terça-feira, setembro 18, 2012

Lídia, a mulher muito triste, passa a noite no hospital


Música, por favor, para acompanhar Lídia



[Do filme The end of the Affair, da autoria de Michael Nyman - Love Doesn't End ]



O carro patrulha levou-a até ao hospital. Confusa, cansada, chorava sem conseguir dizer nada que se percebesse. Falava no emprego, no chefe, falava na mãe, nas gotas que tinha dado à mãe, chorava, não sabia dizer nada de concreto.

Puseram-na a soro, deram-lhe um ansiolítico, e ali ficou numa maca. Adormeceu de imediato.

Quando acordou, lembrou-se que tinha sonhado de novo com um cão, que estava deitada abraçada a um cão, que vinha dele um calor bom, um calor quase humano a que não estava habituada. 




Mas, de repente, percebeu que não estava em casa e sobressaltou-se, tentou gritar mas não tinha força, e foi quase num murmúrio que gritou por alguém, acudam, acudam, a minha mãe, a minha mãe, valha-me Deus, a minha mãe. Mas quase não se ouvia, era apenas uma lamúria.

Passado um bocado alguém passou e viu que estava a acordar. Foi vista de novo, agora por um outro médico, mas Lídia estava numa aflição, a voz presa na garganta e, sem força, gemia, deixei a minha mãe sozinha, meu deus, não fui trabalhar, meu deus, a minha mãe. Depois, mais tarde, uma assistente social veio ter com ela, levou-a por um braço para um pequeno gabinete. Mas Lídia, quase sem lágrimas, assustada, aflita, muito cansada, tenho que ir para casa já, deixem-me sair, por favor e já era uma súplica, embora quase silenciosa. Depois lembrou-se que não tinha dinheiro, e então rompeu num choro brando, envergonhado. Meu deus que é isto que me está a acontecer?

Achavam que não estava em condições de sair dali sozinha mas a aflição dela era tanta que a deixaram ir e marcaram duas consultas, escrevendo os nomes dos médicos e as datas numa pequena ficha que meteram na sua mala, tratando-a como se trata uma velha demente, olhe que não se pode esquecer, ouviu? Reparou que lhe pusemos um papelinho na mala com as datas? Não perca, veja lá. Olhe, qualquer coisa volte cá, ouviu? Olhe, vamos pôr na mala também a receita, depois vá aviar e comece a tratar-se, ouviu? O que a senhora teve é aquilo a que se costuma chamar um esgotamento. Tem que se tratar a sério. Percebeu? Percebeu que tem que se tratar? E que tem que cá voltar? Vá, vá lá, as melhoras e tenha calma. 

Tão atenciosos mas ela tão aflita. Não ouvia nada, só queria sair dali a correr. Mas não conseguia, estava aérea, cansada, estranha. A assistente social levou-a até à porta e fez sinal a um taxista. Ele aproximou-se e ela, habituada a estas situações, combinou, olhe, a senhora quando chegar a casa vai buscar o dinheiro para lhe pagar, está bem? O taxista disse que sim. A assistente social disse ainda umas palavrinhas ao taxista que assentiu, compreensivo.

Quando Lídia estava a entrar para o táxi, um homem que não conhecia dirigiu-se a ela. Então como está? A assistente social ficou à espera. Lídia olhou-o confusa, não percebia quem era o homem, o que queria. O homem perguntou-lhe? Então, não me está a conhecer? Não estava.  O rosto num esgar de aflição, quase sem conseguir falar, com muito esforço, conseguiu responder, não, não sei quem é mas estou com pressa, a minha mãe está sozinha, não sei se está bem. O homem percebeu a aflição e disse, sou um dos agentes que ontem à noite a encontrou e a trouxe aqui. Liguei para cá de noite e disseram-me que ficava cá até de manhã, em observação. Como estou no turno que entra às 4 da tarde, resolvi vir cá ver se está tudo bem. Tirou do bolso a identificação. Lídia ouviu sem atenção, aflita, com pressa, assustada como sempre. O homem ofereceu-se para a acompanhar. A assistente disse que era melhor. O agente disse que podia levá-la no carro dele. A assistente perguntou a Lídia se queria. Como ela não fosse capaz de decidir nada, foi a assistente social que resolveu, então, se não se importa, talvez seja melhor, pode ser que seja preciso mais qualquer coisa e, assim, o senhor, se não se importa, estando perto dela, pode ajudar. Encaminharam-na para o carro do homem, ajudaram-na a pôr o cinto de segurança. A assistente social estendeu-lhe um papel com a morada e disse, era o papel que eu ia dar ao taxista, encontrámos a morada nos documentos que a senhora tinha na carteira.

