Bom, para coisas maçadoras, pífias ou fatelas, é favor descerem até aos dois posts seguintes. Não se zanguem porque não tenho culpa, quase me obrigaram a escrever o que escrevi.
Mas reconheço: não é maneira de começar um ano e, portanto, volto aos primeiros minutos e horas do primeiro dia de 2014, ano do Cavalo, animal que simboliza a liberdade, a paixão e a liderança.
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Give peace a chance
(todos os dias - porque Dia da Paz devem ser todos os dias e não apenas o 1º dia do ano)
Give peace a chance
(todos os dias - porque Dia da Paz devem ser todos os dias e não apenas o 1º dia do ano)
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Fico sempre hesitante entre começar o ano com passas ou com uvas frescas. Tenho ideia que a tradição fala em passas mas, tenho cá para mim que, mais auspicioso do que começar o ano a comer coisas secas é, começar a comê-las frescas.
Por isso, por via das dúvidas, arranjei para cada um uma tacinha com doze bagos de uvas frescas e um embrulhinho de prata com passas. Quando estava a escolher os bagos de uva, pela mesma lógica, achei que o que deve dar mesmo sorte é serem uns big bagos.
Não ligo patavina a superstições, a sério, mas acho graça a algumas parvoíces; e estas coisas da passagem de ano são dessas. Não é por achar que, por si, isso dê sorte: acho que é mais a intenção, a vontade de que dê certo, o começar o ano a fazer tudo o que for preciso (mesmo que sejam coisas parvas) para que tudo dê certo.
Ora, com a cena de bater as tampas dos tachos à janela para mandar à vida o ano velho (cá em casa fui só eu, mas, ao mesmo tempo, a rua era percorrida por exércitos de gente animada, ruidosa, todos armados de tampas, tudo a afugentar o malfadado 2013), com o ter a máquina fotográfica a postos para o fogo de artifício, com o estar em cima de uma cadeira (esta não sei explicar a lógica mas sigo-a na mesma) e mais ter dinheiro na mão, e mais a agarrar no copo para brindar - e porque não fui a única distraída - só começámos a comer as uvas já só faltavam uns 8 ou 9 segundos para a meia noite.
Vai daí, estão a ver: teve que ser à pressa para ver se recuperava o atraso. Ora, a correr, conseguem comer-se 12 passas. Mas 12 bagos quase do tamanho de ameixas...? Senhores...! Já me escorria o sumo por todo o lado. Quem é atinado e leva as coisas a sério, concentra-se na tarefa e leva-a facilmente a bom porto. Agora gente estabanada como eu...? Só me dava vontade de rir. A boca a transbordar de uvas, o sumo a escorrer... Se abria a boca para rir à gargalhada, saíam-me as uvas disparadas. Tive que tentar mantê-las dentro da boca com a ajuda da mão, e chorava, chorava a rir. De pé em cima da cadeira, quase me dobrava de tanto rir, tão ridícula percebia que era a minha figura. Aliás, todos nos ríamos, uns mais exuberantemente, outros mais reservadamente.
Mas pronto. E fazer o brinde assim perdida de riso e de boca cheia...? Não vos digo nada.
Devia esperar mas, se o fizesse, perdia o momento. O brinde deve ser feito no raiar do ano novo, não é? Por isso, a fazer um esforço danado para, com o riso, não espirrar a bebida por todo o lado, com as lágrimas da risota a escorrer, lá consegui, a custo, fazer o brinde. E lá o fiz e lá desejei para mim, para os meus e para todos que 2014 seja um belo ano. E será.
Mas pronto. E fazer o brinde assim perdida de riso e de boca cheia...? Não vos digo nada.
Devia esperar mas, se o fizesse, perdia o momento. O brinde deve ser feito no raiar do ano novo, não é? Por isso, a fazer um esforço danado para, com o riso, não espirrar a bebida por todo o lado, com as lágrimas da risota a escorrer, lá consegui, a custo, fazer o brinde. E lá o fiz e lá desejei para mim, para os meus e para todos que 2014 seja um belo ano. E será.
O fogo de artifício foi lindo como sempre. As duas margens do Tejo, Lisboa e Almada, unidas e em festa. Os céus apoteóticos. Adoro ver o fogo de artifício de perto (mas nunca fui capaz de me pôr mesmo por baixo, tenho medo, receio sempre que uma cana a arder me caísse em cima, sei lá, não deve cair mas sou um bocado medrosa para estas coisas).
Depois o dia foi outra festa.
A casa cheia de brincadeiras, alegrias - virada do avesso, mas fazer o quê?
O meu marido quer que se imponha alguma disciplina para não mexerem em tudo. Mas, quando é desafiado a intervir, nunca é bem sucedido.
Como é tal possível quando uma tem 3 anos, outro 2 e outro 1? O mais crescidinho (5) ainda se entretém de vez em quando com coisas mais compenetradas mas a verdade é que, entre os quatro, se gera uma tal dinâmica que, a menos que se prendam, não se consegue muito mais do que tentar que não se magoem.
Hoje uma das brincadeiras foi com livros.
Trepavam por um sofá para irem para cima de uma estante baixa. E um dizia que era o rei, ela a rainha, o outro o príncipe e o mais pequeno recebeu o título de pajem. E cada um ia buscar um livro para a coisa ficar mais credível. Na cabeça deles, os reis e rainhas são gente de muita leitura.
