sábado, abril 20, 2013

Enquanto escrevo, vejo na televisão o culminar de uma caça ao homem em Boston. O homem que foi perseguido como um cão raivoso chama-se Dzhokhar Tsarnaev, estuda medicina e tem apenas 19 anos. Pelo que dizem, não se sabe se foi abatido a tiro. Que impressão que isto me faz.


Sobre como é fácil perceber o que vale o que Passos Coelho diz, falo no post abaixo. As técnicas de descodificação da linguagem corporal são muito úteis em casos destes.


Mas aqui, neste post, falo de um dos temas mais mediáticos da actualidade, da caça ao homem em Boston.

As televisões mostram imagens em directo. Podia ser uma série, um filme.

Watertown a ferro e fogo, uma casa cercada, ruas cortadas, carros de polícia, luzes azuis na noite e o suspense de um desfecho iminente.

Como se distingue, num caso destes, a realidade da ficção? Não sei.

Como sempre, os conhecidos, colegas, amigos e familiares, descrevem-no como um rapaz calmo, simpático.



Dzhokhar Tsarnaev, 19 anos, anjo ou monstro?
(ou um monstro com cara de anjo?)


Como vejo no Expresso, "O meu filho é um verdadeiro anjo", disse Anzor Tsarnaev, pai de ambos os irmãos à AP, a partir da cidade russa de Makhachkala. "Dzhokhar é um estudante de segundo ano de medicina nos EUA. Ele é um rapaz tão inteligente. Esperávamos que ele viesse cá de férias".

Com 19 anos um rapaz é ainda um menino, o menino de seus pais.

O que leva um jovem assim a fazer uma coisa destas? Como é possível que dois irmãos, com uma vida aparentemente normal, resolvam levar a cabo um acto de tamanha malvadez como o brutal atentado na maratona de Boston? 

(Estou a falar admitindo que foram mesmo eles, esperando que tudo isto não seja uma precipitação para acalmar a opinião pública.) 

Mas, se foram eles, que aconteceu na sua vida para que, de jovens normais, tenham passado a inimigos absolutos, a animais acossados, a monstros?

O irmão mais velho já morreu e este certamente terá ou teve a mesma triste sorte.

Ouço que o quereriam apanhar com vida mas é como se não falassem de um ser humano mas de um bicho de que se quer perceber que defeito tem, ou como se quisessem levá-lo a padecer da vergonha, do arrependimento eterno. Ou como se o quisessem expor. Uma presa capturada. Vivo mas, de facto, morto.

Ouço e vejo as imagens na televisão e talvez eu esteja a ver um filme, um filme banal, muito banal.

Num país em que as armas são de venda mais livre que o álcool ou o tabaco, em que tantos jovens crescem (lá como cá) entre séries e filmes de violência e terror, alguns longe da família, sem um esteio cultural, sem uma perfeita integração social, até admira é que desgraças destas não aconteçam mais vezes.

Que mundo este, que mundo este...

2 comentários:

Maria Eduardo disse...

Olá UJM,
Também estou a acompanhar, em directo, o desenrolar e culminar da caça a Dzhokhar Tsarnaev, o estudante de medicina e bolseiro por mérito!... mas que coisa terrível que está a acontecer. Será anjo? será monstro? Ele parece ter cara de anjo, mas a mente deve estar perturbada. Espero que não tenha morrido.
Um beijinho,boa noite e bom fim de semana.

Olinda Melo disse...


UJM

Tudo isso me vem à ideia, todas essas interrogações...O que terá acontecido naquelas cabecinhas? Se realmente for deles a culpa.

Bj

Olinda