Ainda a coisa, pelos vistos, não tinha sido aprovada por Cavaco Silva e já aí andavam eles de rabo alçado, a fazer comunicações ao País: Paulo Portas, feito virgem púdica, em silêncio, apareceu-nos a ouvir com sorrisinho pretensamente responsável a estonteante declaração de Passos Coelho em que este, com tocante singeleza, confessava que o outro se preparava para o meter no bolso e que, depois da vergonha pública das duas demissões, ele, Passos aceitava, com humildade e burrice, ser vergastado e comido por parvo, deixando que todo o PSD e todo o País vissem que ele tinha abdicado do poder, entregando-o de mão beijada ao CDS.
O País assistiu perplexo e as televisões encheram-se de vozes clamando Escândalo! e de papagaios e outros quase-ministros a dizerem que agora é que ia ser bom.
Depois, é sabido, apareceu Cavaco, ar esfíngico, a boca mal mexendo tanta a raiva que o percorria, a despejar um baldo de água fria em cima das criançolas e lançando para a fogueira mais umas acendalhas confusionistas.
E aí as televisões transmitiram-nos a histeria de quem tudo sabe, de quem quer fazer de conta que sabe mas não atina com esta, dos que acham que vai ser bom embora não saibam de que falam, outros que dizem que isto é uma casa de doidos - e, enfim, outras rábulas de quem nem vale a pena falar. É o período Júlio de Matos da história portuguesa.
O País assistiu perplexo e as televisões encheram-se de vozes clamando Escândalo! e de papagaios e outros quase-ministros a dizerem que agora é que ia ser bom.
Depois, é sabido, apareceu Cavaco, ar esfíngico, a boca mal mexendo tanta a raiva que o percorria, a despejar um baldo de água fria em cima das criançolas e lançando para a fogueira mais umas acendalhas confusionistas.
E aí as televisões transmitiram-nos a histeria de quem tudo sabe, de quem quer fazer de conta que sabe mas não atina com esta, dos que acham que vai ser bom embora não saibam de que falam, outros que dizem que isto é uma casa de doidos - e, enfim, outras rábulas de quem nem vale a pena falar. É o período Júlio de Matos da história portuguesa.
Mas as notícias deste sábado foram ainda mais longe, comprovando que os malucos em Portugal agora já não estão internados em instituições de saúde adequadas ao tratamento de patologias comportamentais: não senhor, estão todos no Governo e arredores.
Refiro-me ao que li no Expresso mas que, agora, comprovei que são notícias que já percorrem toda a imprensa: dando de barato que Cavaco não passava de um verbo de encher surdo e mudo, durante o período que precedeu a intervenção do presidente, já Paulo Portas andava a encerrar o capítulo Ministério dos Negócios Estrangeiros, encaixotando tudo, despedindo-se dos colaboradores e, pela calada da noite, a percorrer a cidade para escolher onde se haveria de instalar com pompa e circunstância, a partir da segunda feira seguinte, data em que Cavaco lhe daria posse como chefe de Passos Coelho.
Segundo Pedro Marques Lopes, Paulo Portas é o elo de ligação entre todos os falhanços das coligações à direita. Não há uma única que sobreviva. Mas sempre com pose fagueira e arzinho de estadista. |
Transcrevo uma das notícias, onde se evidencia o ridículo de tudo isto e o que é estar o País entregue a gente destas:
Paulo Portas estava tão convencido de que iria a ascender a vice-primeiro-ministro que já tinha as suas coisas empacotadas, já se vinha despedindo do pessoal no Palácio das Necessidades, e até empreendia “aventuras nocturnas” pelo património do Estado em Lisboa à procura de uma "sede digna” do seu novo posto.
Segundo relata o jornal, já no início desta semana, Paulo Portas era “uma figura mais ausente do que presente” no Palácio das Necessidades. Antes de saber o veredicto do Presidente da República, o MNE já tinha tudo empacotado no seu gabinete e foi-se despedindo nomeadamente do pessoal do ministério e de embaixadores, descreve o jornal.
