sexta-feira, outubro 05, 2012

Paulo Portas vai romper com Passos Coelho? Paulo Portas reabre crise na coligação? Tretas. É tudo fita. Se Paulo Portas quisesse mesmo contribuir para a salvação nacional sairia deste Governo. Sairia já. Aí sim, estaria a defender Portugal e a honrar a palavra que deu aos eleitores do CDS.



Passos Coelho, Paulo Portas e Miguel Relvas - três dos principais responsáveis pela actual desgraça nacional


Depois de uma conferência de imprensa em que Vítor Gaspar lança uma bomba para cima da mesa, ameaçando de esbulho toda a população portuguesa, aparece na Assembleia da República este governo, que é uma autêntica tropa fandanga, para se defender das moções de censura do PCP e do BE.

Antes de me pronunciar sobre os ministros quero, desde já, deixar aqui um elogio às boas intervenções de  deputados que ouvi. Ana Drago muito bem, Louçã, incisivo, certeiro, os deputados do PCP todos muito bem, Francisco Assis excelente.

Mas agora o Governo: moribundo, sem dúvida. Mal encarados, desencontrados, acossados.



Descarado, sonso, o Gaspar-não-acerta-uma parece achar que os outros são parvos


Vítor Gaspar lança, ao re-tar-da-dor, umas atoardas, intercala o desvario com elogios bacocos ao povo português e enfia-se, logo a segui,r no computador, porque nada do que ali se passa lhe interessa, é um frete que ali está a fazer e que o impede de estar o tempo todo a olhar para as folhas de cálculo. 

Passos Coelho usa a sua voz bem projectada de putativo barítono para dizer banalidades e para acusar o governo anterior como se já lá não estivesse há um ano e meio. Sobretudo, revela sistematicamente a sua total incompreensão pelo que se está a passar no país e revela que continua sem perceber que as medidas que lança têm efeitos colaterais. Nomeadamente, acha que a quebra da receita fiscal e o aumento dos subsídios de desemprego que lhe dão cabo das contas, agravando o défice, são azares que lhe acontecem e aos quais o Governo é alheio. Quem diz isto ou está de má fé e acha que os outros são parvos ou é totalmente destituído de inteligência. Ou então é um patético mix das três coisas.



O Vai-estudar-ó- Relvas sempre a distribuir jogo,
sempre de mãozinha posta nas costas dos outros a demonstrar intimidade


Miguel Relvas está agarrado ao telemóvel, faz risinhos, lança o seu mau hálito para cima de Paulo Portas, levanta-se e diz coisinhas a Passos Coelho, levanta-se de dá as tácticas ao Gaspar, por ali anda, uma autêntica concierge. E ambos trocam risinhos gozões e cúmplices quando Honório Novo mostra a carta escrita por Paulo Portas. Ambos gozam com a humilhação a que Paulo Portas é sujeito.



Paulo Portas, o homem que está a ser cúmplice na destruição do País
(e também o homem que está a esvaziar o CDS -
porque afinal que raio de partido e que raio de valores é que defende o CDS?)


E, no meio disto, qual o número que hoje Paulo Portas representou na Assembleia da República, ali entalado entre esses grandiosos estadistas, o Passos Coelho e o Miguel Relvas?

Pois... Paulo Portas armou-se em Lady Di quando já não dormia no quarto do Prince Charles, naquela fase em que comparecia em actos oficiais de cabeça baixa, ar infeliz. Artista como sempre, Paulo Portas encenou o distanciamento, encenou o amuo, mostrou-se constrito. E as televisões fizeram-lhe a vontade e mostraram-no assim, fazendo de conta que está ali muito contrariado, numa de noblesse oblige. Ou seja, perante a situação em que se encontra, tenta salvar a cara perante o eleitorado, finge que está agastado.

Depois, cá fora, vem dizer que estamos a viver em estado de salvação nacional e que a estabilidade é muito importante, como se dissesse que só ainda vive em concubinato com o outro por causa dos filhos. 

Tretas. Tretas, Sr. Paulo Portas, tretas.

