Como poderão ver no piso baixo, acabei de falar dos meus tapetes ao sol, dos meus belos figos, alguns já maduros, e antes tinha falado do mi-nis-tro vi-tor gas-par das man-gas ma-i-o-res do que ele. Estava a querer evitar, era o que era, mas pronto: tem mesmo que ser.
Sob as mais diversas combinações, continuo a ter várias entradas no blogue, através da conjugação dos nomes de Ana Cristina Leonardo e Eduardo Pitta e, assim sendo, vou mesmo dizer o que penso sobre a polémica que por aí anda.
Sob as mais diversas combinações, continuo a ter várias entradas no blogue, através da conjugação dos nomes de Ana Cristina Leonardo e Eduardo Pitta e, assim sendo, vou mesmo dizer o que penso sobre a polémica que por aí anda.
Ana Cristina Leonardo, penso que alguns anitos atrás |
Escreveu Ana Cristina Leonardo no seu blogue, Meditação na Pastelaria, aqui e, de novo, aqui uma violenta crítica a escritos recentes de Eduardo Pitta.
Eu, na minha profissão, sempre tenho respeitado um princípio: a afirmação do mérito próprio deve atingir-se por si mesmo e nunca por atropelar ou pisar quem quer que seja. E isto aplica-se quando se quer vender um produto e serviço (em que tal não deve ser feito através de campanhas negativas contra um concorrente), quer dentro da própria empresa (em que o espírito de equipa deve prevalecer sobre a exposição individual).
Quem trabalha comigo sabe que não gosto de 'estrelas', de pessoas que gostam de brilhar sozinhas, que não gostam de ajudar os outros ou de dividir o mérito com os colegas. Os triunfos que se atingem assim são esporádicos, efémeros e, a prazo, a pessoa acaba desprezada, pouco estimada.
Claro que, tratando-se de duas pessoas que trabalham isoladas, e até (em boa verdade) em concorrência uma vez que escrevem para jornais distintos e são ambos cronistas e críticos literários, poderá dizer-se que o que acima referi não se aplica. Mas aplica.
Para nós, leitores, não nos interessa saber se são ou não concorrentes. Interessa-nos, sim, ler bons textos. E a polémica até pode ser salutar pois pode complementar pontos de vista e nós, leitores, lendo um, e depois outro, poderemos ficar com uma opiniao mais 'rica' e diversa. E a 'imagem' de um e de outro formar-se-á junto dos leitores através do produto da sua escrita, da clareza da sua exposição e, até, da sua argumentação, se em confronto.
Ora, para tudo isso, é escusado, mas escusado mesmo, que se use o acinte, o desdém, a humilhação.
A mim custa-me muito pensar que alguém, por vaidade, por impetuosidade ou por excesso de egocentrismo, num rasgo de auto-afirmação e total indiferença para com a dignidade alheia, provoque tristeza, vergonha, sofrimento, a outra pessoa.
Eduardo Pitta, o alvo da fúria de ACL |
O que conheço de Eduardo Pitta (à parte a sua poesia em livro) é o que leio no seu blogue Da literatura - e gosto.
É uma escrita directa, sempre em cima do acontecimento, com fotografias bem escolhidas - e é uma escrita que se lê muito bem. Os parágrafos são bem estruturados, a exposição é clara, o vocabulário não é pretensioso, é o adequado às circunstâncias e há espaço para respirarmos entre cada parágrafo. Os seus textos sobre obras literárias ou sobre escritores, como o mais recente sobre Karen Blixen (que li no blogue), são textos agradáveis de ler, que transmitem de forma directa a sua opinião sobre o que escreve. Sou leiga na matéria (como provavelmente a grande maioria dos leitores) e, por isso, não saberei detectar com cirúrgica precisão os 'pecados' que deixam a Ana Cristina Leonardo de cabeça perdida.
Pelo contrário, a escrita de Ana Cristina Leonardo (e refiro-me ao que leio no Expresso e no blogue Meditação na Pastelaria) é frequentemente uma escrita sôfrega; imagino que seja uma pessoa tumultuada na expressão das suas opiniões, deve ser de fortes paixões, as palavras galopam febris e mais céleres que a mão. A escrita deve ser veloz, como veloz deve ser o pensamento quando está tomado pela emoção. E, tomada que está pela emoção, nem pensa nos efeitos colaterais - imagino eu, que não a conheço. E, então, assistimos frequentemente a parágrafos que se quase se encavalitam uns nos outros, e parêntesis e novos parêntesis (porque as palavras lhe devem estalar na cabeça), um turbilhão que, por vezes, se torna cansativo e, neste caso, em que atirou a matar a Eduardo Pitta, se torna incómodo de ler.
Refere ela, nos inúmeros comentários que os seus posts suscitaram, que o que escreveu contra Pitta nao foi, de facto, contra Pitta mas, sim, a favor dos escritores que ela achou que tinham sido maltratados; diz que não foi, pois, vingança, não foi maldade, que, apenas, as análises de Eduardo Pitta são medíocres, nada à altura dos temas e dos autores sobre os quais escreve.
