quinta-feira, junho 05, 2014

Quase me apetece dizer que as birras de Passos Coelho e os dramas de Paulo Portas são política ao nível do futebol tal como o define um tal Bruno de Carvalho, isto é, um ânus e todos os seus escatológicos efluentes - mas não digo porque não estou passada da cabeça. Será isto o fim dos tempos?


Tenho muita pena por ir conspurcar uma vez mais este meu canto mas acabo de ouvir e ver na televisão um sujeito que, sempre que aparece, me faz logo fazer zapping. Diz sempre umas coisas sem sentido e tem uma voz insuportável. Até o meu marido, que é sportinguista de gema, acha o discurso da criatura uma coisa de fugir.

Mas hoje não fomos a tempo de lhe barrar a conversa e ouvimos, com espanto, uma coisa inenarrável. O nível desta gente está a descer a uns patamares que não se podem tolerar.

Transcrevo um excerto:

Para Bruno de Carvalho o futebol português cheira mal. "Temos que pensar no que realmente é importante para o futebol português. Na gíria popular, porque sabemos que o futebol português está bipolarizado, isto funciona como o ânus onde temos duas nádegas que se enfrentam uma à outra dizendo 'estou aqui e sou melhor do que tu'. Entre algo fisiológico como o ânus, ou sai vento mal cheiroso ou trampa. E é disto que o futebol português está cheio por dentro e por fora: trampa", disse esta quarta-feira o presidente do Sporting.


Fez-me lembrar as crianças que, pelos dois ou três anos, entram na fase rebelde e começam a dizer, com ar maroto e despropósito: chichi, cocó. Mas este marmanjão tem ar de ser mais velho (embora a idade intelectual talvez ande ao nível da escola infantil).

Mudámos logo de canal, eu escandalizada com isto, com os dizeres, com o sorrisinho alarve, com tudo. 



Mas não mudámos para melhor: fomos parar a um canal onde a tropa fandanga dava a entender que o Tribunal Constitucional está a deixar o País entregue à instabilidade e a impedir o cumprimento de compromissos oficiais. 

A conversa não incluía o tipo de vocabulário usado pelo tal de Bruno de Carvalho (mas apenas porque foram usados outros termos). 

O ataque cerrado que o Governo está a fazer ao Tribunal Constitucional - como se não devesse haver um guardião da Lei Fundamental do País (Lei essa que juraram cumprir) - é aterrador. Quando os órgãos de soberania não se respeitam, chega-se a um impasse institucional que pode tomar contornos imprevisíveis.


O Tribunal Constitucional não é um coito de anarquistas nem um bando de oposicionistas: não, é um conjunto de juízes dos mais variantes quadrantes políticos e faz parte dos órgãos de soberania do País.

Este Governo, constituído por gente impreparada a todos os níveis, incluido o cívico, nem isso percebe, tal como não percebe que deve agir dentro do quadro legal que jurou cumprir.

Ao pôr em causa, ao desacatar e desafiar o Tribunal Constitucional, o Governo parece que está a querer subverter as regras democráticas. 

Passos Coelho agora cancelou a ida ao Brasil, ao futebol, e estou-me bem nas tintas para isso, mas isto é ele, de cabeça perdida, a fazer birra, a extremar posições. 


Depois também já ninguém respeita a Inconseguida Esteves. Uma vergonha. 


O Parlamento está manietado por uma maioria que está nos antípodas do povo que a elegeu e que usa o Parlamento para garantir a aprovação de todos os dislates que o Governo vai inventando - e a sua Presidente não é levada a sério nem a sua (inconsistente) opinião tida em consideração.


Cavaco Silva não diz nada ou o que diz não aquece nem arrefece. Numa altura em que devia aparecer, com voz firme, a dar um murro na mesa e a obrigar a que, ao menos, os órgãos de soberania se respeitem uns aos outros, fica calado.

Uma vergonha. Um pântano.

Se isto não é a política a um nível baixo, baixo, rasteiro, abominável, então nem sei que diga.

E isto enquanto o Tozé empata a situação dentro do PS, deixando a situação política do País ainda mais encalacrada, sem oposição.

Estou a ouvi-lo na SIC N com a Ana Lourenço (inesperadamente com uma suavidade mais macia que veludo) e aqui está de novo, em estado de negação, a achar que o País está com ele e a arranjar maneira de empalear todo o processo de substituição da liderança do PS. 


Uma treta, isto tudo.



2 comentários:

Anónimo disse...

Esta cena à volta do TC, da parte do Governo (com esses dois energúmeros, o Passos e a menina Portas) é escrabrosa!
Estamos, de algum modo, a entrar num processo político profundamente destabilizador (e perigosíssimo), uma espécie de “golpe palaciano anti-constitucional”, com o aval daquela megera e podre figura de Belém (dizem para aí que vai intervir. Só se for falando oralmente).
Ouvi hoje e ontem uma série de desinformações e verdadeiras provocações, inverdades, manipulações miseráveis da verdade dos factos, como por exemplo com essas sinistras e abjectas criaturas que são o Victor Bento, ontem na Sic, com a Ana Loureço (já antes tinha perorado no programa do mirolho, o Medina, com a Judite de Sousa com um avental aberto no rego dos seios, a mostrar as mamas ao de leve) e o Proença de Carvalho, na TSF, uma ignóbil figura política de extrema-direita, um apoiante miserável deste governo (só de me lembrar de como essa figura, o Proença, se comportou, em tempos idos, antes do 25 de Abril, no processo Sommer, a herança Sommer, quando Proença era inspector da Judiciária como investigador do caso, portanto do lado da acusação e do Ministério Público, e depois sai da PJ para se passar para o lado da Defesa (!), de António Champalimaud, que há época contava com Salgado Zenha, no que terá sido impedido por Marcello Caetano, ou pelo menos tentativamente, e mais tarde acabando por contribuir para o desenlace favorável da parte contrária aquela que ele como inspector da PJ tentava acusar, entretanto já vendido ao capitalista Champalimaud, diz tuda da criatura, o tal Proença, o mesmo que fez um serviço ignóbil na RTP, em tempos, tipo “limpeza etnica laboral e propagandística”) tipos esses que tentam fazer passar para o grande público a ideia de que é o TC que está em rota de colisão com o governo e não o o oposto, governo este, inqualificável que constantemente legisla contra a Lei Fundamental, numa atitude de afrontamento que só neste país de 5º Mundo é possível. Porque não temos um PR, mas em vez disso temos alguém em Belém que não é mais do que um Ministro Sombra do patife do Passos. Isto é uma coisa infame. Um verdadeiro atentado à Democracia. E o Seguro, em vez de atacar este tipo de procedimentos, põe-se a dar entrevistas à Ana lourenço a dizer umas baboseiras. Precisamos como pão para a boca de Oposição e o que ouvimos é “dissolver a A.R (PCP), ou nada, (os outros), ou o Seguro preocupado como o Costa!”. Isto tudo parece mentira! Para onde vamos????? Sei lá!!!!!!! Marte??? Porra!!!!
P.Rufino

Anónimo disse...

Olá jeitinho,
Sabe o que mais revolta é os jornalistas papaguearem, sem o mínimo de sentido critico, o que estes vergonhosos governantes dizem. Esta agora da "aclaração" dá-me nos nervos.
Acho que estamos no fim de uma era civilizacional, como escreveu sobre Roma. Isto já não é democracia.
Beijinhos Ana
P.S Gosto muito dos comentários do Sr. P. Rufino, sempre acutilantes. Não querem os dois formar um partido? Eu votava em vocês.