terça-feira, fevereiro 19, 2013

O grande pensador Miguel Relvas, brilhante orador no Clube dos Pensadores no Porto, foi interrompido ao som do Grândola, Vila Morena. Oh, que decepção que deve ter sido para esse outro grande pensador, o fundador do Clube, Joaquim Jorge. Ponham os olhos nestes pensadores ó senhores filósofos...!


Não sei o que é o Clube dos Pensadores no Porto mas, cá para mim, a coisa não augura nada de bom. 



O Grande Pensador Miguel Relvas,
um ministro que é tipo uma mais-valia e que amanda umas bocas bué da fixes


Fui espreitar e vejo no respectivo blogue um texto puxa-saco a falar do Relvas, o seu convidado desta segunda feira, dia 18 de Fevereiro: 

É o Ministro mais político deste governo, zelando pelo bom relacionamento entre o PSD e CDS/PP na coligação governamental e fazendo a articulação do governo com o Parlamento. Tem sido uma mais-valia no diálogo e na manutenção da coligação PSD/PP.

O início de ano está a correr de feição ao Governo em que há uma descida significativa das taxas de juro e um regresso aos mercados antes de Setembro de 2013.

Fiquei curiosa. Vejo que Miguel Relvas, essa grande mais-valia tão nossa conhecida, foi convidada pelo fundador do Clube dos pensadores, Joaquim Jorge. Joaquim Jorge...?



Joaquim Jorge, o transindividual fundador do Clube dos Pensadores


Ignorante e sulista que sou, não conhecia o Pensador-Mor. Pesquiso e vou dar a grandes revelações. Pelo pouco que leio parece-me tratar-se de um ser transcendental, epigonal, octogonal, tangencial, que é como quem diz em linguagem mais terra a terra, fenomenal (para além de me parecer que é sopinha-de-massa).

Leio uma entrevista a este grande pensador, fundador de um Clube que é - e imaginem-me de dedinhos no ar, a fazer umas aspas virtuais, pois vou citar - um laboratório de ciência política

Boa! (Já agora: quem serão os cientistas e quem serão as cobaias deste curioso laboratório...?, pergunta a minha ignorância)

Mas volto de novo à entrevista (segundo me parece pertencente ao site da Câmara de Gaia) e transcrevo:

O pensamento, a imaginação, o grupo. Através destes três pilares a Humanidade realizou a sua viagem até aos nossos dias. E na simplicidade das coisas complexas o mundo viu cair impérios, líderes mas a naturalidade de uma acção como o pensamento sempre ficou à superfície da consciência humana, quer através da sua relação com o próprio quer com o grupo, pois de facto o homem é um animal social. "Hoje em dia devemos ser adeptos da transindividualidade, ou seja, conseguirmos ser de um partido e estarmos à beira de outra pessoa de outro partido" frisa Joaquim Jorge, presidente do Clube dos Pensadores. Mas nem sempre é fácil...

Transindividualidade?! Temos pensador! Cá para mim, só por isto, já lhe dava equivalência à licenciatura em Filosofia.

Pois bem, leio agora no Expresso que esse grande pensador, o orador Vai-Estudar-ó-Relvas, quando estava a orar, foi interrompido.

Acho mal! Devia ter pensamentos tão filosoficamente profundos para apresentar e, assim, sendo interrompido, na volta ainda perdeu a pica... Parece impossível como alguém ousa interromper um pensador destes.



Os pensadores livres que interromperam o Relvas,
esse grande pensador que orava no Clube dos Pensadores


Transcrevo do Expresso:

O ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, foi hoje interrompido quando discursava no Clube dos Pensadores no Porto por protestos de cerca de duas dezenas de pessoas, que cantaram "Grândola Vila Morena" e exigiram a sua demissão.

"25 de Abril sempre! Fascistas nunca mais", "gatunos" e "demissão", gritaram os manifestantes, interrompendo, cerca das 21h40, o discurso de Miguel Relvas, que falava há cinco minutos.

O ministro ainda tentou dirigir-se aos manifestantes, mas a sua voz foi abafada pelos protestos. "Sim, vamos todos cantar", disse Miguel Relvas, que só conseguiu voltar ao seu discurso depois de o grupo ter saído por sua iniciativa da sala.

"Nestas circunstâncias [estas manifestações] não me desencorajam, não tenho qualquer tipo de preconceito", afirmou Relvas após os protestos.


(E cantou com aquela cara de quem encaixa em qualquer situação que, ele, para ele, não há cá preconceitos, nem princípios, nem tretas dessas. Para o Relvas vale tudo.)

E eu, perante isto, só tenho a dizer: boa Relvas! Não cedas aos preconceitos! Não te vás abaixo, ó Relvas! Canta, meu! Não deixes que te desencorajem!


(Já agora, se quiserem divertir-se e tiverem paciência para a gaguejante gravação vídeo que consta do referido blogue aqui vos deixo o link. Durante não sei quanto tempo o Pensador-Mor, Joaquim Jorge, fa-faz a intro-tro-du-du-ção penso que a desfi-fi-fiar o imen-men-so-so curriculum do Re-re-relvas. Depois, finalmente, começa o Re-Re-relvas e a gravação acaba pois deve ter sido, nessa altura, que foi interrompido. Que coisa tão triste. E eu que queria tanto ouvir os pensamentos do Relvas...)


E, se quiserem ver esse maravilhoso momento de transindividual-coral em que o Relvas canta a Grândola, aqui está:



Lindo! Ganda Relvas! O que é um porco a voar ao pé disto?


!"!"!

E por aqui me fico. Vinha cheia de ideias inteligentes para partilhar convosco. Afinal não consegui. Fiquei tão aborrecida por terem interrompido o Relvas que já não consegui.