Tirei-lhes umas fotografias engraçadíssimas, haviam de ver. Mas estão de frente e, claro, não os quero mostrar aqui.
Mas mostro alguns momentos para vocês perceberem o ambiente de brincadeira.
O bebé é que ainda não capta bem as subtilezas das brincadeiras dos outros e alinha só pela paródia de os imitar.
Mas, nos intervalos, desenfia-se e brinca com o que apanha, fazendo a festa a solo.
Na véspera, desencantou um chapéu meu e andava a pô-lo pela cabeça abaixo e a tirá-lo, rindo à gargalhada que dava gosto ouvi-lo.
E, portanto, foram dias felizes.
E comidinhas boas - e o que eu gosto de cozinhar para ter uma mesa cheia de coisas que os outros apreciem.
Desta vez a ementa foi na base do brunch.
Salmão fumado, tostas, salada de tomate com mozzarella, patés, gambas cozidas, salada de ovas de bacalhau, tortilha à minha moda (ovos mexidos misturados com esmagada de batata e salsa, sobre cama de cebola estrugida), terrina de enchidos (cama de pão tostado, camada de maçã às rodelas e, por cima, farinheira de porco preto e alheira de caça, tudo levado ao forno para os enchidos ficarem estaladiços e pingarem sobre a cama) e, como quente, arroz rico de carnes e legumes levado ao forno. Doces variados e vinho branco bem fresco.
E, portanto, com um começo de ano tão feliz, acho que tenho mesmo razão para estar optimista. Mesmo que seja contra ventos e marés, acho que me aguentarei esperançada no futuro dos meus amores e dos meus amorzinhos, e, portanto, também no futuro do meu País. As coisas irão ficar melhores, todos juntos conseguiremos fazer um futuro melhor. Tem que ser.
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Relembro que abaixo há mais. Num dos posts falo de como um Leitor acha o Um Jeito Manso um blogue assim-assim, com o título mais pífio e com o sub-título mais fatela (e está no direito de achar isso, ora essa) e, depois, falo no discurso de Cavaco Silva dirigido a um certo coelho que, cá para mim e do que vi, estava escondido atrás da cortina.
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Entretanto, permitam ainda que vos convide a visitarem o Ginjal e Lisboa onde hoje há teatro, mais concretamente Gil Vicente. E só vos posso dizer que isto anda tudo ligado.
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E, assim sendo, por agora por aqui me fico. Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quinta e feira e, uma vez mais, porque nunca é demais, um maravilhoso 2014.
8 comentários:
Não quero ser desmancha prazeres, mas 2014 será péssimo. Tudo o que aí vem é para pior. Confesso que desde o ínício de 2013 e agora com 14 que deixei de sentir qualquer especial satisfação em comemorar uma passagem de ano. Quando se sabe que o novo ano, devido a decisões governamentais, será muito pior, quer para muitos, como para nós mesmos, perde-se a vontade de festejar o novo. Sinto uma revolta enorme por tudo isto e pelo futuro que nos espera. E porque vejo amigos e até, já, familiares, a viverem situações muito difíceis, gente que trabalhou muito e honestamente, nada mais me resta no peito senão uma raiva enorme, surda, que ninguém cala. E nós próprios aqui já tivemos melhores dias. Assim sendo, só espero que 2014 traga o fim deste governo, desta austeridade, etc – infelizmente coisas que não irão suceder. Daí o meu estado de alma ser cinzento, embora, como sempre fui, combativo.
Saúde, ao menos isso!
P.Rufino
Ano do cavalo?!
E que tal se metêssemos o governo no vagão "J" e o despachássemos para a Alemanha?...
o que se pesquisou em 2013 - http://www.google.com/trends/topcharts?zg=full
Olá P. Rufino,
Está desanimado e percebo-o: todos temos razão para isso. Mas temos que ter esperança para termos vontade de mudar este estado de coisas. Um desânimo tão generalizado e tão grande descontentamento não pode prolongar-se por muito mais tempo.
Eu acredito nisso.
Mas, concordo também com a conclusão: tenhamos, ao menos, saúde.
jrd,
Não sei como isto do governo se vai resolver. Este anúncio de hoje até quase parece um desafio. Ouvi a Manuela Ferreira leite e estava furibunda, furibunda, quase espumava. A maior oposição ao governo vem de pessoas da área da coligação. O Pacheco pereira também não estava melhor.
Pode ser que seja o próprio PSD a despachar o Passos.
Caro Anónimo,
Só posso agradecer toda a informação que me vai aqui deixando e que é útil para mim e para os meus leitores.
Em nome de todos, agradeço.
Estas historias tão mal contadas, que nos atiram, só acabariam se rolassem umas quantas cabeças pela R de S Bento abaixo. Eles não querem entender.
Se até o Tribunal Constitucional Alemao defende que as pensões são propriedade intocavel, não nos deveríamos unir e levar esta afronta ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem?
Pois, não é fácil, mas tambem não seria impossivel.
Haja paciencia!
Olá Pôr do Sol,
Olhe que essa da queixa ao Tribunal dos Direitos do Homem parece-me uma ideia estupenda. Tomara que alguém leia o seu comentário e vá atrás da ideia. Olhe que me palpita que teria pernas para andar. Um bando de malfeitores que persegue um grupo social e um grupo etário está é mesmo a merecer uma punição internacional.
Boa. Gostei da ideia!
Beijinhos Sol Nascente!!!!!!
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