sexta-feira, julho 11, 2014

Numa noite de verão, o discurso de José Manuel dos Santos chegou com a chuva trazendo a evocação de Sophia


aqui referi que o discurso completo de José Manuel dos Santos aquando da ida de Sophia para o Panteão em boa hora foi publicado no blogue Chove. Mas como coloquei a referência já esse post estava lá para baixo, fiquei moída com isso: e se ninguém dá por ele...? 


E, por isso, para que mais pessoas o possam ver, aqui fica a referência em post autónomo.

O discurso é uma maravilha e os links que o Plúvio, Autor do Chove, lá incluiu são muito oportunos e, sobretudo, bem pensados. Só me apetece pegar nele e copiá-lo aqui para dentro do Um Jeito Manso, guardá-lo bem guardado para não o perder. Mas contenho-me e copio apenas um bocadinho, pedindo-vos que vão até lá e o degustem com vagar.


(...)
Minhas senhoras e meus senhores,
Sophia contou assim:  Em 25 de Abril de 1974, às quatro e meia da manhã, um amigo telefonou-me dizendo que abríssemos o rádio, pois havia uma revolução. O quarto em que ouvíamos o rádio tinha uma porta de vidro que dava para o jardim e à medida que víamos a revolução avançar, e construir-se, víamos crescer a claridade do dia e sentíamo-nos emergir das trevas e do opaco. Foi para nós  mais do que uma revolução; foi uma ressurreição. Era Páscoa, vi um povo inteiro habitar a transparência, vi multidões dançar de liberdade. Às vezes, olhávamo-nos uns aos outros e perguntávamos uns aos outros "Será que estamos a sonhar?" E um amigo disse "Mesmo que esta revolução falhe, mesmo que tudo acabe em desastre, nós vivemos isto". Pois o 25 de Abril era para nós mais do que uma libertação política; era a libertação da vida, a renovação do mundo. Por isso escrevi
"Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo."
Há nestas palavras a veemência de um começo, a vontade de um recomeço. Sophia, a Antígona portuguesa, cita a Antígona grega fazendo dessa citação um selo com o mundo: "Eu sou aquela que não aprendeu a ceder aos desastres". Por isso, no país do medo, os seus poemas não tinham medo e, no tempo da cobardia, a sua coragem não aceitou o inaceitável.

(...) clique, por favor, para ler o discurso todo.



O mundo parece tornar-se um lugar menos perigoso quando frequentamos lugares habitados por pessoas que amam as palavras. É o caso do Chove.


7 comentários:

Anónimo disse...

Bonito Post!
P.Rufino

Tété disse...

Já é dia 12!
PARABÉNS, PARABÉNS, PARABÉNS!!!!!!!
Uma vida longa, muita saúde, paz e amor, junto da sua linda família.
Que continue por muitos anos a fazer-nos companhia e que consiga preservar o seu otimismo, boa disposição e assertividade.
Muitas felicidades e um grande abraço muito apertado.
Teresa

Um Jeito Manso disse...

Olá Teté!

Como é que se lembrou...? Eu sou uma 'desnatada'... nunca anoto nada e, por isso, nunca me lembro dos aniversários de ninguém.

Obrigada.

Espero bem que tudo o que os seus votos formulam se venha a concretizar. Desejo-o muito.

Agradeço as suas palavras e sensibiliza-me este seu gesto.

Beijinhos!

Anónimo disse...

Parabéns Jeitinho,
que tenha um ano maravilhoso, cheio de acontecimentos e coisas boas junto dos que mais ama.
Muitos beijinhos Ana

Pôr do Sol disse...

Olá Jeitinho,

Espero e desejo que tenha tido um dia muito feliz.

Faço votos para que continue com essa força junto da sua familia e empresa e que vá sobrando alguma para nos ir fazendo companhia elucidando e divertinho e, por vezes, emocionando, por muito muito tempo.

Um beijinho e um repousante FELIZ DOMINGO.

Um Jeito Manso disse...

Olá Ana,

Muito obrigada pelas suas palavras. A sua presença aí desse lado, vindo de vez em quando deixar uma palavrinha, é importante para mim.

Agradeço. Um abraço!

Um Jeito Manso disse...

Olá Querida Pôr do Sol,

Muito lhe agradeço as suas palavras. Sabe bem como eu me derreto com os meus meninos e menininhos e por isso compreende como eu fico feliz quando estou com eles.

Também espero ter energia para conseguir ir conciliando tudo.

Há bocado, depois de ter estado com a minha tropazinha e de ter ido a casa dos meus pais, quando cheguei a casa deixei-me dormir no sofá. Parece que este calor ainda me deixa mais estafada. Ou então estou a precisar de férias.

Mas, enfim, por enquanto, apesar de tudo, ainda vai dando.

Desejo que esteja tudo bem, consigo e com a sua princesinha e restante família.

Um abraço, Sol Nascente!