quarta-feira, outubro 15, 2014

Passos Coelho rejeita o fanatismo orçamental, Nuno Crato renega o experimentalismo, Paula Teixeira da Cruz nega o caos, Paulo Porta desconhece o que significa 'irrevogável', Maria Luís Albuquerque nunca tinha ouvido falar de SWAPS, Cavaco Silva quer clarificar uma coisa completamente errada (dita pelos do Governo)... e eu hoje não estou para os aturar. Preferia estar à chuva in heaven. Ou a ver ao vivo as peças da Cal Lane.


No post abaixo eu e a Gisele já partilhámos convosco um pouco de Chanel Nº5. Espero que gostem. 


Aqui, agora, estava com vontade de perguntar ao Passos Coelho, ao Paulo Portas, à Maria Luís Albuquerque, ao Nuno Crato, à Paula Teixeira da Cruz, e a toda essa gente que tirou uns tempos para vir estragar a nossa qualidade de vida com a sua desfaçatez, se julgam que somos tão mentecaptos como eles parecem ser.

Passo-me com eles, juro.

Passam a linha encarnada do decoro. Mas gente daquelas não sabe o que significa decoro. Aliás, se nem sabem o que significa linha encarnada como é que haveriam de saber o significado de decoro? Palavras difíceis não é coisa que lhes assista. 

Além disso, ou são ou esforçam-se por parecer descarados, troca-tintas, arrogantes na sua falta de vergonha, julgam que podem fazer de nós parvos todos os dias (é que podiam tentar isso apenas dia sim, dia não, mas qual quê? é que é todos os dias, caraças). 

O Crato - que não pode ser matemático, aquilo lá deve ser um sapateiro e um sapateiro de botas da tropa, sapatolas atamancadas às três pancadas - hoje veio dizer que para o ano não vai haver experimentalismos e que vai fazer as coisas com tempo. E a uma pessoa que ouve isto só apetece despejar uma garrafa de água bem gelada na cabeçorra daquela criatura. 

Então afinal de contas este ano, tudo isto da colocação de professores, foi um experimentalismo...? E foi um experimentalismo em cima do joelho e à última hora...? 
Boa, C.Rato, boa. E achará o C.Rato que para o ano ainda será ele que vai estar à frente do Ministério para estar com uma conversa destas? 
O fulano é mas é um metafísico do caraças, pratica o esoterismo, telefona de manhã para a SIC, para a Maria Helena lhe deitar as cartas e resolver os dilemas, coisa assim. Cruzes, canhoto. Há com cada maluco.

E não atinam com o défice e nem mesmo no orçamento conseguem encolhê-lo para os 2.5%. É que, quem faz um orçamento, tem muita margem já que os números aguentam tudo: traulitada para aqui, traulitada para ali, martelada de um lado, sapatada de outro, querendo-se faz-se o que se quer (e, como se tem visto com o governelho do láparo, uns meses depois aparecem com um rectificativo e, mais dois ou três, e mais um rectificativo e, portanto, rigor é outra das muitas coisas que não lhes assiste). Mas, apesar de tudo, apesar de todas as habilidades, nem assim os queridos conseguiram encolher o miúdo.

Então, chico-espertos, lembram-se de habilidades umas em cima de outras: começaram por se sair com aquele engodo parvo de porem o futuro governo a devolver os impostos que eles vão cobrar e hoje apareceu o Passos, qual homem da Tecnoforma (ou era da Regisforma que se dizia o homem da Regisforma?), qual vendedor de banha da cobra, a dizer que não vai colocar o défice do OE nos pré-proclamados 2.5% porque isso seria fanatismo orçamental e contraproducente.


Esqueceu-se o pobre vendedor que, logo no mesmo dia, veio uma rabecada de três em pipa dos lados de Bruxelas, dizendo que o défice este ano, anda, anda, e ainda vai parar aos 7.5% e que o orçamento para 2015 está uma belo cocó, tudo do lado da receita e nada do lado da despesa como era suposto. Esqueceu-se ou fez-se esquecido porque não lhe agradou a conversa e só agarrou naquela do défice para ver se fazia umas flores, saindo-se, o espertinho, com aquela do fanatismo. E logo ele, o fanático de serviço. Mas lá está, cá para mim nem sequer é fanático, é simplesmente destituído. Defende uma coisa e o contrário com a mesma cara de pau e provavelmente sem perceber o que é que está a defender.


Mas a gente, perante as habilidades verbais desde governelho, perante as piruetas linguísticas e morais desta gente, quase já não consegue reagir, tudo isto parece uma rábula, um cartoon, uma salsicha governativa.


Eu, pelo menos, tenho dias em que só me apetece mandá-los a todos para sítios pouco recomendáveis. Que falta de paciência, senhores. Só me ocorrem imprecações populares que metem expressões como a pata que os pôs e outras variantes menos nobres - mas não vou aqui usá-las pois animais de capoeira não são para aqui chamados.


Adiante.

No outro dia enviaram-me uma fotografia de uma obra de arte dizendo que era da Joana Vasconcelos, feita para o hall da Assembleia da República. Ora eu gosto sempre de investigar e acho que não é. Mas até podia ser. E não faz mal que não seja. Alguém fez e está de parabéns: não é que o tamanho importe mas a verdade é que a peça impõe um certo respeito. Na Assembleia da República não me parece que ficasse bem mas eu veria bem este candeeiro na sala do Conselho de Ministros, nesta era Passos Coelho.