Vivemos num estado que precisa de ser salvo, isso é que é. Vivemos num estado que precisa de ser salvo deste Governo, Sr. Paulo Portas! Perceba isso!

Diz que está no Governo porque a estabilidade é importante. Tretas, tretas, Sr. Paulo Portas! A estabilidade é importante para quê? Para que este Governo destrua o País com maior facilidade?

Deixe-se disso, Sr. Paulo Portas. Neste momento, o melhor que pode acontecer a este País é que este governo saia de cena, mas saia muito depressa antes que seja irreversivelmente tarde demais. 

Num ápice, Cavaco Silva arranja uma dúzia de 'maduros' que não se importam de pegar na desgraça em que o País se encontra e, em três tempos, começam a trabalhar e a fazer alguma coisa de jeito. Não tenha dúvidas, Sr. Paulo Portas!

Gente experiente, competente e inteligente é o que não falta neste País e gente assim não precisa de consultores, assessores, comissões e tretas para começar a gerir o País.

Por isso, Sr. Portas, deixe-se de tretas, deixe-se de cenas, deixe de fazer beicinho e porte-se como um homem de bem. Gosta de estar com o braço de Relvas na sua cadeira, consegue respirar o hálito do Relvas? Consegue conviver com a boçalidade? Consegue conviver com criaturas amorais como o Gaspar? Consegue imaginar como se sentem os seus eleitores? Consegue olhar de frente os deputados que estão no CDS de boa fé? Consegue olhar-se ao espelho?



Acha que é bom para o País
ter Passos Coelho como Primeiro Ministro, Senhor Paulo Portas? Acha?!?!?!


E, Senhor Paulo Portas, não ponha a correr a ideia de que se o CDS não estivesse no Governo ainda seria pior. Não ponha porque não é verdade.

Quer que eu lhe diga o que é que o CDS está a fazer no meio daquela gente? Eu digo: está apenas a ser cúmplice da gente mais incompetente e ignorante que alguma vez se viu num governo, uma vergonha que ficará para a história.

Se estivesse de fora poderia juntar-se aos outros partidos e deitar abaixo este governo e aí, sim, estaria a contribuir para a salvação nacional.

Não pense em si, não pense na palavra ministro que, no seu caso, só tem servido para lhe dar cabo do curriculum. Pense em Portugal, Senhor Paulo Portas!

Há pouco ouvi Lobo Xavier na televisão, na Quadratura do Círculo. Está desvairado com este Governo de que diz as piores coisas. Ouvi Pacheco Pereira que, tal como Lobo Xavier, mostra o mais profundo desprezo por Passos Coelho e respectiva troupe. Não há quem seja intelectualmente honesto e tenha dois dedos de testa que apoie este Governo. Não há. Este Governo está cercado.

Vi a primeira página do Expresso na qual se diz que Paulo Portas está descontente e que pode romper a coligação. Tretas. Está, uma vez mais, a fazer de conta para ver se engana o eleitorado. Porque, se estivesse mesmo descontente e se fosse coerente, se tivesse respeito pelos eleitores, sairia. Não andaria por aí a fazer beicinho. Portar-se-ia como um homem. Bateria com a porta, viraria a mesa, denunciaria a incompetência de Passos Coelho. E defenderia os Portugueses. Defenderia Portugal.


**

Um post scriptum para referir a afirmação que envergonha a Assembleia da República de Teresa Leal Coelho. Disse a senhora aos deputados que apresentaram as moções de censura que quem lhes está a pagar os ordenados é a troika, dando a entender que, por isso, mais valia que estivessem caladinhos.



Teresa Leal Coelho uma senhora que, segundo ela, está a ser paga pela troika

Isto é de nos deixar em estado de estupor catatónico: então a senhora acha que os representantes do povo devem responder perante a troika? A senhora acha que os deputados deveriam estar na AR servis e calados para não afrontar os senhores que lhes pagam os ordenados?

Isto é o grau zero da política. Este PSD tem gente que não nasceu para isto. Andam os eleitores a votar para eleger gente desta, andam os eleitores a ser esmifrados por este Governo para pagar ordenados a gente desta. 

