1. Não sei quem é que coordena o suplemento Atual, se é o Ricardo Costa ou não. Mas, seja quem for, aqui deixo uma recomendação. Deverá haver uma coordenação mínima entre quem lá escreve para evitar o que aconteceu na edição do último sábado em que, em três artigos, se lia a mesma coisa: como é que Vickie Lynn Hogan com um peito mínimo passou por várias identidades até chegar à malograda Anna Nicola Smith, com um peito que lhe deveria dar cabo das costas, como casou com um velhinho mais para lá do que para cá, como ficou sem nada, morrendo-lhe o filho, antes de morrer ela própria.
Escreveu Pedro Mexia, escreveu Jorge Calado por duas vezes.
Independentemente da qualidade da escrita e do interesse dos textos, à terceira vez a gente já acha maçador.
Escreveu Pedro Mexia, escreveu Jorge Calado por duas vezes.
Independentemente da qualidade da escrita e do interesse dos textos, à terceira vez a gente já acha maçador.
Anna Nicole: a figura excessiva e a vida excessiva foram-lhe de facto um fraco consolo
2. Por figuras excessivas, há um outro caso patético que atravessa os tempos presentes. John Galliano, filho de pai gibraltino e mãe espanhola, mudou-se aos 6 anos para Inglaterra onde completou o curso de Arte e Design com a melhor média, aluno que dava nas vistas de tão especial que era.
De uma criatividade exuberante, foi ascendendo no mundo da moda até ficar à frente da Givenchy e, depois, ser convidado a recuperar o prestígio da Dior. Os seus modelos sempre foram obras de arte, os seus desfiles memoráveis. As fotografias de moda, em que frequentemente participava - tal como participava nos desfiles - são fantásticas, inquestionável arte. Os desfiles art in motion.
De uma criatividade exuberante, foi ascendendo no mundo da moda até ficar à frente da Givenchy e, depois, ser convidado a recuperar o prestígio da Dior. Os seus modelos sempre foram obras de arte, os seus desfiles memoráveis. As fotografias de moda, em que frequentemente participava - tal como participava nos desfiles - são fantásticas, inquestionável arte. Os desfiles art in motion.
Inovador, de uma imaginação desbragada, relançou a Dior (mantendo, no entanto, a sua própria griffe).
A exigência, a competitividade, o pisar do risco, a exposição permanente, foram-no, contudo, levando para o lado negro da existência.
A exigência, a competitividade, o pisar do risco, a exposição permanente, foram-no, contudo, levando para o lado negro da existência.
Álcool, uma vida solitária e triste, jantares sozinho no Marais, noites de inquietação, e aí temos mais uma vítima do cruel mundo da moda. O resto é o que se sabe. Insultos anti-semitas, provocações verbais, ébrio, decadente. Acusado. A humilhação do vídeo a correr mundo, o despedimento. As imagens mostram-no agora trôpego, figura clownesca, desfigurado, sem glamour, triste. Triste, muito triste.
Tomara que a fénix renasça porque não há muitos mais que festejem a mulher como ele, com exuberância, uma feminilidade audaz, provocante, no limite. A moda com Galliano é uma invenção, uma arte excessiva e bela, muito bela. Convido-vos a verem o vídeo que coloquei abaixo. Não há mulher que não se imagine assim, cortesã, coquette, sedutora, tresloucada, transbordante de charme, de mistério, elegante, sofisticada, única, mulher absoluta, une femme absolument feminine.
3. Outra figura que se movimenta in the border line, Kate Moss (que, talvez não por acaso, vai ter o seu vestido de casamento desenhado por Galliano), deu também que falar por estes dias.
Desfilou para Louis Vuitton, encantando com aquele seu ar que é também um misto de decadência, provocação e sensualidade - mas a fumar. Escândalo.
Nesta era ecológica e anti-tabagista, eis que Kate Moss, com o seu andar de gata se apresenta, in the runway, de cigarro na mão, aspirando o fumo, expelindo-o despudoradamente.
Kate Moss não é definitivamente uma mulher mainstream. Drogas, desintoxicações e muitos amores. Uma mulher em erupção, flamejante, fumegante. Tomara se aguente.
4. Perceberão certamente porque me fico por estes temas: é que são muito mais interessantes do que a moção de ternura (como o jornalista dos grandes títulos do Independente, Paulo Portas, chamou à absurda moção de censura que os inteligentes do Bloco de Esquerda apresentaram).
Aqui na piolheira, em que há uma malta que não se governa, nem se deixa governar, os juros da dívida soberana sobem a níveis que não se conseguirão suportar, o desemprego assusta, a economia está exangue - e a classe dirigente brinca às partidinhas de carnaval, moçõezinhas parvalhonas, discursinhos irritantezinhos proferidos por meninos birrentos, histerias colectivas e aparvalhadas.
Ainda há uma coisa que havia dantes, bichas de rabiar? Assim parece esta gente.
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