quarta-feira, maio 23, 2012

Miguel Relvas e a vida privada, Álvaro Santos Pereira e o coiso, Vítor Gaspar e os números ao lado, Passos Coelho e os desempregados e as inúmeras oportunidades. Stop. Mudança de cena. Stop. Agora coisas com interesse: Casimiro de Brito e 'Amar a Vida inteira'


Meus amigos, com as respostas aos comentários e com o que escrevi no Ginjal, estive até agora e já é quase 1 da manhã. Vou, portanto, tentar ser breve.

*
Música, por favor


Quim Barreiros e os Pêlos do Coelhinho

*


O Ministro de quem se fala, Miguel Relvas, aqui provavelmente
recebendo um clipping telefónico do seu amigo  maçon e ex-espião,
Jorge Silva Carvalho,
informaçõezinhas que, ao que parece e a ser verdade o que a direcção do Público diz e
que a ERC irá tentar apurar se é verdade, e segundo se comenta por todo o lado,
 são capazes de dar muito jeito quando quer intimidar alguém


Estava cheia de vontade de vir dizer que acho do além que um ministro ameace uma jornalista dizendo que vai publicar na internet dados da sua vida pessoal (onde os obteve ele?). Mas, tratando-se do nosso bem conhecido Miguel Relvas, essa distinta figura da nossa politiquice nacional, não me espanto.

*


Álvaro Santos Pereira, o ministro do Coiso, da Deseconomia e de outras 'coisas',
aqui a espremer uma borbulha enquanto pensa nos coisos


Estava também cheia de vontade de vir dizer que acho do além que o Ministro da Economia, do Emprego e mais não sei do quê, ao referir-se ao 'desemprego' não lhe ocorra a palavra e diga 'o coiso'. Mas tratando-se do nosso bem conhecido Álvaro, esse insigne ministro que tanto tem feito pelo rápido afundanço da economia e pelo descalabro no desemprego, não me espanto.

*


Vítor Gaspar, o ministro cuja carinha não engana e que até hoje ainda não acertou uma
(e que é o único que se espanta por serem todas ao lado), aqui num exercício de fala gestual,
provavelmente referindo-se ao coisinho


Estava também cheia de vontade de vir dizer que o Vítor Gaspar não acerta uma. Todas as estatísticas internacionais (como as da OCDE) e todos os relatórios (como os elaborados pelo Conselho das Finanças Públicas presidido pela insuspeita Teodora Cardoso) mostram que a trajectória que está a ser seguida pelo actual governo são um desastre, que é gente que não sabe sequer fazer projecções pelo que andam sistematicamente enganados e admirados pela desgraça que provocam. 


Passos Coelho e o seu Número 2, aqui, aparentemente,
um assoando-se à mão e o outro preparando-se para lhe  aplicar um justo  correctivo
ou, não sendo isso,
um fazendo um briefing a partir do clipping e outro fingindo que não ouve, tapando o nariz


Mas tratando-se do Governo do inteligente e sensível Passos Coelho que acha que estar desempregado é uma oportunidade (pois é: com tantas oportunidades que há, não é...?) e do governo de rapaziada como o Relvas e o Álvaro ou Gaspar, não me espanto.

E, portanto, assim sendo, não gasto a minha energia com gente que não me espanta e passo para temas mais interessantes.

**

Música, de novo, por favor

Banda sonora do filme O amante 
(baseado na obra homónima de Marguerite Duras)



Intercalando com fotografias tiradas na beira do Tejo e com Lisboa em pano de fundo, vou mostrar-vos três poemas de um livro que hoje adquiri e que é uma preciosidade. 'Amar a vida inteira' de Casimiro de Brito, que ele dedica assim: 'Para os meus filhos. Para as águas que me têm iluminado'. Não é uma dedicatória linda?

Acho que vêm mesmo a propósito depois do romance que começou entre Eva e Tomás.





Quem toca na espuma
mergulha no mar.
Assim comecei a amar-te.
Primeiro uma gota
invisível. Agora
no sexo que me abres
na saliva que me sacia
a terra toda e todos 
os seus rios.





Fui jovem nas danças quando nos teus braços
respirei, no doce vazio que me deixava 
entrar. E cantei. Não fales,
não digas nada se te resta algum segredo
na boca. Deixa-me ser triste,
a tristeza enrouquece-me e já não sei 
se o amor é possível ou já caído.
Fui jovem nas danças.
Não digas nada, se acaso te resta
algum sabor nas bocas mais íntimas
do corpo. Deixa-me respirar
a flor efémera que nada sabe
do seu mistério.