**

Calo-me já, que escrevi outra vez demais. Mas, mesmo assim, permito-me ainda convidar-vos a visitarem o meu Ginjal e Lisboa. Por lá o ambiente é sempre calmo. Hoje despeço-me de Corelli interpretado (imaginem!) no Porto, e as minhas palavras libertam-se das cinzas para voar em volta de um poema de José Luís Peixoto.

**

E já estamos no Dia da Implantação da República, a última vez que é feriado. Ou talvez não. Algo me diz que para o ano volta, de novo, a ser feriado. E para o ano talvez o Primeiro Ministre o festeje, um Primeiro Ministro democrata e republicano. E claro que não me estou a referir a Passos Coelho que, com um bocado de sorte, ficará lá por Bratislava com os amigos da coesão.

Tenham, meus Caros, um belo dia. E nada de baixar os braços!



13 comentários:

Pedro disse...

Bom Dia : Talvez não seja a Troika que paga os ordenados dos deputados mas é certamente a Troika que paga as pensões dos mais desfavorecidos. O que aconteceria se a maldita Troika se fosse embora ? Está bom de ver. Adoptaríamos nova moeda que rápidamente se iria desvallorizar e os pensionistas ficariam na mais completa miséria. Ficariam com mão cheia de escudos que nada valeriam. Por favor não procurem prejudicar mais os pensionistas, quem vive de magras reformas ou rendimentos EM EUROS. O país precisa de gente honesta, e não de demagogos que em bicos de pés prometem o paraiso mas só arrastariam portugal para o inferno. Deixem governar quem governa,por favor.

Anónimo disse...

A Troika deve pagar muito mal, tendo em conta a falta de tecido da saia da Senhora...

Anónimo disse...

Pedro disse:"Deixem governar quem governa?"
Essa é digna de "Pedro", do outro, aquele que desgoverna, que vai vender o país e meter-no a todos num buraco sem fundo...

Anónimo disse...

Olá UJM!
Cá estou de regresso a este excelente Blogue, que, mais uma vez, aborda questões de relevância e que seguimos com interesse e preocupação.
Subscrevo palavra a palavra o que aqui diz. Quanto ao “mal-estar” de Portas, sou da mesma opinião. Aquilo é tudo encenação. O homem pela-se por ser MNE, coisa que há muito ambicionava. Tivesse respeito por quem o elegeu (e de caminho por este país em escombros) não dizia o que disse á saída da AR, ontem. Já tinha apresentado a sua, digna, demissão e deixava estes “pantomineiros”, como Bernardino Soares designou o Gaspar no debate na AR, entregues a si mesmos, até que Belém, se houvesse coragem, os mandasse plantar urtigas!
Esteve bem a Oposição, como diz. Gostei igualmente de ver e ouvir os deputados do BE, do PCP e Assis. Já não gostei nada daquele arzinho a fingir-se insatisfeito e “crítico” do Tó Zé, outro rapaz que bem poderia ir juntar-se à plantação de urtigas. O PS terá, mais dia menos dia, de “recauchutar-se”, se quiser obter a confiança da maioria dos eleitores e contribuintes. Quanto a Teresa Leal Coelho, até nem de propósito partilha não só os desmandos do “chefe”, como o seu apelido. Aquilo são dois coelhos a precisarem de ser corridos para Marte (e por lá ficarem de vez!).
Há quem diga que depois do mal vem a bonança. Estou em crer que esta “sociedade liquidatária do País” não deverá continuar por muito mais tempo. E outra gente virá para repor a justiça social e criar condições para que possamos ter um desenvolvimento sustentável. Que crie riqueza, emprego e consumo. Haja esperança!
Quanto ao comentador Pedro, meu caro, permita-me um curto, mas respeitador contra-comentário: a continuar esta “selvajaria fiscal” este espatifar da economia e recursos do país, vai, um dia, ficar sem a sua reformazita, sem pão para a boca, sem dinheiro para medicamentos, sem nada no bloso a não ser cotão! E muito provavelmente ainda lhe irão cobrar por isso!
A ver se esta República tem futuro e emenda! E que para o ano, estes ignóbeis pantomineiros já sejam passado. E que o país seja entregue a gente de bem, que há por aí bastante!
Bom fim de semana alargado,
P.Rufino
PS: grato por me ter chamado á atenção para o tal Blogue (Causa Vossa). Li com interesse. Mas, o que sobretudo ali sobressai é a qualidade deste seu magnífico Blogue! Continue!