O carro arrancou e Lídia, aos poucos, foi sentindo uma espécie de alívio. Finalmente alguém que a acompanhava, alguém que a levava de carro a casa, alguém disposto a ajudar. Olhou pela janela do carro. As lágrimas corriam-lhe pelo rosto mas agora havia nela uma estranha tranquilidade. Estava num carro com um desconhecido depois de uma noite passada num hospital e, no entanto, parecia-lhe que nunca estivera tão protegida como naquele momento.

Depois reparou que o homem falava. Lídia não lhe tinha prestado atenção, não sabia se ele tinha começado a falar naquele instante ou se já estava a falar há muito tempo. A voz do homem era muito tranquila. Olhou para ele. Talvez fosse dos calmantes ou de tudo o que se tinha passado, sentia-se a pairar, atordoada, tudo à sua volta lhe parecia distante, vago.

Chamo-me Paulo, dizia ele. Ela não disse nada, olhava-o com olhar vazio. Não saberia dizer como era o seu olhar compassivo ou a boca que quase parecia sorrir.




Estamos quase a chegar. Quer que entre consigo? Ela ouviu a pergunta mas não sabia o que responder. Pensou que a mãe podia estar morta e que ele a podia ajudar e, ao pensar isso, reparou que a ansiedade que sempre a tomava quando pensava nisso, parecia muito distante. Depois pensou que não conhecia o homem, podia ser um ladrão, ou que as vizinhas podiam pensar coisas ao verem-na a chegar de manhã com um homem. No entanto, não disse nada, não conseguia arranjar as palavras certas nem tinha força para as procurar.

Passado um pouco, o carro parou, o homem saíu, depois veio abrir-lhe a porta. Teve que a ajudar a soltar o cinto de segurança, ela estava sem acção. O homem acompanhou-a. 

Subiram até ao segundo andar. Depois Lídia não descobria a chave, estava cansada, apetecia-lhe desistir de procurar mas o homem ajudou-a, abriu-lhe a porta; e, apesar dela não o ter autorizado, entrou depois dela.

Lídia, lentamente, dirigiu-se ao quarto da mãe. Num primeiro instante, sentiu um sobressalto. A mãe estava destapada, de olhos abertos, imóvel, descarnada. 




Está morta. Alguém a amortalhou, pensou, mas estava estranhamente calma. Foram as gotas. Matei-a. Mas não sentia emoção alguma. De pé, imóvel, sem reacção, Lídia olhava a mãe. 

Olhou pela janela. Acabou-se tudo, pensou. Vou-me entregar. E sentia um grande alívio, é o fim, vou descansar, quem me dera morrer também, e quase lhe apetecia deitar-se ao lado da mãe, começar já a morrer devagarinho, ou simplesmente dormir.

Quando voltou a olhar a mãe, viu que esta pestanejava. Com a mesma indiferença pensou, está viva, ainda bem.

Muito cansada, respirou fundo e deixou-se ficar ali, de pé, parada, a olhar a mãe que olhava para um ponto fixo na parede. Lídia sentia-se suspensa no tempo, um tempo indefinido e longínquo.

O homem estava junto dela, em silêncio.


**

As pinturas são ainda de Lucian Freud. Acho que ainda não disse que a mulher de idade era a sua mãe.