Mas, Ana Cristina Leonardo poderia tê-lo referido de uma forma elucidativa, clara e, em vez disso, lançou uma enorme poeira e um enorme ruído, distraindo-nos do seu pretenso objectivo, ao rebaixar de forma cruel uma pessoa que escreveu o que escreveu no exercício da sua profissão, profissão que, certamente, exerce da forma mais digna que sabe e pode.
Por isso, Ana Cristina Leonardo, se por acaso me ler, saiba que acho que lhe faltaram aqueles toques de humanidade, de empatia, de generosidade, que fazem com que as pessoas se afirmem por si, sem precisarem de passar por cima dos outros.
Gosto de ler o que escreve, é culta, tem sentido de humor, tem graça. Perceba, por favor, que não precisa de ser tão dramaticamente dura para aqueles que acha que são menos íntegros, menos dotados, menos cultos, menos preparados do que a Ana Cristina. A vida é tão cheia de curiosidades, sabe?, há gostos para tudo, nem sempre o que é óbvio para uns, o é para outros. Quem lhe garante que a sua análise dos seus autores dilectos é a mais adequada, quem lhe garante? Apenas uns quantos, Ana Cristina. E esses poucos não são quorum suficiente para lhe dar certezas tão absolutas.
E, olhe, não leve a mal isto que escrevi (como poderá ver no post abaixo, eu sou muito rural)
Gosto de ler o que escreve, é culta, tem sentido de humor, tem graça. Perceba, por favor, que não precisa de ser tão dramaticamente dura para aqueles que acha que são menos íntegros, menos dotados, menos cultos, menos preparados do que a Ana Cristina. A vida é tão cheia de curiosidades, sabe?, há gostos para tudo, nem sempre o que é óbvio para uns, o é para outros. Quem lhe garante que a sua análise dos seus autores dilectos é a mais adequada, quem lhe garante? Apenas uns quantos, Ana Cristina. E esses poucos não são quorum suficiente para lhe dar certezas tão absolutas.
E, olhe, não leve a mal isto que escrevi (como poderá ver no post abaixo, eu sou muito rural)
6 comentários:
jeito manso, só dois ou três esclarecimentos:
o mundo é feito de muitas singularidades, mas nem todas se equivalem. Cormac não é Patrícia Reis. O primeiro é um génio, a segunda uma senhora que escreve umas coisas que não são melhores do que as da Margarida Rebelo Pinto. Quando Eduardo Pitta escreve bem sobre Patrícia Reis e nem se dá ao trabalho de ler Cormac, a credibilidade intelectual do referido cai por terra.
A vaidade, para mim, é o pecado capital. Por isso, enganou-se nas motivações. A promoção da mediocridade chateia-me.
Por fim, esclareço que a foto que publicou não terá mais de uns 2, 3 anos. É verdade que saí bastante favorecida...
Quanto ao resto, sou democrata de alma e coração. Pode emitir as opiniões que quiser que eu cá sou pela liberdade de expressão.
Cara Ana Cristina Leonardo,
Obrigada por ter comentado o que escrevi. Revela, de facto, abertura de espírito e sentido de democracia.
Posso até perceber a sua irritação mas, por amor da santa!, será caso para passar por cima de quem lhe causou tanta irritação como uma máquina triturante?
Quanto à fotografia que escolhi e que pensei que era bem anterior à que agora figura no Expresso, se é assim tão recente, então permita que lhe diga que o cabelo como usava na altura a favorecia mais, ficava com ar de 'wild girl', muito condicente com os posts que escreveu contra o seu amigo Pitta.
Bom domingo!
(...) muito condicente com os posts que escreveu contra o seu amigo Pitta.
Um jeito manso, desculpe destruir-lhe os sonhos ecuménicos, mas eu não sou (nem nunca fui) amiga do Eduardo Pitta
Um bom fim de semana. Adoro a sua frontalidade.
Um abraço
anad
Cara Anad,
Muito obrigada. De facto, acho que sou frontal e esforço-me sempre muito para não o ser de forma brutal ou antipática. Tento ser construtiva e não magoar (embora às vezes não seja fácil, mas é isso que eu acho que deemos tentar).
Obrigada pelos votos de bom fim de semana: foi em grande, um pouco cansatio, mas óptimo.
Agora já vai no fim pelo que lhe desejo uma grande semana!
Um abraço.
Cara Ana Cristina Leonardo,
Fiquei preocupada com essa sua observação, respondendo-me a sério que não é nem nunca foi amiga de Eduardo Pitta.
Então, não percebeu que quando eu lhe dizia 'o seu amigo Pitta' estava a ironizar...?
Deve ser do calor, este verão está a ficar de ananazes.
Boa semana!
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