Eu também sou assim: homens inteligentes são uma tentação. E, como, geralmente, com a inteligência vem o sentido de humor, ainda mais me encanto. Adoro que me façam rir. E, se for um homem inteligente a fazer-me rir, então, que coisa agradável que é. E se a isso os homens juntarem uma pitada de irreverência, então, a coisa começa a ganhar um picante quase irresistível.
Sempre fui mais de bad boys do que meninos certinhos.
O meu primeiro namorado era um caso complicado de bad boy, um malandro, um desafiador, um menino-família que se portava muito mal, muito, muito mal, e as duas noites passadas na esquadra eram, para mim, um feito que o faziam instalar-se definitivamente no meu coração. Andávamos volta e meia de candeias às avessas, a paixão era excessiva, mas, da mesma forma incendiária como nos desentendíamos, da mesma maneira logo fazíamos as pazes e era uma ternura sem fim, um amor eterno. Era de uma inteligência fulgurante, fazia-me rir, fazia-me tremer com as suas provocações e maus comportamentos, fazia com que o meu corpo se revolteasse só de o ver vir na minha direcção.
O namorado que se seguiu era o oposto, bem comportado, muito educado, um encanto para as tias e avós, não me lembro que tenha feito alguma vez um único disparate. Era inteligente, tinha sentido de humor mas era muito by the book, não sabia o que era a irreverência. Não correu bem, como é claro.
O terceiro que chegou como quem chega do nada - e eu não sabia mesmo quem era, como se chamava, ao que vinha - era um revolucionário. Desmedido, provocador, sedutor. Inteligente, sempre a surpreender-me, sempre a fazer-me rir, sempre a desafiar convenções, regras, sempre disposto a correr todos os riscos. Fiquei com ele, está bom de ver.
Mas isto são os homens para meu uso privado.
No entanto, para uso público, é ainda assim que eu os prefiro: inteligentes, com sentido de humor, criativos, irreverentes, desafiadores.
Vem isto a propósito da excelente entrevista à CNN que DSK concedeu há dias e de que as televisões têm passado excertos.
DSK, um homem inteligente por quem os franceses não se importarão de esperar |
O homem é um touro, basta vê-lo a andar, basta vê-lo a conversar com uma mulher, todo ele um sorriso feito de malícia. E sabendo-se da sua inteligência auto-confiante, imagine-se o efeito sobre as mulheres. Contam os testemunhos: uma libido heterodoxa, o gosto pela conquista, a falta de censura interna sempre que o hiperactivo pénis fala(va) mais alto. Festas, orgias, tentativas pouco oportunas - diz-se de tudo. Não sei se é verdade, se há exagero. Mas admito que há um fundo de verdade em tudo o que se diz.
E, no entanto, não me sinto chocada e, muito menos, acho que, por isso, deve pagar e perder as chances de ser presidente de França, director geral do FMI ou o que quer que seja.
Claro que assumo que, apesar de ser um touro sempre pronto a entrar em acção, DSK não é um violador ou um perigoso assaltante da virgindade feminina ou que não compra silêncios com dinheiro. Se fosse, deveria estar na cadeia. Mas creio não ser esse o caso (pelo menos está em liberdade, creio que ilibado das acusações). Será um libertino e isso, francamente, não me incomoda. Dará um fantástico personagem do filme que rodarão sobre ele e, olhando-o como um elemento no meio da ficção, as pessoas apaixonar-se-ão por ele.
DSK era casado com uma mulher cosmopolita, Anne Sinclair, que certamente sabia as coisas de que o touro insubmisso era capaz. Assunto lá deles.
Anne Sinclair, a bela ex-mulher de DSK |
O que não vejo, mas não vejo mesmo, é em que é que os desacatos penianos de DSK podiam prejudicar quem quer que fosse (para além dos envolvidos ou respectivos cônjuges). Decerto, depois das suas aventuras estaria muito mais feliz e motivado para trabalhar melhor. Tenho conhecido grandes profissionais que não se ensaiam nada para dar uma pulada de cerca e isso em nada prejudica o seu desempenho profissional - muito pelo contrário.
Não estariam a França e a Europa bem melhores se fosse ele o presidente e não com o Hollande? Ou se a sua visão e liderança ainda se fizessem sentir no FMI?
Não estariam a França e a Europa bem melhores se fosse ele o presidente e não com o Hollande? Ou se a sua visão e liderança ainda se fizessem sentir no FMI?
Por isso, foi com gosto que, na entrevista na CNN, o vi assumir com frontalidade, peito feito, sorriso confiante no olhar, o que lhe sucedeu. Problema com mulheres? pergunta o entrevistador. Nenhum. Claro.