Quem quiser ler esta história desde o início poderá pesquisar aí do lado direito do écran a etiqueta 'Lídia - uma mulher muito triste'.

**

Uma vez mais chego ao fim com vontade de vos pedir desculpa pela tristeza desta história. As minhas histórias não costumavam ser nada assim, não sei porque é que agora me está a dar para isto. Mas, enfim, isto acaba não tarda nada, que eu não sou dada a tristezas. Ou fica já por aqui, ainda não sei.

Seja como for, que este espírito não vos contagie. Tenham, meus Caros Leitores, uma bela terça feira!

14 comentários:

Maria disse...

Amiga:
Por todas as Lídias deste mundo acabe a história.
Talvez vá acabar mal, mesmo assim deve acabá-la.
É uma história que acontece todos os dias.
Quem sabe, algumas pessoas passem a olhar com atenção, as mulheres que lhes passam ao lado, sós, angustiadas, esgotadas.
Quanta tristeza nestas vidas!
Abraço grande
Mary

MCP disse...

Amiga UJM,
Interessantissima esta sua história, é triste e diferente das que nos costuma contar, mas esta também é a realidade de muitas mulheres do nosso país...
Como diz a nossa amiga Mary, por favor dê continuidade ao desenrolar da vida de Lídia e mostre-nos como tudo vai terminar (ou não!!!) para esta mulher.
Um abraço
MCP

Pôr do Sol disse...

Querida Jeitinho,

Embora pareça uma historia mais comum do que seria para desejar, temo pelo seu desenlace. Mas está nas suas mãos, e porque Lidia merece, dar-lhe um final feliz.

Estamos todos necessitados de finais felizes. De acreditarmos que muitos Paulos nas suas profissões ajudarão as mães de todas as Lidias a partirem com o conforto, companhia e carinho que a sua dependencia requer, viveremos melhor.

Ocorreu-me um final,( ou um começo, visto que Lidia ainda não viveu), mas face ao seu talento, aguardo com curiosidade.

Hoje para que não haja muitas Lidias esgotadas e mães a morrerem sós, percisamos de lares e hospitais de rectaguarda acessiveis.

Um beijinho



jrd disse...

Um Jeito manso,
Toca-nos mesmo e muito. Este um quotidiano que o país interiorizou e, pior, banalizou.
Repito o meu comentário do primeiro poste da história, apenas retiro o "sharp".
Abraço

Um Jeito Manso disse...

Olá Mary,

A questão é que eu quando escrevo estas minhas histórias, parece que as personagens tomam conta de mim. Quando era Eva, acabava de escrever empolgada, só me apetecendo continuar a sedução, a malandrice, os jogos de espelhos. Mas agora acabo arrasada. Pode parecer uma parvoíce ou pode parecer que estou a inventar isto mas é a verdade. Acabo de escrever e estou cansada, esvaída, muito triste, sem ver saída para um problema destes, parecendo que estou anulada. Acabo sempre a pensar: mas se eu estou assim, se calhar quem me lê também fica com uma aflição no peito...

Mas eu sei que há tantas pessoas assim, que até quase escondem a situação que vivem e que não saem, não vão de férias, quase não podem sair de casa, em que o dinheiro vai quase todo para medicamentos, fraldas, que também tenho muita vontade de dar voz a esta mulher que parece que entrou dentro de mim.

Não sei.

Faço sempre o teste com o meu marido. Não é de muitas palavras, mas é directo e exigente. Acho que prefere quando eu escrevo sobre política mas, em geral, lê tudo.


Hoje perguntei-lhe:

Gostaste? - 'Não é muito o género de coisas que mais gosto de ler, mas gostei'.

E não desististe a meio? .- 'Não, li tudo'.

Menos mal.

Escrevo como as coisas me aparecem mas também receio que soe como um dramalhão, uma coisa chata de ler, que, quem me lê, ache que eu estou a exagerar. Portanto, se ele não me disse isso, é porque soa credível.

Obrigada pelo seu incentivo, Mary, fico com vontade de não me impedir de escrever sobre Lídia.