E só espero que isto não vire moda - de cada vez que algum dos membros do governo fale em público ser interrompido pela Grândola - senão os pobrezinhos ainda começam a ter pesadelos com isso e ainda se demitem... e oh que pena.


!"!"!

Convido-vos, no entanto, a darem uma espreitadela ao meu Ginjal. No entanto, aviso já: por lá a coisa não correu melhor... que eu hoje só me está a dar para isto. A incursão felina atrás de um bando de ratos ali para os lados de S. Bento ou lá onde é (palpita-me que é para a Expo, mas não estou certa) fica a dever-se a um poema de Inês Lourenço. A música é ainda Yo-Yo Ma no violoncelo a tocar Dvorak (e merecia que eu me tivesse portado melhor...)

!"!"!"!

E, por hoje, é apenas isto. Isto e, claro, desejar-vos uma bela terça feira cheia de boas notícias!


4 comentários:

Anónimo disse...

Ora a minha ignorância! Nunca tinha “ouvisto” falar! E pensam mesmo? Ou é a fingir? Por exemplo, o Relvas pensa?
Conheci aqui há muitos anos um tipo, há época muito mais velho do que eu, que por vezes se fechava no seu gabinete, sentava-se no sofá que lá tinha e ficava ali, quase imóvel, uma data de tempo (ou a meio da manhã, ou a meio da tarde), a olhar para o infinito, de mãos sobre a barriga. Se havia alguma coisa urgente que precisavamos de discutir com ele pedíamos à secretária para lhe abrir a porta e entrarmos. Tremia toda, de receio de levar um raspanete, depois: “Ai! O Dr. está a pensar, lá no sofá, sentado e como sabem nunca gosta de ser incomodado nessas ocasiões.” E esfregava as mãos uma na outra, em stress agudo. Ás vezes aquilo chateava-me e juntando alguma curiosidade à ousadia lá lhe abria a porta do gabinete, devagarinho e peguntava-lhe baixo: “ Fulano, olhe, está disponível? É que temos, ou tenho (conforme fosse só eu, ou acompanhado de outros) aqui um assunto que gostaria, gostaríamos, de analisar consigo.” Silêncio! E a criatura ficava ali imóvel. Nem se mexia, nem respondia! Estava na realidade a pensar (se na morte da bezerra, se no raio que o partisse, se noutra coisa, nunca apurámos). E de nada valia insistir. A criatura simplesmente ignoráva-nos e mantendo-se imóvel, acabávamos por desistir e íamos embora. Dizia-nos a secretária: “não lhes disse! É assim, quando está naquilo não há nada a fazer. Quando terminar chama-me e depois digo-lhe que aqui estiveram e ele chama-os, sim?”. E assim era. Um dia, ainda ali fiquei, à porta, com metade do corpo e a cabeça dentro da sala, a olhar para ele e dar sinal de vida, mas nada. Não resultou. Nunca entendi que diabo de bizarria era aquela. Uma espécie de semi-transe? Uma maluqueira? E ainda hoje estou para saber qual o resultado de tanto pensar! Nunca lhe vi um escrito, uma obra, uma “porra” nenhuma que justificasse tanto escrutínio mental. Agora, ao ler este seu Post, ocorreu-me aquela figura patética. Ás penso que “Belém” por vezes se parece com ele. Fala tão pouco e remete-se a tanto silêncio! Já o Relvas, se lhe dá para isso, de pensar, ainda consegue obter uns créditos e nos aparece licenciado em filosofia, qual Platão cá do burgo!
P.Rufino

jrd disse...

Não acredito que Relvas saiba quem foi Rodin: "Penso eu de que".
Por outro lado, creio que se o grande Escultor soubesse que, muito tempo depois, haveria de ser fundado o tal clube, era bem capaz de não ter criado «O Pensador».

Abraço

Anónimo disse...

Acabo de ler no Público on-line que agora são os estudantes que assobiam o Relvas. Decididamente, o homem não tem sossego. Ninguém o suporta. Quero crer porém que o Passos vai continuar a mantê-lo, quanto mais não seja por isso mesmo: por a malta não gostar do cabotino.
Enfim!!!
P.Rufino

dbo disse...

Cara UJM, tal como o P. Rufino, soube que RELVAS foi novamente vaiado e, desta feita, nem se conseguiu realizar o evento da TVI no ISCTE.

Começa a ser muita areia para a sua pouca bagagem. Julgava ele, e seus apaniguados, que borboletear temas políticos de magna esquizofrenia dialéctica lhe concedia o direito de se afirmar como verdadeiro doutor, como aqueles que lutaram ano a ano pelas suas cadeiras e sujeição à chumbaria, num marcar de passo cadenciado e obrigatório.
Esse gajo, repito gajo, oportunista e ladrão de saberes que nunca possuiu, tem a desfaçatez de se autoproclamar doutor, só porque alguns badamecos de uma Universidade qualquer, a troco de benefícios mal esclarecidos mas adivinháveis, tiveram a ousadia de se vender e cometer um atropelo académico.
Nem vale a pena tanto adjectivo, mas na realidade os estudantes de agora, alguns em risco de sair da faculdade por falta de tudo e mais alguma coisa, sentem nesse pseudo-doutor um símbolo de injustiça das Academias que os obrigam a abandonar o ensino e a marcar passo, rumo ao nada.
Mereciam mais que vaias, esse tipo e todos os que lhe vestiram a capa doutoral.
O povo é manso, mas até certo limite, pois não permite que seja esboroado o princípio tão católico que diz: “não faças aos outros aquilo que não queres que te façam”.
E basta de moralidade!
Mais uma vez votos de muita saúde.