As noites, essas eram ocupadas em “viagens semiclandestinas por Lisboa”. Tratavam-se de “aventuras nocturnas pelo património do Estado na capital”, descreve o jornal.
Segundo o Público, Paulo Portas fez-se acompanhar por alguns dos seus colaboradores de confiança, tendo visitado “inúmeros edifícios em busca do lugar ideal para uma sede digna de vice-primeiro-ministro”.
Ridículo, ridículo. A gente lê isto e tem vontade de rir até que, pensando melhor, percebe que isto deveria era dar vontade de chorar.
Que maluquice tudo isto.
E que gente pouco inteligente que não percebe nada de nada. Então a uma pessoa que se toma por tão inteligente não ocorreu que Cavaco o poderia mandar bugiar?
E que sangria desatada foi esta? Imagino a cena absurda: enquanto o País discutia o pântano em que o País se transformou, e enquanto a população empobrece, definha e se aproxima do precipício, andava Paulo Portas e compagnons de route a percorrer a noite de Lisboa, a escolherem um edifício para se instalarem, quiçá imaginando a sua redecoração.
Porquê isto, alguém me explica? Será que Paulo Portas tem alma de decorador de interiores e estava deserto por ter mais um espaço para arranjar e decorar? Só se for, não é?
Que maluquice tudo isto.
E que gente pouco inteligente que não percebe nada de nada. Então a uma pessoa que se toma por tão inteligente não ocorreu que Cavaco o poderia mandar bugiar?
E que sangria desatada foi esta? Imagino a cena absurda: enquanto o País discutia o pântano em que o País se transformou, e enquanto a população empobrece, definha e se aproxima do precipício, andava Paulo Portas e compagnons de route a percorrer a noite de Lisboa, a escolherem um edifício para se instalarem, quiçá imaginando a sua redecoração.
Porquê isto, alguém me explica? Será que Paulo Portas tem alma de decorador de interiores e estava deserto por ter mais um espaço para arranjar e decorar? Só se for, não é?
***
Sai o Paulo, entra o Paulo,
à hora que ele quiser,
agora já não está amuadinho
por ciúme da mulher;
sabe que o mais importante
é ter um governo estável,
só não sabe o quer dizer
a palavra irrevogável.
à hora que ele quiser,
agora já não está amuadinho
por ciúme da mulher;
[E que entre o comboiozinho!]
/\
E estou com tanto, mas tanto, sono que não consigo falar em segundos resgates, em cortes de quatro mil e setecentos mil milhões de euros e outras parvoíces.
Por isso, fico-me já por aqui mas não sem antes vos desejar um belo domingo.
Have fun.
6 comentários:
Às vezes ainda acredito no Pai Natal. Estava com uma certa esperança que fosse desta que Paulo Portas fizesse justiça à genética.
Um politico que muito admirei, e que alguem fez desaparecer demasiado cedo, disse um dia:
A politica sem risco é uma chatice mas sem ética é uma vergonha- Sá Carneiro.
“Há quem tenha a ilusão de que o Presidente da República pode impor aos partidos, contra a vontade destes, a sua participação em governos de coligação, por vezes apelidados de salvação nacional.”Pagina 21 - http://www.presidencia.pt/multimedia/publicacoes/RoteirosVI/
Está na NET-))))))))))))
mais uma opinião irrevogável-)))
para o caso se desaparecer já fiz o download-))
Caro Anónimo que enviou o link para os Roteiros,
Muito obrigada. É de leitura cheia de curiosidades, sem dúvida. Estive a dar uma vista de olhos e tem que se lhe diga. A página 22 também não está mal...
eu bem tento manter uma atitude positiva, mas é difícil - http://www.publico.pt/economia/noticia/contrato-polemico-do-bpn-leva-bic-a-exigir-ao-estado-cerca-de-100-milhoes-1600216
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