Um beijinho, Mary.

Um Jeito Manso disse...

Olá MCP, boa noite (ou bom dia, consoante a hora),

Como escrevi acima, na resposta à Mary, fico um bocado esgotada do ponto de vista emocional, dou por mim a pensar em que solução há para um problema destes, uma solução que assegure o melhor possível à pessoa de idade que está dependente e, ao mesmo tempo, que não escravize e não anule a vida de quem se ocupa do seu tratamento.

Não sei bem. Acho que passa por arranjar ajuda mas quem tenha que pagar para ter ajuda e não tenha muito dinheiro, ver-se-á sempre no maior aperto e preocupação.

Esta história que me surgiu sei lá eu como, tem-me um bocado 'agarrada', apetece-me escrever mas, por outro lado, não é o meu género escrever sobre temas que deixam todos (a mim que escrevo e a vocês que me lêem) com uma certa angústia.

No entanto, pode ser que quem esteja na mesma situação se sinta acompanhado, compreendido. Não sei.

Vamos ver.

Além disso isto apareceu-me numa altura em que a política anda efervescente...

Agradeço as suas palavras e a sua presença aí desse lado. Isso é importante para mim.

Um abraço, MCP.

Um Jeito Manso disse...

Olá Pôr do Sol,

É verdade, tem que haver mais estruturas de apoio. Sei por pesquisa feita por mim para um familiar muito próximo que não há centros de dia para pessoas dependentes. As pessoas dependentes ou estão em lares, internadas, ou estão em casa. Os lares ou são caríssimos ou, se não são (e são sempre caros), são muito fraquinhos.

São situações muito complicadas. Se houvesse instituições que recebessem durante o dia as pessoas que têm alguma dependência, as fossem buscar de manhã e levar ao fim do dia, seria uma grande ajuda para quem toma conta deles e trabalha. Também seria bom que estas instituições recebessem pessoas assim em estadias de curta duração (máximo de 15 dias, por exemplo) por forma a permitir que as pessoas que tomam conta delas pudessem tirar uns diazitos de férias ou de descanso. Mas não há nada disto.

Claro que residências assistidas que permitem isto mas as diárias são incomportáveis para rendimentos normais.

É um drama, de facto. E só quem vive isto é que percebe.

Pôr do Sol, sei que ninguém quer filmes tristes e sabe que eu puxo sempre para a festa. Mas, quando escrevo, as coisas seguem o seu rumo e eu limito-me a dar voz (e só espero que, ao ler isto, não pense que eu sou mesmo pírulas ou que me estou a armar em escritora a sério...)

Vamos ver que seguimento dou. Talvez atalhe para não me meter em mais desgraças. Não sei.

PS: Hoje em Belém, estava lá uma senhora muito simpática que queria brincar com o meu mais crescidinho. Ainda pensei que podia ser a Pôr do Sol mas depois lembrei-me que no verão usa rabo-de-cavalo o que significa que tem cabelo comprido e aquela senhora amorosa tinha-o mais curto. Por isso, não me apresentei. Fica para outro dia.

Um beijinho, Sol Nascente!

Maria disse...

Amiga:
Não a quero ver triste, mas acho que a "Lídia" merece continuação.
É preciso mostrar o lado mau da vida das mulheres. É uma maneira de lutar por elas.
Pobres Lidias de quem tão pouco se sabe!
Abraço amigo
Mary

Um Jeito Manso disse...

Olá jrd,

Conheço de perto a realidade que aqui ficciono. E conheço de perto (e remotamente) outros casos como este.

Isto das gotas para dormir passou-se mesmo com uma colega minha que passava suplícios com as noites da mãe. Ela passava o dia inteiro estafada, esgotada e já com medo do que ia ser a noite. Uma vez, arrasada, já sem saber o que fazer, deu gotas a mais do que a conta.