Claro que também gostei de o ouvir dissertar sobre a globalização e de como a Europa não se soube preparar para ela, dissertar também sobre a austeridade, sobre as fracas lideranças da Europa - e é de uma lucidez e de uma frontalidade assim que andamos bem precisados.
Mas disso talvez fale noutra altura.
Hoje a conversa aqui tem a ver com este nosso mundo de devassa,
- em que os serviços secretos dos países espiolham as caixas de correio, as chamadas telefónicas e os sms, os facebooks e os twitters e o que mais lhes aprouver,
- e tudo sem regulação, e tudo sem que ninguém se preocupe;
- em que se aceita que gente sem moral ou escrúpulos empobreça os países e destrua futuros de muita gente,
- se aceita que uns quantos, armados em moralistas, não descansem enquanto não afastam quem apenas se limita a ter uma vida privada pouco ortodoxa, pouco iconoclasta, mas que não prejudica ninguém.
Porque é assim, com mentalidade de sacristia, com a mediocridade à solta, com moralismos bafientos fora das gavetas, com ânsias persecutórias, com os media a darem voz aos novos inquisidores e papagaios para todo o serviço, que se vão triturando e rejeitando os melhores.
Acabam por sobrar apenas os Tozés deste mundo, os Hollandes, os Passos de Massamá, os Rajoy. Muito diferentes entre si, é certo, uns com as mãos sujas, ou com os bolsos atafulhados, outros com esqueletos no armário, outros limpinhos e inocentes como meninos do coro. Mas, em todos, a mesma ausência de visão estratégica, de liderança forte, de rasgo, de golpe de asa. Terão em comum o serem sexualmente contidos. Mas, caramba, o que é que o mundo ganha com isso?
DSK à CNN: I have no problem with women
E eu que sou mulher, pessoalmente, também não tenho nenhum problema com o DSK. Pelo contrário, acho um desperdício para a União Europeia que ele esteja agora a trabalhar para a Rússia.
E vejam-se os motivos da contratação que os próprios enunciam:
O ex-diretor do Fundo Monetário Internacional, Dominique Strauss-Kahn, presidirá o Conselho de Administração do Banco de Desenvolvimento Regional da Rússia, órgão pertencente à maior empresa petroleira do país, a Rosneft. Especialistas do setor financeiro disseram que a figura do executivo tem um importante valor para a instituição, pois, mesmo tendo renunciado à direção geral do FMI por denúncias de abuso sexual contra uma camareira de hotel, representará uma garante de estabilidade e respeitabilidade perante o mundo.
Ele há com cada paradoxo...!
**
E por aqui me fico agora. Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça feira.
8 comentários:
o normal é procurar melhor fora do que se tem em casa, este senhor faz o contrário-)))))neste aspecto não é muito inteligente, nos outros dou de barato
Ahhhhh, se eu tivesse o olfacto de alguns animais, poupava montes de palavras.Ele segue a verdeira natureza, sem condicionalismos sociais, e claro que ser um gajo com dinheiro ajuda e muiiiito.
retificação, verdadeira natureza se fizesse um upgrade, mas como faz um downgrade, trata-se mesmo de uma tara-))
Não sei avaliar e também não sabemos o que há de verdade e mentira neste caso. A mim já nada me choca, mas o que acho é que nestes casos, desde que todos os envolvidos estejam de acordo, tudo certo!...o problema é quando os poderosos usam esse poder para conseguir à força o que parece que conseguem com consentimento.
Também posso ser antiquada, mas pessoas que estão à frente dos destinos de países deveriam ser íntegras. Não falo de falsos moralistas ou de perfeição, mas acho que se apregoamos tanto a defesa dos valores que se perderam, não podemos defender o contrário.
A inteligência não paga tudo.
Não sei se estou errada e estou a falar duma maneira geral.
Quisera eu em cada blog deixar um
comentário diferente de tudo aquilo,
que tenho feito nessa caminhada de blogosfera.
Quisera poder descrever minha ansiedade
ou tristeza por não poder fazer aquilo , que todos fazem.
Uma luta tenho travado comigo mesmo para não deixar de vez
esse mundo , que amo mesmo sem face.
Quero , que saiba todas palavras , que deixo nas minha visitas
são de um amor brotado do fundo da alma.
Que , Deus nunca tire de você
a força de nenhum de seus membros .
Hoje me sinto faltando um pedaço ,
mais Deus ainda deixou o suficiente para mim poder caminhar
mesmo ficando limitada ainda sou muito feliz.
Que , as bençãos Divinas esteja presente
em seus sonhos e sua caminhada.
Obrigada pelo carinho por aceitar da forma ,
que sou.
Um Dia de benção e paz para sua vida
beijos om meu eterno carinho,Evanir.
