quinta-feira, agosto 21, 2014

Bárbara Guimarães, apaixonada pelo empresário Kiki Neves, muda de casa. Manuel Maria Carrilho vai de férias sozinho. Ambos arguidos por agressões, acho eu. A vida exposta na capa das revistas, a violência banalizada, coisa também de jet set. Pergunto: mas esta gente não atina? E, por falar em não atinar, também não estou a atinar com os livros que trouxe para férias. De resto, in heaven, tudo na boa. Para apimentar a coisa, uma entrevista picante a um Gandy que não precisa de qualquer tempero.


No post abaixo já vos convidei a assistirem comigo ao último vídeo do Cine Povero. A Liberdade de Fernando Pessoa  dita por João Villaret. Muito gostaria que, a seguir, descessem porque, sempre que o Cine Povero abre as portas com obra nova, é de aproveitar.


Estando em férias, sabe-me bem pensar em liberdade, em ter coisas para fazer e não as fazer. Infelizmente não consigo libertar-me tão facilmente. Esta coisa dos smartphones é uma prisão. De cada vez que chega um mail, o telemóvel faz um toquezinho do tipo dos telefones de antigamente, trrrim, mas em fininho. Claro que podia tirar o som mas não consigo, tenho sempre receio que a empresa não sobreviva sem mim. Depois poderia não responder, limitar-me a ficar enervada com alguns mails em que figuro em c/c ou em que, sendo a destinatária, não exigiriam resposta imediata. Mas sou intrinsecamente parva. Ainda hoje li um mail que me vinha dirigido com meia dúzia de pessoas em c/c. Um mail mesmo enervante que merecia que eu não respondesse senão quando voltasse ao trabalho. Fiquei a roer-me durante uns segundos e depois, claro, teve que ser: lá vai água! Há gentezinha petulante que gosta de se armar, sabem que uma pessoa está de férias mas, mesmo assim, para se armarem, fazem questão de chatear. Já deveriam saber que se estão a arriscar. 

E, portanto, esta minha liberdade é condicionada. 

Também não tive sorte nenhuma com o primeiro livro a que deitei mão. Só gostava de me lembrar de quem foi o crítico literário do Expresso que disse que Amar numa Língua Estrangeira, de uma tal Andrea Jeftanovic, era coisa recomendável. Deveria ter suspeitado pelo título e pela capa que a coisa não augurava nada de bom. Mas, numa daquelas de que, no meio desta confusão, mais valia não sacrificar um livro muito bom, resolvi arriscar e acreditar no que lá se dizia. 


Também houve outro factor: li que a autora, Andrea Jeftanovic, nascida em Santiago do Chile, é licenciada em Sociologia, tendo-se doutorado em Literatura Hispano-Americana pela Universidade da Califórnia, Berkeley, recebeu vários prémios literários e que é professora na Universidade de Santiago do Chile. E vi, pela fotografias, que anda bem despenteada. E, portanto, pensei: com tanto predicado o livro não deve ser uma porcaria qualquer, há que ser indulgente, dar o benefício da dúvida.


Fiz mal. Uma coisa também a armar. Frases curtas do princípio ao fim, uma coisa entrecortada que não permite uma respiração normal, uma pessoa não consegue criar empatia com os personagens. O tema de amar numa língua estrangeira poderia dar uma boa história mas a verdade é que a oportunidade foi completamente desperdiçada. 

O tema vai escurecendo, vai ficando pesado, mas sempre naquela coisa de frases com uma média de três ou quatro palavras cada. Uma canseira.

E, depois, um dos personagens está doente e a doença é descrita em pormenor e o tratamento também, e tudo avança mas como se não tivesse um propósito. No fim, o homem morre e o livro morre também. Não larguei o livro nem sei porquê. Que seca, que pepineira.

A sinopse da Leya termina assim:

Com um notável trabalho de linguagem, que oscila entre o poético e o visceral, Amar numa Língua Estrangeira é um romance corajoso, erótico e comovente sobre o desviver contemporâneo que marca o leitor da primeira à última página.

Pois a mim não me agarrou nem no princípio, nem no meio nem no fim. Desviver? Ele há com cada uma. E agora, ao ler aquela do erótico, lembrei-me que o livro, de facto, também tentou ser erótico, cenas e mais cenas mas, como sempre, tudo aquilo mais parecia uma sucessão de soluços do que uma descrição com vida própria.

No entanto, às tantas ainda vai ser êxito de bilheteira. A mediocridade impera pelo que, quanto mais banal, mais a armar, mais fútil - e, de preferência com casos da vida real, doenças terminais, fatalidades e teorias de cão de caça - melhor. (Melhor para as editoras, claro.)

Agora, despachado a grande velocidade o anterior, estou com o novo do Michael Cunningham. O homem tem charme e As horas tinha a sua graça. O José Mário Silva bem o louvou e eu já devia saber que, quando ele louva algum livro, é sinal que é pouco provável que seja cá dos meus mas, enfim, na lógica do anterior, pensei que no meio desta azáfama, no bocadinho a seguir ao almoço em que tenho algum sossego e me deito na espreguiçadeira under the fig tree a ler e a sentir a aragem e, de quando em vez, a sentir que o sono me quer levar para o outro lado, este tipo de livro seria o recomendável.