No dia seguinte, quando saíu de casa a mãe ainda dormia. Foi trabalhar aflita. Toda a manhã ligou para casa e nada. Às tantas meteu-se num táxi, apavorada, e foi a casa. A mãe ainda dormia. Aflitíssima lá conseguiu acordá-la. Quando foi trabalhar vinha ela quase morta. Tinha apanhado um susto terrível.

Quanto ao que disse, e penso que se referia ao guião, eu acho que ia adorar até porque, quando uma história me nasce, eu vou atrás dela com muita curiosidade.

Mas estou muito afastada desse mundo e nem sei como poderia dar corpo a uma coisa assim ou para que serviria. Mas gostaria muito. Acho que um dia destes ainda começo a pensar mesmo em escrever qualquer coisa. Tenho que arranjar um agente pois é capaz de ser por aí que se começa (não faço ideia).

Estou a dizer isto meio a sério, meio a brincar. A sério, porque gosto muito de escrever; a brincar, porque meio mundo escreve e a maioria são só tretas sem qualquer qualidade. E claro que não quero que me aconteça um equívoco desses, achar que tenho algum jeitinho e só escrever banalidades sem qualquer qualidade.

Seja como for, sabendo-o exigente, agradam-me as suas palavras.

Muito obrigada.

Um abraço, jrd.

Um Jeito Manso disse...

Mary,

Já sabe pelas vezes anteriores que eu, quando puxam por mim, fico logo com mais vontade de escrever.

Hoje estou aqui sem saber se fale do Seguro, se fale da Maria Teresa Horta, essa mulher de fibra, se fale das parvoíces que o Moedas disse num encontro que aí houve... ou se me deixe disso e, mal por mal, fale de males silenciosos como os de Lídia.

Ai Mary, que me dá vontade de lhe fazer a vontade...

Um beijinho.

Maria Eduardo disse...

Olá,

Comecei a ler a história da "Lídia" e fiquei um pouco preocupada e aliviada ao mesmo tempo, pois finalmente
alguma coisa ia acontecer, pois o primeiro sinal de alerta, o "esgotamento" tinha ocorrido, mas por outro lado pensava na sorte da pobre Mãe, sozinha e dependente (Alzheimer) talvez... e sem me dar conta, os meus olhos ficaram rasos de lágrimas, quando de repente senti uma grande pressão nas minhas costas
e um grande abraço, duas patas brancas entrelaçaram o meu pescoço, e cobriram-me de beijinhos...era uma das minhas gatas queridas, que pressente quando algo não está bem, e vem proteger-me... e senti-me muito confortada!

Continuei a ler a história da Lídia e pensei, como ela devia de ter gostado de um abraço assim ternurento de um animal, quando lhe faltava o abraço humano,amigo, que tanto precisava!... Mas à medida que me entranhava na leitura
ficava ainda mais aliviada, pois a partir daquele momento ela estava a partilhar a sua realidade de vida, com um desconhecido, é certo, mas era um ser humano que lhe estava a estender a mão para a ajudar, sem ela pedir nada.
Um anjo da guarda talvez que tinha vindo em seu auxílio, naquele preciso momento ela não estava sozinha e pôde repartir com ele a angústia da dúvida e a alegria da certeza de encontrar a Mãe ainda com vida...
A partir daqui alguma coisa de diferente na vida da Lídia, vai acontecer...pelo menos já tem um anjo da guarda por perto...
Com a sua imaginação e talento vai certamente despertar mentalidades ainda adormecidas, para que passem a olhar para as pessoas com mais sensibilidade, porque atrás de uma cara triste pode esconder-se uma grande tragédia de vida, que pode ser suavizada se estiver por perto uma MÃO AMIGA,estendida, disposta a ajudar!
Força e continuação de boa história!

Um beijinho

P.S.
Não vem a propósito, mas só hoje reparei que não respondi à sua pergunta no comentário que deixou nas minhas criatividades. Quando lhe for possível,e queira dar um olhinho, está em http://asminhascriatividades.blogspot.com/2012/09/HTML
Obrigada pela visita.

Pôr do Sol disse...

