com unhas e dentes. Fizeram daquilo a sua vida. Ou melhor, a sua vidinha. É um mundo que me é completamente estranho e, pior do que isso, e não me quero enfeitar, que me repugna.


Entristece-te ver o partido refém de interesses que rejeitas e sem inteligência programática?

Entristece-me e revolta-me. Revolta-me. Andámos nós a dar o coiro ao manifesto para chegarmos a este estado de coisas.


Donde vem esta nova geração? Há quem diga que é um partido de retornados nos lugares dirigentes. Gente que quando chegou de África se sentiu rejeitada por Portugal, estrangeira. Há quem diga que são os apparatchiks que nunca passariam de ínfimos actores no velho PSD. Concordas?

É verdade tudo isso. É a gestão e aproveitamento dos interesses.



Se Sá Carneiro não tivesse morrido o partido teria tido outro rumo?

Tinha, Indiscutivelmente. O Barroso já é um produto híbrido. E no mau sentido da palavra. É o que os franceses chamam "un profiteur". Um aproveitador.


E a figura de Cavaco? Às vezes penso o que teria sido um encontro dele com Sá Carneiro. Uma coisa cómico. O cavaquismo tornou-se o PSD e o país tornou-se o cavaquismo.

Cómica ou trágica. Tens toda a razão. Por incrível que pareça, o PSD tornou-se o cavaquismo. E de que maneira. Cavaco é um elemento espúrio.




Fundaste o PPD. Não me digas que ser expulso de algo que se fundou não traz violência emocional. Amargura?

Claro que traz, mas esta gente que domina o PPD é tão baixa que não me afecta. É gente sem história, sem princípios. Tudo é possível. Se me expulsassem não me fazia mossa. Amargura não, desilusão sim.

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O que acima se escreveu são excertos da entrevista concedida por Miguel Veiga a Clara Ferreira Alves para a Revista do Expresso deste sábado. Miguel Veiga, nascido em 1936 no Porto, é advogado, portuense, fundador do PSD, de que foi vice-presidente, membro de comissões políticas e conselhos nacionais (e recentemente ameaçado de expulsão por ter apoiado Rui Moreira para a Câmara do Porto). Vive na Foz. Gosta de livros, pintura e escultura.


(E, como acima se mostrou, é pessoa de duras verdades. Mas também de grandes amizades. Sobre a sua amizade com Mário Soares diz: Uma indestrutível amizade. Sempre apoiei as candidaturas presidenciais do Mário soares. Sou um amigo e admirador indefectível. É o grande político do século XX. Um internacionalista.]


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O vídeo lá em cima mostra The Night Dances e transcrevo parte do texto que acompanha o vídeo: 

Explore the subtleties of Benjamin Britten's composition for cello through the lens of the American Poet, Sylvia Plath, considered one of the leading cultivators of confessional poetry. Actress Charlotte Rampling reads in French and English, and Sonia Wieder-Atherton performs cello suites of Britten, in a moving performance, the only UK & Ireland date before a 2015 tour.


As imagens que usei ao longo do texto são fotografias que fiz este domingo no Centro de Arte Moderna da Gulbenkian e mostram respectivamente obras de Paula Rego, Graça Morais, Júlio Pomar e Mário Eloy. Aliás a Gulbenkian fervilha de exposições imperdíveis. A quem possa, recomendo vivamente uma deslocação até lá.





Depois há o maravilhoso jardim. A zona do grande relvado este domingo estava cheia de gente, uma alegria, Claro que há depois os mil recantos para alguma privacidade, leitura sossegada, namoro recatado. Mas na zona mais ampla, o chilreo dos pássaros misturava-se com o riso das crianças. Muito bom.

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Relembro: seguindo por aí abaixo, encontrarão, meus Caros,  mais dois posts que têm de tudo um pouco (Rilke, Pixinguinha, gatos e gaivotas, juízes num motel, o Macedo, etc).


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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela semana a começar já por esta segunda-feira.


1 comentário:

Anónimo disse...

quantas vezes ouvimos dizer que o dinheiro não é tudo, mas quantas pessoas passavam à prática o ditado - https://www.youtube.com/watch?v=CIuJOYceU3o


bob marley