Anónimo disse...


Além de outras falencias, será que os Portugueses estão a entrar em falencia psicologica?
Ainda há quem se sinta bem governado? ou será este Sr Pedro, o passos coelho?

Um Jeito Manso disse...

Caro Pedro,

Se me permite o reparo: vai por aí alguma confusão. A troika, por assim dizer, empresta o dinheiro a melhor preço que os ditos mercados estavam a emprestar, quando fomos atacados pelos especuladores - empresta dinheiro e a uma taxa de juro muito razoável. Compare a taxa de juro a que se vai pagar o empréstimo à troika com as taxas de juro que sustentam a economia da Alemanha e verá como, mesmo assim, são cá muito mais elevadas do que lá. Não se engane, Caro Pedro, no mundo do dinheiro não há amigos.

As pensões dos mais desfavorecidos ou as dos outros não são pagas pela generosidade da troika mas, sim, são pagas pelos fundos de pensões, e são direitos dos pensionistas, pelos descontos que fizeram e são alimentadas mensalmente pela TSU.

O que está a acontecer é que as pensões dos reformados, como os subsídios dos desempregados e a vida, em geral, de toda a gente estão a ser ameaçados por uma política económica errada. Quando um país está em recessão, a última coisa que se deve fazer é 'secar' a economia, retirando-lhe liquidez. Ao fazê-lo, tal como este Governo está a fazer, a receita fiscal desce (apesar do valor individual dos que ainda conseguem pagar subir estupidamente) e o défice e a dívida agravam-se. E aí, sim, tudo está em risco.

O país precisa, tem toda a razão, de gente honesta, não de demagogos, precisa de gente competente e não de ignorantes - e, daí, ser tão urgente tirar Passos Coelho e restante grupo do Governo. A bem dos reformados, das crianças e de todos os portugueses.

Se me permite, Caro Pedro, pergunto-lhe: não será de fazer reset em relação à forma como está a ver a situação no país?

Um Jeito Manso disse...

Caro Anónimo,

Achei delicioso o seu comentário sobre a reduzida verba paga pela troika à deputada, a julgar pela reduzida saia.

Um Jeito Manso disse...

Caro Anónimo que se refere ao Leitor Pedro,

Nem mais, faço minhas as suas palavras.

Um Jeito Manso disse...

Caro P. Rufino,

Concordo com o que diz e divirto-me com o seu sentido de humor.

O Paulo Portas para se desculpabilizar perante o eleitorado, aparece naquela encenação, mas, de facto, se quisesse honrar os compromissos eleitorais e o partido a que pertence, saltava fora. Assim, sendo cúmplice daqueles desmandos amorais, bem pode aparecer a fungar, a fazer beicinho ou mostrar-se amuado que vai tudo dar ao mesmo.

Quem fez um belo discurso foi o António Costa. É um homem que olha de frente, enche o peito de ar e diz o que tem a dizer, sem meias palavras.

Mas olhe que o Tozé me anda a surpreender pela positiva. Anda a mexer-se pela Europa e a mexer-se bem.

Este governo está cercado por todos os lados, li a entrevista do António Capucho e é demolidora. A semana passada o Marcelo também destruíu o que resta de Passos Coelho. Aquilo está por um fio.

E seja por governo presidencial ou uma solução com algum apoio parlamentar, o papel do PS nos próximos tempos deve ser crucial. Vamos ver o que vai acontecer mas acredito que algo vai acontecer aí um dia destes.

E, claro, muito obrigada pelas suas palavras.