Olá Jeitinho,

Pensando ainda na sua Lidia, deixe-me dizer-lhe que já é possivel ter a ajuda dos centros paroquiais que disponibilizam, pessoas especializadas, pelo menos uma vez por semana.

Não é muito, nem suficiente mas liberta o acompanhante do doente umas horas.

Não minimize o seu talento com uma modestia que não lhe fica bem.

Se só as escritoras muito a sério fossem editadas, não teríamos à venda livros, sem o minimo de qualidade, onde a lingua portuguesa é assassinada, que não dizem nada de novo, mas cujos autores exigem ser tratados como prémios Nobel.

Não é o seu caso, mesmo quando fala de banalidades.

Infelizmente não era eu que em Belem tentava brincar com o seu pequenito.

Hoje e até 6ª.feira andarei nas minhas revisões periodicas e o meu rabo de cavalo, não chegou aos dez centimetros, eu bem tento mas já me cançava.

Um beijinho e até amanhã.

Um Jeito Manso disse...

Olá Maria Eduardo,

Esta Lídia anda a levar-me para caminhos que, quando escrevo, não costumo percorrer.

Acabei agora de escrever um novo texto e, como nos outros dias, acabo a sentir-me um bocado inquieta.

Em quantas casas perto de nós vivem pessoas assim, com idosos dependentes, que levam à exaustão quem trata deles? Eu sei de muitos casos. Quem trata de pessoas assim fica muitas vezes saturado mas não consegue encontrar alternativa porque acha que mais ninguém tratará tão bem a sua mãe ou o seu pai.

E quem trata de uma pessoa assim acamada ou demente, e não tem mais família, fica isolado, muito só, muito infeliz, sentindo-se ou em falta ou vítima - nunca feliz. E esta mulher, Lídia, é assim. E eu, ao escrever isto, é assim que me sinto também.

Sim, a Maria Eduardo tem aí as suas gatinhas que lhe fazem companhia e lhe dão mimo. Mas quem não tem quem lhe faça um afago, que solidão tão triste. Acho que por isso ponho a Lídia a sonhar que tem um cão. O afecto de um animal é um afecto muito puro. Mas uma pessoa que tenha a responsabilidade de ter um idoso doente a seu cargo terá ainda forças para tomar conta também de um animal? Não sei.

Já lá vi a sua resposta, obrigada. Os seus registos são lindos.

Um beijinho, Maria Eduardo e muito obrigada pelas suas palavras.

Um Jeito Manso disse...

Olá Pôr do Sol,

Quando para duas pessoas da minha família (ambas com sequelas pós AVC) foram para casa, tentei as Misericórdias, as Juntas, e já não me lembro mais do quê e nunca tive sorte pois pediam documentos, recibos da água, recibos de vencimento, preenchimento de fichas e mais não sei o quê. Quando uma pessoa está a trabalhar e com um caso sério destes em casa, tem lá tempo para andar nestas vidas de burocracias. Mas lá o fiz. Depois que chamavam quando tivessem alguém disponível. Acho que quase nunca chamaram, já nem me lembro porque, até lá, tivémos, em ambos os casos, que arranjar outra solução.

Mas o meu caso não é exemplo porque há uma família com várias pessoas, algumas com disponibilidade e há rendimentos que dão para contratar algum apoio. Mas quem trabalhe, não tenha família, não tenha muitas posses... é que nem sei como é, imagino que seja mesmo um desespero. E é que é tudo muito caro!

Mas agora o que quero é dizer que desejo e confio - ou melhor, tenho a certeza! - que está tudo em ordem, tudo bem, que o que passou, passou, e serviu só para se sentir uma vencedora. De qualquer forma, tenho esta mania, já quando os meus filhos tinham exames queriam ouvir eu desejar, e portanto aqui fica: desejo muito boa sorte.

E vá para os seus exames a pensar que a prova está mais do que superada, tranquila, sem medos.

Depois dê notícias, está bem?

Um abraço dos grandes, Sol Nascente!