sábado, agosto 16, 2014

Limpezas in heaven. Alguns apontamentos de decoração, desta vez relativa a casas de banho. Ah, é verdade, e não me apareceu nenhum elefante!


Tal como ontem à noite referi, este dia feriado foi todo ele dedicado a trabalhos (es)forçados. Ultimamente, quando as tropas cá ficam, dormem num estúdio que é separado da casa propriamente dita. Desta vez a opção é pernoitarem na casa principal pelo que a zona onde dormiam quando viviam connosco - e que, porque tem escadas altas de pedra, era arriscada com crianças pequenas e, portanto, praticamente não tem sido  usada - foi agora verdadeiramente virada do avesso. 

Para além disso, toda a casa foi objecto de uma daquelas valentes limpezas anuais. Cobertas, cortinas e sei lá que mais tudo lavado, um vê se te avias de máquinas a lavar e roupa a estender, cobertores, cobertas e tapetes tudo sacudido e ao sol, a casa toda limpa, aspirada, e todo o chão, de uma ponta a outra da casa, lavado. 

Foi desde que me levantei até que o sol se começou a pôr.

Mas não fui só eu, claro. Era impossível uma pessoa sozinha dar conta de tal empreitada num único dia. 

Claro que tenho que fechar os olhos a algumas imperfeições do meu partner pois, se digo alguma coisa, a tampa salta-lhe logo, que se não tivesses enchido a casa de tralha era tudo mais fácil, e para que é que queres guardar coisas que deviam era ter ido logo para o lixo e tal e coisa. Por isso, tenho que ser branda nos remoques ou, de preferência, nem dizer nada. 

Limpou os carrinhos que eram de quando ele era pequeno, umas dezenas de carrinhos metálicos (digo dezenas mas, pensando melhor, são seguramente para cima de 100; às tantas são é mais para os 200; não sei) e que estão no quarto que era o do meu filho. Alguns são verdadeiras peças de museu e, para todos os meninos, uma tentação. Temos conseguido preservá-los para ver se se mantêm a bom recato durante mais umas gerações. Nem é por nada: é que se os deixamos que os levem, acabam por levar sumiço no meio do resto da traquitana.

Limpou também parte do pó e limpou a bancada da cozinha que é enorme, dá quase a volta à cozinha - que é daquelas cozinhas à antiga, grande, com a mesa de refeições ao meio. E desbastou algumas flores que estão nos canteiros junto à porta da cozinha.

Tem é uma mania que me deixa possuída. Por mais que eu lhe diga que não pode passar no chão que lavei, parece que faz de propósito, arranja sempre maneira de ter que ir a um sítio que o obriga a patinhar o chão ainda molhado. Isso deixa-me fula, o chão fica cheio de pegadas e, portanto, lá tenho que passar outra vez a esfregona. Como ponho cera líquida na água, se alguém passa por lá com o chão molhado, quando seca, nota-se, fica horrível. 

Mas, enfim, todos os males fossem esses e, portanto, ainda bem que, quando empreendo estas maratonas, ele faz equipa comigo. Seria duplamente impossível se eu estivesse a lavar e esfregar e ele sentado a ver televisão. Aí é que eu me passava de verdade. Assim, estou é agradecida pela sorte que tenho (e, embora queixando-se, acho que ele acha que também tem sorte).

Pelo meio, fui de vez em quando às figueiras comer um ou outro figuito. Tanta ginástica que tão bem me faria à linha e tudo deitado a perder com os gulosos dos figos. Não sou capaz de virar as costas a um pingo de mel refulgindo ao sol.

Eu, limpar o pó, não tenho grande vocação mas tudo o que meta águas para mim é um gosto. Por exemplo, gosto imenso de lavar casas de banho. E, se há coisa que gosto de comprar no supermercado, são produtos de limpeza. Abro para ver a que cheiram, tento perceber se é líquido ou gel, se desinfecta ou apenas limpa. 

Por isso, não é só o gosto em lavar, esfregar, limpar bem as juntas dos azulejos, lavar as cortinas, etc, é também o gostinho pelo perfume a lavadinho fresco que fica no ar.

Depois, lembrei-me que tão absorta andava que não estava a fazer a reportagem fotográfica, e, então, lá fui buscar a máquina.

Vou então falar das duas casas de banho desta casa (da principal, digamos assim). Uma é enorme e, por ter os azulejos brancos lisos, tornava-se inóspita. Então, numa das paredes coloquei um grande roupeiro de madeira. Não apenas resolveu um problema que eu tinha para guardar lençóis, cobertas, almofadas, roupa, toalhas de linho bordadas que herdei de tias e avós, como trouxe algum conforto visual.

Depois, para dar alguma graça, como os azulejos não são até ao tecto, mandei pintar à mão uma barrinha de azulejo com um motivo em azul e mandei pintar com o mesmo motivo os suportes dos toalheiros (que são de louça), a saboneteira e outros objectos.

Depois, para atenuar o ar desabrido, pintámos a parede que começa acima dos azulejos e vai até ao tecto de um azulão forte, o mesmo tom usado na barra de azulejos.

Para além disso, os espelhos têm moldura em talha dourada e mandei fazer quadros com moldura simples de madeira e com pequenos azulejos artesanais pintados à mão, igualmente no típico azul dos azulejos, com figurinhas relativas ao campo.

Depois tive ainda uma ideia maluca. Como a tijoleira do chão da casa (casa de banho incluídas) é num tom ocre - que transmite um ambiente quente à casa - para tornar a enorme casa de banho mais aconchegante, lembrei-me de pintar o tecto num amarelo suave. Agora a casa de banho está simpática, perdeu aquele ar de divisão grande, vazia e sem história.

A outra casa de banho tem dimensões mais normais mas tinha também os azulejos brancos e alguma falta de graça. Também aqui fiz um remate em barra de azulejo pintada à mão e identicamente mandei pintar da mesma forma os toalheiros e demais objectos.

Neste caso, a parede da barra de azulejos até ao tecto foi pintada de amarelo gema de ovo claro. 

Fica muito alegre, esta casa de banho. 

No parapeito coloquei um vasinho branco com uns girassóis bem Van Gogh. 

Nesta fotografia, ainda ia a limpeza a meio e reparo agora que já tinha tirado as cortinas para as lavar. São de linho com uma rendinha aos bicos, foi a minha mãe que as fez.

Tenho aqui umas big velas pois tenho um bocado a paranóia de ter velas por todo o lado, tenho receio que falte a luz. Há séculos que não falta mas, quando para cá viemos, era frequente faltar a água ou a luz e eu fiquei com esta pancada. Nesta casa de banho as velas são amarelas; na outra são mais discretas, tamanho normal, azuis escuras.

Amanhã ainda há trabalho a fazer mas já é mais leve. Cheguei ao fim da jorna um bocado saturada mas, verdade seja dita, não cansada. O que se faz de gosto não cansa.

Ainda fui dar um passeio pelo campo e, como sempre, fiquei quase emocionada perante a beleza da grande serra azul ao longe e as árvores (as minhas árvores tão amadas) em primeiro plano.

Este sábado à tarde ainda tenho que ir a casa dos meus pais e à noite já estamos escalados para baby sitting.

Depois regressamos no domingo e, durante uma semana, vai ser animação permanente. Vamos ver se vou conseguir manter o ritmo de escrita aqui durante estes dias. 


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Uma coisa é certa: sou uma moça de sorte. Enquanto andei a passear só me vi passarinhos, não me apareceu nenhum elefante.







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