Cara UJM,
metaforicamente falando, curvas e contracurvas quem as não gosta de ver ou dar. Na quotidiana vertigem, educam o cerebelo, melhoram o vestíbulo auditivo e, acima de tudo, devoram paisagem variada. É facto que, passando à feminilidade das mesmas, atónito ficará quem vir estas curvas passar e as mirar com ar apalermado…de espanto saloio. Se forem olhos gastos de ver e sentir, até sói dizer-se: «ficam “paneleirinhos” das vistas!».No entanto, faz bem à saúde.
DSK é um senhor. Sem qualquer problema, gosta de curvas e contracurvas, pois sabe que apesar de ser perigoso, não é temível pecado. Politicamente excedeu a perícia dos seus gostos, mas…plissou e continuou caminhada. Agora reacertou agulhas, mas não ao serviço dos que o tramaram por via doutras curvas e contracurvas, estas políticas e de inveja. Razão para perguntar: quem tramou DSK?
Acho que os que agora estão mais tramados.
Quem não gosta de, nem deu curvas, por favor abandone a oscilação e siga apenas em linha recta… a forma mais primária de cortar caminho.
Felicidades e muita saúde
Só vi a dita entrevista do DSK depois da chamada de atenção feita por si e pelo Blogue da HSC, no Fio de Prumo. E gostei do que ouvi. Um tipo directo, sem medo de responder. Que, para quem acompanha estas coisas do Direito, lá foi explicando como é o sistema (perverso) da Justiça norte-americana, que tem em vista, sempre, o fazer e obter dinheiro, veja-se porque é que ele acabou por se decidir em dar a tal indemnização à criatura. À parte o comentário das algemas, abjecto, no tal sistema de Justiça norte-americano, que condena publicamente quem ainda beneficia do direito à presunção de inocência, até ser efectivamente condenado. Mas, enfim, o que interessa é o indíviduo. Inteligente, culto, politicamente sagaz, intelectualamente brilhante e que, se não fossem aqueles azares dos cabrais, estaria, provavelmente, hoje sentado no lugar do cinzento Holland. Estava a fazer um bom trabalho no FMI – ao contrário desta “pirua-franco-pró-americana-pavoa-de-um raio”. E tinha-os no sítio. Concordo consigo. Uma pessoa sem humor, sem cultura, sem “sal”, não tem interesse. Seja mulher, seja homem. Ás vezes, essas coisas têm um preço, mas “com perseverança”, ultrapassa-se. Quando era jovem estudante fui expulso de 2 estabelecimentos de ensino. Era muito rebelde, mas estudava. Chateava-me o excesso de autoridade. Meus pais passavam-se. Mas, a verdade é que eu “os compensava” depois com bons resultados nos exames. Num caso, um colégio de frades, onde estava com um dos meus irmãos interno, depois de expulso, prometi-lhes, à fradalhada, voltar ali, mais tarde, com os bons resultados no bolso. E assim fiz. Só que lhes apareci de bermudas, para os chocar. Enfim, coisa de adolescente rebelde. Tenho levado toda a minha vida entre o sério, o divertido, o aplicado, o irreverente, o bem comportado e o oposto, conforme me dá na real gana, dependendo das circunstâncias e de como a vida me confronta, ou eu a enfrento. E assim, quer eu e nossos filhos, que vão pelo mesmo caminho, lá vamos indo, cantando e rindo, mais sério, menos sério. Nada como uma pitada de humor, de irreverência, a par de competência no que fazemos. O resto, vem por acréscimo. Sermos cultos ou não depende da vontade de cada um. Um tipo vai envelhecendo, mas pode optar por se formatar conforme a Sociedade, ou não. Eu prefiro o não. E, embora tenha tido chatices com essa atitude, também já gozei bons momentos por optar por esta última. Até com as leituras nos podemos divertir. Além de aprendermos. De tudo o que vou lendo, sempre que posso, tomo notas disto e daquilo. Um dia ainda me encho de coragem e faço um Blogue a que daria o mesmo nome daquelas Notas (“Notas Soltas”), com umas pitadas pessoais minhas, sempre que possível, com algum humor e irreverência. Mas, não sei. Sou algo preguiçoso para avançar com um projecto desses.
P.Rufino
PS: Ah! A estas horas já Cavaco Silva dorme (ao relento, suponho) nas Selvagens! Chiuuiui!
Olá UJM,
Quando se tem uma posição social e política de renome, todos os actos que praticamos são vistos e avaliados à lupa por quem nos inveja e DSK não se soube acautelar e separar as águas, e perdeu, perdeu tudo, a sua amada França, a posição que tinha, a linda, inteligente, afortunada e endinheirada mulher que tanto o ajudou... mas tudo tem um limite!
Gostei muito do seu post e dos comentários dos seus Leitores!
Um beijinho e Boas Férias!
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