Bom domingo, P. Rufino!

Um Jeito Manso disse...

Olá Caro Anónimo que referiu as falências,

Pergunta se ainda haverá alguém que ainda se sinta bem governado.

Eu acho que sim. Em primeiro lugar o Pedro, como refere, o Passos Coelho que deve achar que está a ser bem governado pelo Gaspar, Moedas e Borges.

Depois a D. Laura que acredito que o marido está a fazer um bom trabalho.

Talvez e senhora que lava a escada do prédio de Massamá onde mora o Pedro, marido da D.Laura, e capaz de achar que ele é simpático.

Não me ocorre mais ninguém.

Diogo disse...

Bom Dia,

Procurava reacções sobre a atitude de Passos e Relvas face à interpelação de Honório Novo a Portas no debate das moções de censura, e encontrei o vosso blogue. Achei bem interessantes a entrada e os comentários.

No entanto, penso que exageraram na ironia. Desde já adianto que votei CDS nas últimas eleições e não me arrependo, embora estes desenvolvimentos me decepcionem.

Concordo genericamente com as críticas ultimamente feitas ao governo. Apesar disso, tentemos analisar as coisas friamente, sem partidarismos e pensando em Portugal.

Não gostando do que disse a deputada do PSD, a dura realidade é que os empréstimos da Troika servem para pagar os deputados, bem como os outros encargos do Estado. Portugal tem vivido há muito tempo do crédito externo e não podia suportar os juros anteriores à chegada da malfadada Troika.

Governar Portugal em situação frágil e sob intervenção externa é dificílimo. Ser parceiro menor numa coligação, igualmente, e ainda mais neste caso. Se fica, é responsável pelo 'desgoverno'; se sai, é culpado pela 'tragédia'.
Por mau que seja este governo, não acredito que o PS fizesse melhor. PCP e BE muito menos.

Sim, Portas é teatral. Não é o único. Infelizmente, a política e os políticos são (muito) teatrais. Sim, Portas adora ser MNE! Mas acredito que também pensa em Portugal e em quem o elegeu.

Os acontecimentos que desencadearam esta 'crise' têm um mês, apenas. Começaram com o anúncio do PM sobre a TSU e continuaram com este pré-anúncio do violento OE.
Se o CDS saísse já de rompante, não estaria a defender Portugal. Agudizar imediatamente a situação não nos ajudaria. Precisamos de um orçamento, e é melhor tentar melhorá-lo já, dentro do governo, do que apenas criticar de fora como (sempre) fazem BE e PCP.

Se as coisas não se alterarem suficientemente, então sim, o CDS deve sair. Eleições agora é o que Portugal menos precisa. Concordo que a solução seria o PSD seguir sozinho, com os necessários acordos parlamentares de PS e/ou CDS. Ou ainda, o tal governo de iniciativa presidencial. Goste-se ou não, são soluções democráticas e constitucionalmente previstas.

Penso que, neste momento, Portas pondera tudo isto. Não há lugar para precipitações emocionais. Não me repugna, até, que tente manter as coisas durante a vigência do memorando, embora me pareça quase impossível.

De resto, não vejo alternativa imediata à Troika. Mas há que tentar, por todos os meios negociais, melhorar o memorando e respectivo programa de ajustamento.

Só mais uma nota, sobre António Costa. Pode ter dito o que agrada ao ouvido, mas também o vejo como muito teatral e 'cardinalício'. Tem seguido sempre o caminho mais fácil, sem nunca dar o corpo às balas.

Um Jeito Manso disse...

Caro Diogo,

Em primeiro lugar gostei de ler o que escreveu. Está bem escrito, lê-se com gosto. Sinto nas suas palavras um desânimo que não consegue disfarçar. Sinto que está a tentar desculpar a actuação de Paulo Portas mas as suas palavras deixam transparecer algum desconsolo.

Eu nunca votei nas legislativas nem no PCP nem no BE. Esquerdista é coisa que não sou. No entanto, neste momento a minha opinião está mais próxima de algumas afirmações do Louçã que de qualquer outro, nomeadamente quando ele refere que não é possível pagar este serviço da dívida.