Deus
é o teu corpo
nu. Deusa
quando te dispo
e ajustas
ao meu corpo.
Mulher apenas:
água e vinho
quando te bebo e me
embriago.


***

E, por hoje, é isto. Espero que tenham gostado tanto como eu dos poemas. Acho-os belíssimos. 

E, por falar em poesia.... Bem hoje a coisa estava animada ali para os lados do meu Ginjal e as minhas palavras ajoelham e logo verão porquê em volta de um pouco inocente poema (vou já avisando...) de João Paulo Cotrim. A música é do melhor que há, a bella figlia dell' amore e continuamos, obviamente, com Verdi.

***

Tenham, Magníficos Leitores, uma bela quarta feira. E divirtam-se à grande, está bem?

6 comentários:

Maria disse...

Amiga:
Tenho vergonha, mas Miguel Relvas, frequentou o mesmo colégio do que eu, em Tomar. No melhor pano cai a nódoa.
Do mesmo colégio, com grande fama no nosso País, saíram grandes jornalistas, grandes homens e até, políticos honestos. Não vou citar nomes, mas isto é verdade.
Detesto o homem.
O coiso, digo, o Álvaro, pode limpar as mãos à parede, com a obra que tem feito.
Quanto ao Gaspar, só lhe perdoo, porque inspirou o Manel a fazer aquele boneco, que me faz rir nos piores momentos.
Muito bem acompanhados, pelo inefável Quim. Desculpe, mas não consigo ouvi-lo.
Vamos às fotos e à poesia. As fotos são lindas, como sempre. Gostei das poesias e da dedicatória.
Beijinho
Mary

Anónimo disse...

“Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és!” um velho ditado, sempre actual. Passos Coelho gosta e defende a companhia de Relvas (e outros) no Governo (assim como o CDS, que se colou ao PSD nesta saga do “Relvado”) e, nesse sentido percebemos quem é Passos (e o CDS).
Um outro velho "dizer", que costumava ouvir quando era jovem, era “se a minha avó tivesse rodas era um carro eléctrico!”, ou seja, num outro país que não este, onde se valorizam princípios, ética e valores – em Política – muito político já tinha ido á vida e há muito tempo. A saber: Cavaco, enquanto PR (só sobre o que dele se disse e escreveu, sem desmentidos solidamente probatórios do próprio, relativamente ás acções do BPN e as ditas “escutas” que o seu ex-assessor de imprensa, o Lima, que ele manteve em Belém, inventou, etc, etc), “Sócrates” (escrevo sempre o seu nome entre aspas pela consideração que me merece o velho Grego da Antiguidade Clássica – de quem se disse, à época, ter tido um relação “estreita” com a amante de Péricles, a bela Aspásia) e as suas inúmeras “confusões”, como o FreePort, a sua “licenciatura”, etc, agora o Relvas e as escutas à jornalista do Público, o próprio anedótico Silva Carvalho das Secretas (com ameaças fantasiosas no FaceBook, etc) e a lista é tão longa (com Autarcas à mistura) que não tem fim e obrigar-me-ia a estar a falar de gente que não gosto e que devia era estar em casa e a braços com a Justiça, se ela se praticasse como num qualquer outro Estado normal de Direito.
Quanto ao Ministro “Coiso”, não passa de um pobre coitado, que até imagino não vê a hora de se pisgar desta cegada de governo.
Já o Gaspar é como “o pior”, ou seja: “pior do que um cego é aquele que não quer ver”. Gaspar Gato insiste em ver o País com lentes de animação e assim olha para o desastre – a nossa situação económica – e vê “melhoras” onde devia ver “pioras”(mais desemprego, menos IRS, menos receita fiscal, apesar da carga ter aumentado, mais falências, menos IRC, menos PIB, menos consumo, mais retracção, eu sei lá!).
No meio disto ainda aparecem uns sujeitos a fazerem afirmações de assombrar, como o J.L Arnault do PSD a dizer que a Grécia era um país “inventado”, pois “pertencia ao império Otomano”!! Um tipo ouve não acredita! Será que o rapaz nunca ouviu falar “do berço da nossa Civilização”? E se a Grécia decide “mudar de ares radicalmente”, votando – democraticamente – no B.E lá da terra? Aceita-se a decisão popular, ou expulsa-se a rapaziada para o Olimpo?
E por fim, já que se fala de tristes figuras, por sinal todas masculinas, relevaria uma a notável prestação – feminina - da professora Maria do Carmo Vieira, que esta semana, no programa de Judite de Sousa com Medina Carreira, denunciou com muita coragem e solidez de argumentos, a situação - lastimável - em que se encontra, há já muito, o nosso Ensino (aquele exemplo sobre Pessoa deixa-nos arrepiado!).
Falando de “coisos” melhores: que belo dia se pôs!
P.Rufino

Pôr do Sol disse...