Pelo menos, quando ofendessem a nossa inteligência sempre os poderíamos mandar... para o candeeiro.





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Tenho que me deixar disto. Ponho-me a dizer o que me vai na alma a propósito dos desalmados do governelho e deixo passar o tempo. Depois, como agora, vejo as horas e percebo que está na hora de ficar por aqui. E fico contrariada pois parece-me pura perda de tempo estar a gastar o meu latim com gente destas. É que, ainda por cima, tinha outras em mente e agora já não dá.




Ando para vos mostrar as fotografias que fiz no domingo quando estava in heaven, debaixo de chuva, a terra ensopada, perfumada, as folhas desfeitas, cogumelos macios e carnudos a despontarem da terra (quase passando despercebidos tal o seu poder de disfarce), a frescura limpa da água que cai do céu e, generosa, entra na terra, alimentando-a.

E, já que estou numa de objectos das caldas, deixem que vos mostre esta pinha fálica que nasceu a meio do tronco do pinheiro e que agora está coberta de líquenes verdes, rendilhados, uma coisa artística.




E está tudo com umas cores completamente saison, a caruma acobreada, as pedras e o chão a cobrirem-se daquele musgo de verde macio que apetece afagar; e o som da chuva, tão puro, tudo bom demais. 


Mas, enfim, não é quase às duas da manhã que me vou pôr com isto.


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Uma vez que acima falei de rendilhados, para tentar compensar os que a esta hora estão a achar que vieram até aqui para coisa tão pouca, vou tentar atenuar a desfeita, partilhando um vídeo com a obra de Cal Lane que me foi dada a conhecer por um Leitor a quem agradeço.




Transforma bidões velhos, chapas de lata e outros objectos em belas peças rendilhadas. 

De facto, há pessoas especiais por todo o mundo e a internet tem esta coisa fantástica de trazer todos até todos, como se nos pudéssemos todos conhecer e, até, abraçar.






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O perfume discreto do Chanel Nº 5 é já a seguir e, quando for divulgado o resto do filme, para cá o trarei.


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À hora a que escrevo, chove, chove, e eu adoro estar aqui nesta sala quase às escuras a escrever-vos e a ouvir o som da chuva. Sinto uma felicidade inexplicável (e se não estivesse tão cheia de sono ainda mais feliz me sentiria; assim, vou daqui para a cama e vou ter um sono descansado e sonhar com florestas frondosas, perfumadas pela chuva).


Desejo-vos, meus Caros leitores, uma boa quarta-feira.

Saúde e alegria para todos, está bem?


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10 comentários:

Bob Marley disse...

isto é que é mandar para o candeeiro com PINTA - Pelo menos, quando ofendessem a nossa inteligência sempre os poderíamos mandar... para o candeeiro.


já comecei a manhã a sorrir

Vitor disse...

" Coisa pouca " diz a estimada UJM !
Outro Valente e ENORME ( no bom sentido) " post" , isso sim !
Já me fez , tambem, rir. Belo e assertivo espírito. . .
Que continuem estas " valentes palmatoadas " ( melhor, cacetadas), diárias.
Merecem-nas, TODAS !
Melhores Cumprimentos, com Votos de um Bom Dia.
Vitor

Anónimo disse...

Um bando de patifes (então esses três!) que paulatinamente vão destruindo o país e levando-o à banca rota. Sem um projecto de crescimento e desenvolvimento. Nada. E mais um ano de ruína. Com o apoio dessa infecta figura de Belém. Isto meto nojo aos cães!
P.Rufino

Concha disse...

Mentem, mentem e já não há paciência para tanta trafulhice.Felizmente ainda não nos tiraram a capacidade de sonhar e nos deliciarmos com as coisas que fazem de facto snetido na vida...as simples.Até quando...?Gosto do modo como fala do seu "heaven" descrevendo-o de tal modo, que por vezes quase me sinto transportada para esse lugar que mais parece o paraíso.Um dia cheio das coisas boas da vida.Um abraço.

Anónimo disse...

Acho que o homem era da Regisconta... Quanto ao resto, concordo com tudo, e que me me fez esta leitura!

lino disse...

Para todo o ministério se sentar nele, à vez ou todos ao molho!
Beijinho

Anónimo disse...

Manda-los para o candeeiro pode não ser boa ideia, é que eles são meninos para gostar.
Uma coisa que me deixa encanitada é ver esta gente sempre a rir. De quê?
Muito riso, pouco siso, como dizia a minha avô.
MCarmoMarcos

Humberto disse...

Farto-me de os mandar para o candeeiro, acho que uns até vão.....
Tenha uma boa noite, sem esquecer de uma gota de CHANEL Nº 5
HB

Um Jeito Manso disse...

A todos,

Obrigada e saibam que também me fizeram rir com os vossos comentários.

Um abraço.

FIRME disse...

Ao ver esta fotos,com gente tão ágargalhada,posso perguntar? São do casamento do Portas? OH DIACHO...