Caro Diogo, a política é muito mais do que economia mas é também economia. Mas tem que ser uma Economia em sentido abrangente, não apenas uma parcela da Economia, nomeadamente as finanças. O que está a acontecer com este governo é que, sendo tudo gente impreparadíssima, sem um pensamento consistentes, deixaram-se levar pela conversa de académicos e teóricos. Vítor Gaspar olha apenas para as finanças e os outros, acriticamente, seguem-no sem perceberem que finanças, só finanças, é coisa que não existe.

Esta política que se restringe às finanças revela uma ignorância até inusual no mundo civilizado. Ao pretender que toda a política se restrinja ao controlo do défice e ao regresso aos mercados, este governo está a destruir a economia. Ora não havendo economia, toda a malha social entra em rotura. E as finanças, uma vez que apenas são saudáveis, quando a economia funciona, entram também em falência.

A política seguida por este governo é um desastre.

Junte-se a isto a amoralidade que leva a que tudo o que é empresa estratégica seja passada a patacos, mesmo que passe a pertencer a empresas estatais de estados pouco democráticos ou a sujeitos cujo dinheiro cresceu depressa demais.

Tudo isto é anti-patriótico, irreversivelmente anti-patriótico.

A estabilidade é um bem em si mas não quando leva à destruição de um país. O patriotismo e o sentido de humanismo deve falar sempre mais alto.

(...continua abaixo - não são permitidos comentários muito grandes pelo que tenho que o partir)

Um Jeito Manso disse...

Caro Diogo, (continuação)

(...)

Aliás, de me permite, se o CDS preza tanto a estabilidade, porque votou contra o PEC IV e contribuíu para derrubar o governo anterior ?

E já viu o que veio a seguir?

E porque acha que se Paulo Portas bater com a Portas o país fica pior?

Claro que não. O País só terá a agradecer a quem deitar este governo abaixo pois nunca se viu um governo tão servil em relação a interesses alheios aos da população em geral como este, nem nunca se viu um governo com o poder de destruição rápida que este tem. É assustador.

Um governo de gente experiente, gente que já não precisa do poder para nada, pega nas rédeas da governação em três tempos, se necessário for e, de certeza, faz melhor papel que o desgraçado papel que Passos Coelho e C&a andam a fazer.

Uma coisa é certa, matematicamente certa. Não há como pagar esta dívida nas actuais circunstâncias. Poderia aqui fazer uns cálculos que o demonstrariam. E isto não é ideologia, é aritmética simples. Quanto mais tempo se persistir nesta falácia (a de que é possível pagar a dívida nas actuais circunstancias) mais ela cresce.

É indispensável renegociá-la: maturidades, taxas de juro, etc. Urgentíssimo, isto.

Tem que se deixar a economia respirar sob pena de Portugal entrar definitivamente em bancarrota.

Aumentar impostos num período recessivo é o maior disparate que se pode fazer e só gente sem dois dedos de cabeça o consegue defender.

Aumentar impostos numa altura destas, seca a economia (numa altura em que a liquidez é indispensável).

As instâncias internacionais tais como a troika perceberão isto, desde que tenham pela frente gente que o defenda. O absurdo é que a troika tem pela frente gente incompetente que pede o contrário.

Por isso, Caro Diogo, lamento mas acho que está a ver o filme ao contrário.

Paulo Portas e o CDS, a manterem-se ligados a isto, ficarão para a história como um grupo de cúmplices de Passos Coelho na destruição de Portugal. O País não lhes perdoará.

Já agora, para finalizar: fala como se este blogue fosse da autoria de mais do que uma pessoa. Mas não: é só meu, uma assalariada, mãe de família, uma portuguesa orgulhosa e com vontade de ajudar a construir um país decente para os filhos e para os netos (construir e não destruir).

Espero que perceba pelas minhas palavras que gostei da sua visita e das suas palavras e muito gostaria de poder continuar a contar com as suas visitas.

Obrigada!