Ola Querida Jeitinho,

Por pouco perdia o melhor deste seu post, na ansia de fugir daquelas tristezas todas.

A minha memoria não é curta, e não me lembro de Portugal ter um governo tão inqualificavel.

Está tudo ao contrário, o adjunto do 1º.é quem governa e este defende-o no que não tem defesa possivel.

Reina a incompetencia, a desfacatez o oportunismo.

Uma tristeza até quando?

Obrigada pelas fotos e pelos poemas.

Vou até ao seu Ginjal, lá a politica é outra.

Um Jeito Manso disse...

Olá querida Mary,

Gostei da sua ironia fina. '...E até políticos honestos'. Boa.

Já me fez rir e eu já sentia falta dos seus remoques incisivos. Essa do 'o coiso, digo, o Álvaro' também é o máximo.

Quanto ao Gaspar prefiro mil vezes a cópia (leia-se, Manel Marques) do que o original.

Agora o Quim Barreiros. Como banda sonora do texto sobre os coisos, andei à procura duma coisa que ficasse a meio caminho entre a infantilidade, a piroseira e a 'rasquice'. Esta pareceu-me que correspondia...

As poesias deste livro do Casimiro de Brito são uma coisa... lindos mesmo.

Gostei também muito de ler o seu poema lá no seu canto. Estou mas é a ver que a Mary também tem uma arca cheia de poemas...

Um beijinho Mary (e para quando notícias dos patinhos? Qualquer dia já estão enormes...)

Um Jeito Manso disse...

Caro P. Rufino,

E tem razão, que belo dia se pôs. E já andei a passear à beira do rio, num fim de tarde com um sol a pôr-se com umas cores lindas. E não há massamates, relvices, gasparites ou coisadas que possam estragar momentos de maravilha como os que a natureza nos proporciona.

Agora, tirando isso, gostei imenso de ler o seu comentário e também me fez rir. Aquela então do coisinho que deve estar desejando de se pisgar desta cegada, é uma delícia.

Concordo, claro que concordo com o que diz.

A propósito de licenciaturas há uma que era boa ideia os jornalistas também deitarem um olhinho: a licenciatura de Relvas. Só a concluíu em 2007 na Lusófona, conciliando-a com uma sobreocupação nas outras tarefas em que estava envolvido. Claro que ele é um super-homem mas é obra ainda ter tempo para trabalhos de grupo, ir às aulas, estudar para os exames.

Adiante.

Também fiquei passada com essa tirada do Arnault. Não sabem. A questão é que não sabem. Mas é gente que não sabe que opina, legisla, decide.

Não consegui ver o programa todo a que se refere com a Prof. Maria do Carmo Vieira pelo que não ouvi essa parte.

Mas há bocado ouvi na televisão um jovem bom aluno e numa intervenção de meia dúzia de frases, não mais, deu vários pontapés na gramática. Eu acho que todos os jovens até ao fim das licenciaturas deveriam ter aulas de Português, Literatura Portuguesa e, também, filosofia. Um jovem licenciado deveria falar bem, conhecer e amar a língua portuguesa e, também, saber pensar e saber aceitar outras formas de ver a vida e o mundo.

Finalmente tenho que agradecer o comentário no seu conjunto, por ser tão completo e, também, tão educativo.

Quanto à Aspásia, que é um nome que rima bem com Amásia, cá vai mais uma para a lista d' 'As cocottes de P. Rufino'.

Obrigada... e que bela noite que ainda está

Um Jeito Manso disse...

Olá Querida Pôr do Sol,

Concordo. Este Governo tem gente que é uma caricatura de tão mauzinhos que são. No outro dia no Eixo do mal, a Clara Ferreira Alves dizia deles e, em especial, do primeiro ministro, que são uns palermas.

É que a coisa põe-se a esse nível, de tão inacreditavelmente maus e desajeitados são.

Cá para mim a coisa vai desagregar-se por si. O Relvas já anda a meter água por todo o lado, o coiso não dá uma para a caixa, o Gato Gaspar não acerta uma. E há mais, infelizmente. Como se diz cá em casa, um dia o Paulo Portas acorda mal disposto, farta-se de aturar esta 'cegada' (como diz o P. Rufino) e rompe a coligação e, então, acaba-se o carnaval. É bem capaz de isto acabar assim, dentro de algum tempo.

Valha-nos a bela poesia e a bela natureza e tudo o que é belo e nos eleva.

Um beijinho, Sol Nascente.