sábado, abril 21, 2012

As Idades de Mia Couto, A Criação de Michelangelo, A ballet way of live no Royal Ballet of Flanders, a Beatriz de Maria João e Mário Laginha, voando sobre o Tejo - alguns gostos que quero partilhar convosco



Em noite de sono, de um sono avassalador que não me dá tréguas (e já é 1 da manhã, agora que aqui estou a começar a escrever-vos), vou ter que me limitar a partilhar convosco alguns gostos pessoais e nem tenho energia para explicar porquê... Sorry...



1. Idades [de Mia Couto in idades cidades divindades]

                                                             No início,
                                                             eu queria um instante.
                                                             A flor.


                                                             Depois,
                                                             nem a eternidade me bastava.
                                                             E desejava a vertigem
                                                             do incêndio partilhado.
                                                             O fruto.


                                                             Agora,
                                                             quero apenas
                                                             o que havia antes de haver vida.
                                                             A semente.




2. A Criação - Miguel Angelo (Michelangelo Buonarotti, 1475 - 1564). Pintura no Tecto da Capela Sistina. A intemporalidade da arte, a beleza, a felicidade que vem da beleza.







3. Mesmo os que não apreciam ballet vão, de certezinha, gostar deste vídeo. A leveza, a perfeição, a elevação sublime, a suspensão irreal, são qualquer coisa de maravilhoso. Há um momento em que os corpos em voo fazem aproximar os braços, com as mãos quase a tocarem-se - o que me fez lembrar o fragmento da pintura de Michelangelo. Video promocional do Royal Ballet of Flanders. A ballet way of life.

  



4. E por elevação, por suspensão irreal: Maria João e Mário Laginha, maravilhosos, voando sobre o Tejo, e interpretando Beatriz (Edu Lobo e Chico Buarque)


«««»»»

Desculpem a escassez de palavras mas hoje é-me fisicamente impossível mais.

E tenham, meus Amigos, um sábado em grande estilo!

6 comentários:

A Matéria dos Livros disse...

Tanta beleza nos oferece hoje!

Mia Couto e Michelangelo já conhecidos, sempre bem lembrados. O Ballet não conhecia, aliás conheço mal a dança, mas emociona-me bastante, tal como o canto. São duas formas artísticas que elevam essas possibilidades de todos - a voz e o movimento -, criando expressividades inesperadas, tornando-nos, a nós e à vida melhores.
Maria João e Mário Laginha, tão criativos e, em tempos, um casal tão feliz na vida e na arte. O que é feito deles?

Tenha um bom sábado, com muito descanso!

Isabel disse...

Tudo lindo.
Coisas que gosto tanto: a poesia a pintura e a dança.
Há alguns meses tive oportunidade de ouvir aqui em Castelo Branco, no Cine-Teatro o Mário Laginha. Gostei muito.
Adorei o post.
Um bom sábado para si

Maria disse...

Amiga,
Mia Couto, com Mia Couto se paga:

Fui Sabendo de Mim

Fui sabendo de mim
por aquilo que perdia

pedaços que saíram de mim
com o mistério de serem poucos
e valerem só quando os perdia

fui ficando
por umbrais
aquém do passo
que nunca ousei

eu vi
a árvore morta
e soube que mentia

Mia Couto, in "Raiz de Orvalho e Outros Poemas"

Miguel Ângelo: Acho que já disse dele, o que penso.
Sob o tecto da Sistina, senti-me pó.
Gosto de Ballet. Gostei deste.
Maria João pode cantar onde quiser, até suspensa. Gostei de rever.
Estou hoje um pouco telegráfica. Depois conto.
Beijinho
Mary

Um Jeito Manso disse...

Olá Leitora de A Matéria dos Livros,

Eu também não sou entendida em dança, longe disso (aliás, cada vez mais acho que não sou entendida em coisa nenhuma). Mas gosto tanto de ver os corpos em extensão, em suspensão, fluindo como música, que tento ver, delicio-me a ver. Não gosto por aí além de bailados muito clássicos. Prefiro os que reflectem a imaginação livre dos coreógrafos e gosto de ver os bailarinos a superarem-se a si próprios, voando, voando.

Ao ver o bailado, ocorreu-me A Criação e, ao rever a Criação, o correu-me este poema que começa por falar do fruto e da flor para , no fim, ir até onde tudo começa, a semente, a génese da Criação.

(enfim, coisas que me ocorrem quando estou pedrada de sono, como estava ontem...)

Um bom fim de semana para si, Leitora in Miró mood...

Um Jeito Manso disse...

Isabel,

Poesia, pintura, música, dança - são coisas que me levam para longe. Sempre que estou farta de minudências, saturada, aborrecida ou simplesmente estourada (como estava ontem à noite) preciso de arejar a cabeça e voar para onde o ar é puro, leve, inspirador.

Também gosto muito do Mário Laginha. Vejo que em Castelo Branco há muita actividade cultural. Ainda bem. Gosto muito de Castelo Branco. Há uns meses dei um passeio e almocei aí.

Um bom fim de semana, Isabel!

Um Jeito Manso disse...

Mary,

Ainda teve tempo de aqui deixar um poema tão bonito do Mia Couto... Não conhecia e que bonito que é.

Quando vejo a pintura de Miguel Ângelo e penso que foi feita há centenas de anos, mantendo ainda aquela força que avassala, fico, nem sei, acho que pó também, acho que essa sua expressão retrata bem.

Acho que a ideia da Maria João e do Mário Laginha cantarem assim é fantástica.

Um bom fim de semana, com tudo a correr pelo melhor. Beijinhos!