Ainda vou no início mas não entrou com o pé direito. Além disso acabei o outro com o homem a falecer depois de um cancro que o consumiu e este, algumas páginas depois do arranque, já me está também com uma das três personagens, mais para lá do que para cá, com um cancro que parece que está na fase terminal. Bolas. E o outro personagem é um homossexual com um desgosto de amor. E o terceiro é um drogado que o irmão pensa que já está limpo mas que anda a aspirar umas linhas à sorrelfa. Uma crise pegada. A minha avó diria que está aqui a armar-se um choradinho à moda do Tide (acho que antes de haver televisão, no tempo das radionovelas - que eram um drama de ponta aponta - o Tide patrocinava aquilo pelo que ficou como os 'dramas do Tide')

Literatura de férias, isto...? Nem sei se é literatura, quanto mais de férias. Bem, no segundo caso não me pronuncio já, vou esperar para ver. A menos que a qualidade literária me venha a prender, se amanhã a coisa continuar nesta infelicidade absoluta dou-lhe um chega para lá, que ninguém me obriga a isto. E vou para o de Sebastião Salgado, a autobiografia, Da minha terra à Terra. Presumo que seja um valor seguro - a menos que ele seja bom só a fotografar. Mas vá, não vou ser pessimista até porque o Jorge Calado escreveu sobre ele e eu pelo Jorge Calado tenho um grande respeito.


De resto, por aqui tudo continua na maior. 

Não sei como se consegue comer tanto, senhores. Chegam carregos de sacos e mais sacos e, quando se dá por ela, já é preciso mais isto, aquilo e aqueloutro. 


Depois há os percalços. Hoje, ao jantar, tirei a panela de sopa do frigorífico e coloquei-a na mesa de refeições que está ao meio da cozinha. Ia servir as taças da sopa para as aquecer quando o ex-bebé, que andava a remexer nas gavetas dos talheres, me mostrou uma coisa e me perguntou o que era. Não percebi o que era aquilo e virei-me para ver de mais perto. Com esse gesto, o vestido, que é largo, prendeu-se-me numa cadeira e ia a fazer cair a cadeira. Atalhei e a cadeira não chegou a cair mas bateu na panela da sopa que caíu no meio do chão. Tentei apanhá-la no ar mas está quieto... o melhor que consegui foi virá-la a tempo de ficar com alguma sopa, à conta para o jantar. O resto, que devia dar para amanhã, tudo espalhado no chão. Lá tive que andar de esfregona, claro. E afinal aquilo era um vela em forma de 4 (quatro), ficou de algum aniversário.


Mas o tempo aqui rende, rende, há tempo para tudo, e as crianças adoram. E tem havido varridelas a apanhar caruma, folhas secas, regadelas que começam bem e acabam em partidas e eles a molharem o que devem e o que não devem, e atirar o papagaio que é uma galinha pintadinha que anda a voar sobre as árvores e que hoje já ficou presa na azinheira, e, enfim, brincadeiras de toda a espécie possível e imaginária.




E agora chego aqui e acho que não disse nada que vos possa interessar mas a verdade é que continuo incapaz de falar das desgraças de que os jornais estão cheios e não tenho visto telejornais na televisão mas imagino que seja a mesma coisa. Vai de mal a pior, mortes de todas as maneiras possíveis e imaginárias. Não consigo. 

Depois há o Manuel Maria Carrilho que aparece a banhos, pela primeira vez sozinho de férias, depois da separação. Que papelão. A que propósito vai para a praia com jornalistas atrás? Que interesse tem isto? Que parvoíce. Noutra, é a Bárbara Guimarães que parece que é arguida por agressão, talvez lhe tenha batido a ele. E ele diz que ela sai para namorar e deixa os filhos sozinhos em casa até de madrugada e que os filho lhe telefona a pedir para ir para lá. E ela que está feliz e enamorada pelo tal Kiki Neves e que vai mudar de casa para começar tudo de novo. E, como de costume, tudo na capa das revistas. Banalizam a violência doméstica, ofendem-se, expõem os filhos. Ao mesmo tempo que chegam notícias de gente que se mata à facada, à paulada, sei lá, aparecem estes, cheios de glamour, também a falarem de agressões, como se fosse assunto do jet set. Uma vergonha.


E, tenho que dizer, receio bem que esta história não acabe bem. Ao tempo que isto dura e não atinam. Pelo contrário, há ali um ódio que me parece perigoso. Para além disso, a carreira televisiva dela não me parece promissora e, se a coisa descarrila por aí, não sei se ela terá estabilidade emocional para se aguentar. Não haverá familiares que os aconselhem a esquecer as capas das revistas e a tentarem encontrar algum equilíbrio?


Mas adiante, que o triste descasamento da Bárbara Guimarães e do Manuel Maria Carrilho são um mal menor deste País e eu tenho mais com que me ralar. Já estou é aqui a pensar no almoço de amanhã, bochechas de porco, e na forma como as vou fazer. Tenho que me levantar cedo para as pôr a estufar em lume brando para ficarem macias como manteiga.


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Bem, mas para não acabarem isto a abanar a cabeça, que grande seca, tanta conversa para não dizer nada que se aproveite, vou deixar-vos com um daqueles filmes publicitários que dão gosto. Em tempos usei Light Blue da Dolce  & Gabbana. Depois deixei, banalizou-se. Mas o anúncio não tem culpa nenhuma disso, é uma maravilha.







Mas não foi à toa que mostrei o filme acima (em que aparece um modelo masculino de se lhe tirar o chapéu, David Gandy). É que aqui abaixo tenho uma entrevista igualmente de dar gosto. Picante, dizem eles. E é. 

Transcrevo: The columnist Mondo Trasho has asked the questions that we have always wanted to ask David Gandy. She doesn't want to know about his favourite colour, where he grew up or what he likes to eat when he is relaxing, no no. She is far more interested in what goes on between the sheets... and aren't we all?






Haja coisas com graça.

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Relembro: no post a seguir há Liberdade. Fernando Pessoa por João Villaret no Cine Povero.


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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quinta feira.


1 comentário:

bob marley disse...

esqueça o expresso e vá pela blogosfera, sinopses aos pontapés -

http://www.estantedelivros.com/


ou


http://www.teresacoutinho.com/registostc/