terça-feira, abril 22, 2014

Sr. Vice-Primeiro-Ministro Paulo Portas, valeu a pena? Está a valer a pena? Permita-me uma sugestão: olhe-se ao espelho e seja honesto consigo próprio.





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São onze da noite, cheguei há escassos minutos ao computador, dei uma circulada pelas notícias e fui parar a uma que mostra um desencontro de calendário entre Paulo Portas, Passos Coelho e a Troika. O primeiro diz que a saída dos ocupantes é para o mês que vem, os outros dizem que será mais tarde - a pedido do segundo.

Depois outra notícia refere a questão do ordenado mínimo, com Paulo Portas a querer subi-lo quando a Troika virar as costas e a Troika e os seus apaniguados a dizerem que é melhor nem tão cedo se pensar nisso.

Depois é o sal e pimenta do hamburguer, das batatas fritas, do chouriço e do polvo salgado das feiras: o primeiro e o seu dilecto discípulo chutam para canto, que nunca existiu tal ficção e etc e tal; o segundo e a sua mestra e mais o da Saúde dizem que precisam de dinheiro e taxarão tudo o que aparecer na rede, quiçá até o bacalhau antes de demolhado.

E as notícias são ilustradas com fotografias de Paulo Portas: custa a ver.

Uma pálida sombra do que era antes de se ligar a este Governo. Ainda não percebi se, perante aquilo a que assiste e que não deve ser coisa bonita de se ver, ele se mantém porque:
  • a vã ambição do poder vale mais para ele do que a sua inteligência, resiliência e dignidade
  • a pandilha do PSD o tem preso por algumas pontas do passado
  • ele se tornou igual a Passos Coelho, Marco António Costa e outros que tais
  • há um outro motivo que não descortino.

Tenho-o por inteligente. Uma pessoa inteligente já teria percebido que este Governo é um desgoverno formado por gente amadora, impreparada, mal formada, mesquinha, incompetente, perigosa. Já teria percebido que este desgoverno está a dar cabo da vida de muita gente, nomeadamente daquelas pessoas que ele jurava defender. 

Já teria também percebido que está a destruir o CDS. As pessoas com moral e ética do CDS não suportam a colagem a um PSD vil e devastador.

Então, porque recuou quando parecia que tinha ganho coragem para se libertar? Porque recuou sabendo que esse passo em falso daria irrevogavelmente cabo da sua imagem já tão debilitada?

Vejo as suas fotografias: envelheceu de uma forma alarmante, parece que a pele perdeu viço, há rugas, manchas da idade, parece que perdeu a alegria. 

Quando o vejo, tentando aparentar a vivacidade que se lhe conhecia, mais parece uma imitação do que foi. Tenta parecer histriónico mas parece apenas artificial.


Fiz uma pergunta no título desta mensagem mas, porque presumo que ele não me vá responder, respondo eu por ele: não vale a pena, Paulo Portas, não vale a pena. Está a desgastar-se para nada, por nada. O País vai associá-lo ao período mais negro da democracia portuguesa e ele sabe - sabe porque é inteligente (eu, pelo menos, antes achava que ele era inteligente) - que os Portugueses e a História terão razão nesse juízo de valor.

Então porque não põe um travão nisto? Porque não se afasta - do governo, do partido? Porque não pára para pensar na sua vida? (E, já agora, também  na vida daqueles de quem diz gostar)


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3 comentários:

Anónimo disse...

A resposta a todas estas perguntas, se calhar é mais simples do que parece: porque Portas gosta do Poder. Gosta de lá estar. Gosta daquele tipo de montra pública. Tanto é que não lhe chegava ser MNE (um lugar, aliás, sem grande ou mesmo nenhuma, visibilidade política), tinha de ir mais longe, Vice-PM. Tem um fascínio pelo Poder, de ser Poder (político). Talvez pelo facto de o seu Partido ser irrelevante, nunca conseguirá ganhar umas eleições. Talvez. Portas gosta, péla-se, pela ribalta política. Mesmo que para isso deixe cair os seus apoiantes tradicionais, de que o CDS faz (fez) bandeira: os reformados e pensionistas. O mais importante é estar lá - no Poder. Usufrui-lo. Os tais reformados e pensionistas serviram-lhe apenas de trampolim para o tal Poder. Para Portas, desiludir ou enganar quem o apoiou, não é grave, nem constitui problema. O importante é conseguir uma fatia do Poder político. Conseguiu, por 4 anos. Depois se verá. A ver vamos se as últimas sondagens estão certas: 4% de votos. A ser verdade, sairá do poder para casa, em 2015. Reformado, ele agora, da política. E envelhecido.
P.Rufino

Um Jeito Manso disse...

Sabe, P. Rufino, que me custa dar tareia no Paulo Portas. Acho que ele, por uma qualquer motivo, não se acertou com o seu próprio destino. è inteligente e ambicioso mas, embora aparentemente, tenha conseguido levar a água ao seu moinho, parece-me que há ali um destino falhado. A ambição e a inteligência não conseguiram encontrar a forma correcta de se expressarem.

Perdeu-se no seu gosto pelo palco. Aquela vontade de agradar, de andar pelas feiras, de rir, de dizer tiradas, de fazer jogadas, qualquer coisa ali é demais e fora do sítio.

Agora está no Governo mas fico com a sensação que vive contrariado, que se sente humilhado, que não era bem isto que ele queria.

Quando o vejo a dizer parvoíces, a contradizer-se, a tomar os outros por parvos, confesso que chego a ter pena. Ele sabe, de certeza absoluta, que não era isto que ele queria.

Mas, enfim, psicologias à parte, a verdade é que a sua presença política é irrelevante. O Passos Coelho, apesar de mentalmente inferior, meteu-o no bolso e essa é que é essa.

Bob Marley disse...

A FIGURA DE ESTILO QUE MAIS USA PARA FALAR DA FIGURA É O EUFEMISMO.

JÁ LHE OCORREU QUE É DA SUA NATUREZA

A IMPARCIALIDADE É UMA COISA FODIDA