sábado, julho 12, 2014

Quando uma vida se constrói em cima de mentiras. A vida de Madoff. O desmoronar da vida de Madoff. O que conta a nora (agora viúva) de Madoff. Coisas que me ocorrem nestes dias em que o Grupo Espírito Santo pegou fogo e em que, não havendo quem o apague, está quase em cinzas.


No post abaixo já vos convidei a irem ler o discurso completo de José Manuel dos Santos, um belo texto a propósito de Sophia, publicado por um blogue onde ninguém pode pôr o pé em ramo verde.

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra.


Já aqui ontem me lembrei de Madoff a propósito de Ricardo Salgado.


Hoje fui à procura de mais. E encontrei. Nada de novo: todos os ricos que fazem fortuna em cima de aplicações financeiras são ricos da mesma maneira. Mas, tal como a felicidade, é na forma como acaba que a riqueza faz a diferença. 

Madoff caíu e arrastou consigo as economias de muita gente que, de um dia para o outro, se viu pobre, sem nada, sem nada a que se agarrar. Mas caíu - como sempre acabam por cair os vigaristas.

Uns caem rapidamente e com estrépito, outros vão caindo devagar, ou nem isso, até que a gente se esqueça deles.

Madoff foi preso, julgado, preso. Tudo muito rapidamente.

Em Portugal há uma reverência que parece inibir as mãos da justiça. Tudo se vai sabendo e não acontece nada. 

Até que não dá mais para assobiar para o lado e, então, começam os processos, devagarinho, em segredo de justiça, e recursos e recursos sobre recursos, até que a coisa prescreve ou, se não prescreve, vai andando até que começam a aparecer os problemas de saúde, o bom comportamento, atenuantes de toda a ordem.

Madoff era respeitado pela sociedade. Quando em particular, era meigo. Proporcionava à família o melhor. Madoff levava uma vida de rico (casas, barcos, colecção de relógios, de sapatos, do que lhe passava pela cabeça). Era uma família feliz.

A firma de Madoff, uma das mais importantes firmas de investimentos financeiros de Wall Street, funcionava no Lipstick Building um dos edifícios de referência.

Madoff era um filantropo. Abnegado. Um exemplo.

Tinha dois filhos. Agora tem um.

Tinha uma nora, bonita, alegre: Stephanie. Agora, revoltada e triste, ela diz sentir aversão por essa pessoa que destruíu a vida de tanta gente incluindo a do próprio filho.

A entrevista de Stephanie - na qual fala do sogro, do casamento com Mark, da forma como Madoff reagiu quando percebeu que tinha perdido a mão no esquema que tão ardilosamente tinha engendrado - merece ser vista e ouvida.

Toda a história de Madoff podia dar um filme. Mas, infelizmente para as vítimas, foi mesmo verdade.


Não sendo permitido incluir aqui os próprios vídeos, deixo-vos alguns links através dos quais lá podereis aceder.

Stephanie Madoff fala do suicídio do marido



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Relembro: até como acto de higiene, desçam, meus Caros Leitores, até junto de três pessoas que muito amam ou amaram as palavras.

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